Capítulo 18

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- O bom filho sempre a casa retorna - ele diz com um ar inonico e uma voz bastante carregada. Senti uma enorme vontade de voltar a fechar os olhos e acreditar que tudo não passava de um pesadelo: um terrível pesadelo, ou então o meu inferno privado na terra!

- Então ainda bem que sou uma ótima filha!

- Já foste uma...

- Boa noite - Disse com um ar sinico interrompendo-o - para si também.

- Ao menos tens noção das horas...

- Sim, horas de comer. Mas graças à sua arrogancia perdi o apetite, então ate de manha - digo levantando-me e emcaminhando-me para as escadas quando ele mete-se à minha frente - importa-se? A sua autoridade medonha esta a impedir-me a passagem.

- Onde andaste este tempo todo? Liguei-te milhões de vezes e não obtive resposta.

- Já pensou que talvez, mas só mesmo talvez, eu não quisesse falar consigo?

- Deixa de ser impertinente Karen Lucille! - ele não acabou de dizer o que eu penso ter ouvido pois não?

- Para sua informação o meu BI diz Lucy! Esse é o meu nome, e não essa bosta que acabou de prenunciar!

Naquele instante senti um empacto brutal na minha bochecha. O lado esquerdo da minha cara começou a estalar com a força do impacto.
Levei a mão à cara e senti a força do estalo.

- Karen...

Empurrei-o com toda a força e subi a correr para o quarto e bati com a porta ate os quadros caírem.

Deixei-me envolver nos meus lençóis e acabei por adormecer entre choros e soluços.
(...)

Eram três e pouco da manhã quando me levantei e fui até à varanda do meu quarto. Acendi um charro e deixei-me ficar. Estava a dar o ultimo bafo quando desci pela janela e preparava-me para pular o muro:

- E tu onde vais? - Virei-me com o susto e deparei-me com um idiota com uma lanterna na mão.

- Vieste vigiar-me foi? Ou espera, és o novo cãozinho de guarda do lar feliz!? - Disse irónica e revirando os olhos.

- Já paraste para pensar que és tu que afastas as pessoas de ti?

- Tenho mais no que pensar do que ocupar o meu cérebro com coisa pouca!

- Como queiras... Mas as tuas eschas ainda te vão foder a vida.

- UI... Ele agora esta preocupado comigo! - Voltei a bufar e virei costas. Fiz força no braço para tentar subir a árvore, quando o ramo estalou e fez pressão no locar onde fora operada.

Desiquilibrei-me com o empacto e nem pensei duas vezes. Deixei-me cair e senti todo o meu corpo entrar em contacto com o chão, todo menos a cabeça. Virei-me ligeiramente e vi o Cody agarrar-me o tronco. Consegui murmurar um minúsculo: porque?
Depois disso uma escuridão total apoderou-se de mim.

(...)

- Ela teve apenas um desmaio devido à dos, só precisa descansar e não fazer grandes esforços.

- Obrigada senhor Will, vou prende-la à cama se preciso for.

- Não sejamos tão radicais, mas a Lucy precisa de muita atenção e principalmente de muito repouso.

Ouvi-os conversar, quando finalmente abri os olhos deparo-me com dois olhos claros carregados de olheiras encarando-me.

- Lucy - ele diz com a voz rouca - como te sentes?

- Sinceramente? Com fome - digo sentando-me na cama com alguma dificuldade e dores.

- Querida... Pregaste-nos um susto de morte - diz a minha tia com a voz carregada de lágrimas.

- Posso falar com a minha filha a sós?

- O que quer que tenhas para falar com ela podes dizer à nossa frente! - Cody dispara com uma agressividade que eu desconhecia de todo. Ele nunca foi de responder ao meu pai, sempre o tratava com respeito e fazia tudo o que lhe era pedido sem questionar: o que terá levado a esta mudança radical?

- Por favor, não se exaltem, a Lucy precisa de repouso ouviram o Dr. Will!

- Tia não adianta gastar o seu latim com uma pessoa casmurra. Custa a crer que tenham saído do mesmo ventre.

- É Rodger, realmente custa a crer! - Esta era a Ella, a minha madrasta. Mas vieram todos ? E porque aquela arrogância toda na voz? Estranho....

- Desculpem, mas já que ninguém se designa a alimentar-me, por favor retirem-se e deixem-me dormir.

Todos entreolharam-se com um olhar bastante estranho, havia algo que me estava a passar ao lado, mas o que?
Foda-se!
Odeio ser a última a saber as coisas, odeio, odeio, odeio!!

- Cody fica por favor - Disse agarrando a sua mão - Porque que me ajudaste?

- Preferias que eu te deixasse cair?

- Não é isso... Quer dizer, nunca te tratei bem e agora...

- Esquece isso Lu. Posso tratar-te por Lu?

- Acho que sim Cô.

Ele enrugou a testa mas logo soltou una gargalhada, e percebi que a sua gargalhada era maravilhosa.

- O que foi?

- Sempre pensei que fosses mais amarga, e que o tipo que te beijava sentiria um gosto amargo ao tocar nos teus lábios - ele ficou serio de repente.

- E agora não pensas assim?

Ele aproximou-se e puxou o meu rosto ate que os nossos lábios se tocaram. Foi um beijo terno, não existia tesão nem coisa do género, apenas um carinho suave que eu desconhecia:

- Não, agora sei que tem gosto de sonhos - ele diz com um sorriso meigo.
(...)

Gritos de uma Adolescente: Rebelde?![Z.M].[L.H]Onde histórias criam vida. Descubra agora