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Observei as duas silhuetas desconhecidas a uma certa distância, os corpos aprumados irradiando tensão. Eles pareciam discutir, suas vozes carregadas de ressentimento subiam até mim com os ventos cortantes. Se eu semicerasse os olhos, conseguiria ver uma homem e uma mulher de cabelo atipicamente platinado, ambos em pé na trilha de cascalho ao lado da casa.

A mulher apontava energicamente o dedo na cara do jovem homem que, por sua vez, a encarava com uma expressão impassível.

Os arbustos farfalharam com a leve brisa, as flores se curvando em uma súplica silenciosa, os galhos da esquálida árvore ali perto, sob postura ameaçadora.

Tudo era pautado pelo clima ali na região. Para os turistas, fazia e desfazia sonhos. Quem reclama de que as mudanças de estação não são muito nítidas nas grandes cidades, certamente nunca conheceu ShangHai.

O homem cerrou os punhos, o corpo era um perfeito exemplo de indiferença forçada. Ele parecia tão incontido, que tive medo que a mulher apanhasse. Era o que sempre acontecia quando minha tia discutia com os namorados naquele tom.

Apertei o parapeito de modo involuntário.

Algum tempo depois a mulher berrou algo incompreensível, deu o que eu só poderia descrever como uma balanço de cabelo sarcástico, e se retirou, sua fisionomia imbuída de alguma intenção funesta enquanto os saltos estalavam no cascalho.

Meu olhar voltou-se para o homem; sua expressão incandesceu, ele literalmente ficou vermelho de raiva e uma nuance de um sentimento implacável o dominou de repente. Ele começara a xingar a si mesmo baixinho, igual a mulher louca que postava-se nos portões da Pearl Tower e sacudia ceroulas a qualquer um que ousasse se aventurar no que ela imaginava ser seu campo de jogo. Acho que vi seus lábios articularem "Mulheres!"

Sacudi levemente a cabeça para demonstrar discordância com algo que eu não sabia bem e retrocedi alguns passos, receoso de que ele me visse ali.

O sol já nascera nas planícies a leste de ShangHai, inundando o quarto de um dourado claro insípido. As paredes brilharam por um instante, a luz fosforescente reverberando nas superfícies cinzas de um modo que, em outra ocasião, poderia ter feito eu sorrir, abrir a porta e fingir que eu estava em minha própria casa.

Eu estava de frente para o espelho, imóvel, ouvindo o som levemente irritante das garoas de notificações que vinha da cômoda. A princípio, ignorei, os olhos fixos em algum ponto distante em frente ao meu reflexo. Havia algo de diferente em mim naquele dia; meu rosto parecia mais descansado, talvez menos linhas de ansiedade fossem visíveis em torno dos olhos. Não que aquilo mudasse alguma coisa; meus sentimentos sobre questões da minha aparência eram imutáveis.

E ainda teve ontem. Lembro-me perfeitamente do resto do dia anterior.

Depois do distraído comentário de Song Lan, senti meu sorriso ficar rígido em resposta. Eu realmente não conseguia acreditar, por um momento que havia conseguido. Depois de toda a confusão e nervosismo.

Na sequência, Nan Feng postou-se ao meu lado, sorrindo, e balançou a cabeça solenemente, em um entendimento tácito de que eu fizera um bom trabalho.

De repente o peso do que acabara de acontecer, ganhou sentido de forma lenta e me senti muito envergonhado. Fora tudo tão...normal. Fez parecer que meus nervosismo anterior fora um autêntico exagero. Olhei para os furos do teto, Song Lan, o chão. Qualquer coisa menos Xiao Zhan que ainda não havia tirado os olhos de mim. Aquele sorriso ainda estampado em seu belo rosto. Senti que tomara seu precioso tempo com algo supérfluo.

The fashion of love _ 爱的时尚 _ YizhanOnde histórias criam vida. Descubra agora