Capítulo 16

80 5 0
                                    

Por vezes pergunto-me como certas coisas têm um empacto tão devastador nas nossas vidas e nas das pessoas que nos rodeiam...

Nunca fui o tipo de pessoa que pensa a longo prazo, e tão pouco revive o passado, mas desde que sofri aquele atentado, que tenho ponderado certas coisas.

Gostava um dia de viver um sonho do qual as personagens interagem umas com as outras de forma espontânea, sem gião nem ensaios... Que tudo fosse natural.

Um sonho do qual não existissem escolhas erradas ou certas, apenas um caminho mediante a personalidade da pessoa... Sim! Um sonho desses seria perfeito, pelo menos assim a vida teria algo de bom a ser acrescentada, e quem sabe um gosto bom para recordar?!

As investigações continuavam em segredo absoluto. Uma vez fomos apanhadas numa discoteca com identidades falsas e completamente bêbadas - para não falar que éramos menores aos olhos da lei - quando o agente nos levou para a esquadra, nós levamos um susto ao ver que o chefe dos policias  - que por acaso era o psi da Sasha - ele levou-nos para uma salinha e quando ninguém nos estava a ouvir nem a ver, ele desatou a rir ao ver o nosso ar. Claro que nos repreendeu, fez-nos jurar que da próxima vez não iríamos dar tanta bandeira e claro cumprir as normas da boa conduta e umas Tretas mais.

Devido a esse lamentável episodio - do qual fomos elibadas de tudo - os pais da Ash acharam melhor mantermos segredo total. Até contrataram um segurança para vigiar cada passo que damos - nós não o vemos, mas ele esta lá - o pai da Shay é comandante da força aeria, e disponibilizou toda a ajuda possível. Mas a verdade, é que é difícil de se investigar um atentado destes sem saber qual o motivo, e para quem se apontar.

Sai da tenda eram umas quatro e vinte e sete, sentia o meu abdómen doer, para não falar das costas e a cabeça que latejava de tantas perguntas que vagavam sem par.

Fui em direção dos balneários quando ouvi um barulho. Não liguei, mas depois notei uma sombra atrás de mim:

- Desculpa, não te quis assustar. - Ele estava com uma t-shir branca com um simbulo em preto e azul, uma jaqueta preta be um casado de ganga, umas calcas bem justas azuis e nos pés umas vans pretas e de lado pequenos desenhos de marijuana em verde e laranja, a barba estava rala e o cabelo desalinho.

- E quem te disse a ti que me assustaste? - Respondi com um tom irónico e revirei os olhos.

Como nenhum de nós mencionava voltar para as tendas, ficamos à conversa. Quando dei por ela, estávamos na margem do rio.

Acredito que tudo tenha uma razão de ser, mesmo que nós sejamos contra ela. Por mais que eu dê cotas à cabeça, não me conseguia imaginar ter um filho.... Ok, talvez esteja a especular demasiado, mas é uma realidade que me assombra. Talvez seja por ter medo da rejeição por parte da minha própria mãe, talvez seja o meu medo irracional de ser abandonada...

- Talvez...

- Talvez? - Shit, tenho de aprender a pensar só para dentro. Mania...

- Desculpa Ken, estava distraída. Estavas a dizer o que?

- Folgo em saber que continuas a mesma.

- Folgas? Foda-se Ken, mas tu és algum diplomata ou um desses boys com a mania da intelectualidade só para pitar alguma gaja?!

Ambos desatamos a rir desalmadamente. Não me lembro de alguma vez ter rido tanto na companhia do Ken. Sempre que estávamos juntos só estávamos sóbrios quando íamos para casa dos tios dele, e mesmo assim, só ficávamos coisa de dez a quinze minutos.
(...)

- Fez à duas semanas atrás três anos que nós nos conhecemos - diz ele olhando para o horizonte.

- Três anos... Realmente, tanto tempo a aturar-te...

- Qualquer coisa assim do género.

- É impressão minha ou andas a querer tirar-me protagonismo?

- São muitos anos a conviver contigo, alguma coisa tinha que reter - ele passa os dedos no meu cabelo e faz com que fique todo despenteado.

A conversa foi-se prolongando mais e mais até que chegou ao momento em que nenhum de nós dizia coisa com coisa - o que não é de admirar, eu perco-me sempre a meio das conversas e acabo por nunca perceber nada de nada.

A movimentação no parque já se notava, ainda não havia assim tantas pessoas acordadas, mas já era o suficiente para começar o dia.

- Vi-te a curtir bues o Yelow clam -  disse ele abrindo uma lata de fanta uva. Fanta?! Ok, definitivamente o Ken está diferente. Bem diferente.

- Ya...

-  Este ano vais entrar na universidade nao é?

- Sim... Mas nao era essa a tua pergunta. O que foi?

- Como assim?

- Estas com aquele ar de quem quer pedir algo...

- Nota-se assim tanto?

- Nós já fomos namorados... Eu conheço-te o suficiente Ken.

Ele esitou algumas vezes, sabia que queria dizer algo, mas estava com receio. E o pior é que eu sabia bem lá no fundo do que se tratava:

- Sabes que podes perguntar-me o que quiseres mas....

- A resposta pode não  ser a que procuro - disse ele interrompendo-me e dando mais um gole no seu refrigerante. - Eu sei. - sorrio, um sorriso que eu não via a muito tempo...

- Ok, então força...

- É verdade que andas com aquele boy dos one não sei das quantas? - Eu sabia que esta pergunta haveria de chegar. Eu sabia!

- Zayn. O nome dele é Zayn...

(...)

A semana pasara a correr, e como tal, hoje seria o último dia do festival direction, prometi que iria passar por lá e aproveitar o fim do meu verão.

Quando chegamos, havia um magote de carros por todos os lados, primeiro que a Shay conseguisse estacionar... Os nossos nomes estavam na lista dos Vip's então fomos logo para os camarins esperar por eles.

Esperar? Elas acabaram por adormecer enquanto que eu estava demasiado ansiosa para ver o Zayn.

Sai com a Ash que pelos vistos também estava ansiosa para estar com Harry - ela diz que não, mas o people sabe que ali existe algo mais que amizade.

Estávamos de frente para o palco com um camadão de miúdas aos saltos, algumas gritavam o nome de cada elemento da banda e ainda seguravam cartazes, posters, fotos... Sinceramente isso a mim não fazia diferença, a não ser a sena que vi a seguir.

Eles estavam a terminar a última música, quando aparecem as tais Litlle mix e cantam todos juntos uma versão da música do Ed Siran criada em conjunto com o Harry e o Zayn, acho que o nome era: Litlle things.

No fim da música, os nossos olhares cruzaram-se e ele estendeu o sorriso. Ficamos assim a olhar-nos durante dez segundos e meio - eu acho... - quando uma loira se aproxima e esoeta-lhe um beijo. Em seguida vêm-se fogos de artifício emergirem do palco e as luzes apagarem-se todas.

(...)

- Ainda bem que vieste - diz ele ja nos bastidores com um sorriso de orelha a orelha.

- Dei-te a minha palavra não dei?

- Deste... Desculpa aquilo no palco eu - interrompi-o e dei-lhe um beijo.

Não queria pensar em mais nada, só no aqui e agora.

Quero acreditar que tudo não passa de um sonho. Um sonho do qual as personagens vão ganhando vida e atuando mediante as suas ações.

Sem guião, nem ensaios. Tudo natural e espontâneo - sim!

Um sonho meu e do Zayn.. Nosso. Porque ele pertence ao meu mundo, assim como eu pertenço ao dele.

Gritos de uma Adolescente: Rebelde?![Z.M].[L.H]Onde histórias criam vida. Descubra agora