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Há na sensualidade uma espécie de alegria cósmica.

Desviei os olhos do espelho iluminado e me virei para olhar Nan Feng, que havia adentrado o ateliê de maquiagem. Minhas sinapses registraram a prancheta em seus braços antes de propriamente vê-lo.

— Isso foi direcionado pra mim? — Hua Cheng ergueu o rosto, enquanto Wen Qing esfumava uma sobra sutil no canto interno de seus olhos.

— Não, Sr. Hua — explicitou meu agente, tão dosado quanto sempre. — Estou me referindo ao Yibo.

Hua Cheng fez uma careta falsa e me analisou. Ele vestia uma blusa azul cobalto de gola alta e acessórios. O tipo de coisa que ele jamais usaria normalmente.

— É, não tá nada mal hein, Yibo.

Exibi os dentes em um arremedo de sorriso.

— Obrigado.

Recostei-me na penteadeira, cruzando os braços na altura do peito na tentativa de manter o blazer em um comprimento recatado o suficiente para esconder meu abdômen. Não importava quanto tempo se passasse, era impossível para mim se sentir confortável com aquelas roupas.

Xiao Zhan, em seu deslumbrante terno vermelho, levantou os olhos do aparelho celular em mãos e me examinou pela milionésima vez, com um meio sorriso provocante nos lábios.

— Tem razão, Nan Feng — murmurou ele e sorri de leve, sabendo que não devia aprofundar quaisquer contatos naquele momento.

Aparentemente notando isso, Xie Lian sorriu para mim.

Era uma quarta-feira como qualquer outra e o ateliê se encontrava lotado de maquiadores, agentes e modelos que circulavam por lá e iam embora, todos executando seus respectivos trabalhos. Eu estava esperando um dos maquiadores, cujo nome eu não recordava com precisão e, por um momento, me permiti analisar minha aparência no espelho. Definitivamente não era ruim. Tinha de admitir que naquele aspecto — o desagrado em relação à minha aparência —, viera melhorando bastante. Eu já não me sentia o abominável homem das neves.

Luo Binghe que estava passando gloss nos lábios carnudos, estremeceu teatralmente.

— As lembranças que você me evoca quando diz essas citações, shixiong...

— O que houve? — Nan Feng quis saber.

— Aulas de filosofia. Ensino médio — explicou Luo, sem tirar os olhos de seu reflexo. — Era taaaão chato. Nada nunca fez sentido na minha cabeça. Como diabos de Caos e Gaia surgiu Urano e eles transavam e nasceram, sei lá, criaturas bizarras?

— Só tem pornografia na mitologia grega —  Qi Ying deu de ombros.

— Não é só pornografia — retrucou Xiao Zhan, a voz distante enquanto teclava algo no celular. — Tem algumas coisas bem interessantes. Desordem cósmica por exemplo.

— E o que diabos seria isso?

Xiao Zhan estreitou os olhos, como se para recordar.

— Uma ideia muito presente no pensamento grego é a de que o mundo é ordenado, finito e hierarquizado. Nesse sentido, ele poderia ser comparado a uma máquina constituída por partes, por peças. Cada coisa tem sua finalidade, sua função. Deste modo, as coisas da natureza cumprem seu papel: o vento refresca, a maré fertiliza, o sapo engole moscas e etc. Da mesma maneira como o vento venta, ou seja, foi feito para ventar, devemos colaborar com o que o cosmos espera de nossas vidas.

The fashion of love _ 爱的时尚 _ YizhanOnde histórias criam vida. Descubra agora