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A televisão à minha frente matraqueva sem parar, na tentativa de quebrar o silêncio que havia se instalado na grande residência, advindo da ausência de vozes. Às vezes o silêncio ali era gritante, destoando do número de moradores. Fiquei encarando a tela sem realmente enxergá-la, imerso naquela rara ociosidade, usufruindo do simples ato de poder me enroscar no sofá, de recostar-me nas volumosas almofadas que de vez em quando sucumbiam com o meu peso.
Ocasionalmente, o som esporádico de marteladas vindo da cozinha chegava aos meus ouvidos, criando um ritmo na minha cabeça. Como Qi Ying estava de folga naquele dia, Yan Wushi achara que seria uma boa ideia mandá-lo consertar algumas coisas pendentes na Red House e Qi Ying, que não dispensava tão facilmente trabalhos com tendências braçais, aceitou.
Do lado oposto, uma música reverberava pela sala, repetitiva e animada, vinda do corredor em volume ligeiramente inferior. Presumi que Luo Binghe estivesse dançando como de costume.
As janelas abertas possibilitavam a entrada de constantes rajadas de vento, arejando o ambiente, enchendo-o de leveza, inflando e esvoaçando o tecido das cortinas. Além disso, era possível ouvir o leve farfalhar que as flores de Xie Lian do lado de fora emitiam, suas hastes debruçando-se em uma súplica silenciosa. Bao, o cachorro de Yin Yu, deslocava-se pela casa, percorrendo-a à procura de algum objeto não identificado. Não havia pilhas de livros e folhas de papel A4 subjugando a mesinha de centro entalhada, ou qualquer outra superfície, o assoalho reluzia.
A bagunça naquele cômodo era frequentemente onipresente. No entanto, tudo estava organizado e limpo. Aquilo por si só já era estranho. Assim como o fato de eu ter tido a oportunidade de me sentar. Naquela manhã, Nan Feng havia me mandado uma mensagem de texto que versava sobre eu não precisar comparecer à agência naquele dia. Os motivos eu ainda iria saber.
Intrigado, perguntei o que exatamente ele queria dizer com aquilo — até porque não era meu dia de folga. No entanto, ele não voltou a me responder. Estava trabalhando em uma agência de modelos femininas em Hancheu; além de mim ele possuía vários modelos, de diversas outras agências.
Fiquei ponderando sobre essa questão por um instante, antes de expulsá-la do palco da minha mente; certas coisas não precisavam ser remoídas, foi o que Xie Lian me aconselhara. Fechei os olhos e soltei um longo suspiro; um suspiro que pareceu vir lá das profundezas. Sentia-me exausto. Praticamente dois meses tinham se passado e ainda assim eu não havia me acostumado com todas aquelas rotinas bem delineadas, com a freneticidade do trabalho. Com a ausência da minha família.
Embora morassem perto, eu quase não tivera a oportunidade de visitá-los naquele mês. Da última vez em que a tive, me senti um estranho ali, chocado com a rapidez com que eu parecia não pertencer mais àquele lugar, com o espaço minúsculo comparado à imensidão da Red House, com seus tijolos vermelhos. Abracei Jin Ling que parecia assustadoramente maior, ouvi a precipitação de lamentos de mamãe por quase não me ver mais e a reivindicação de papai, dizendo-lhe que eu estava ocupado com o trabalho. Vovô ainda passava boa parte de seu tempo jogando Sudoku e assistindo suas habituais corridas de cavalos na televisão e, quando apareci no vestíbulo, me abraçou com uma força surpreendente para as suas mãos velhas.
Jackson menos; ele só voltara da floricultura quando eu estava prestes à ir embora.
Me fitou por um momento quando adentrou a cozinha, com Jin Ling enganchado em sua cintura, uma bolsa no ombro, os fios castanho claros um pouco deslocados por conta do forte vento do lado de fora. Apesar de possuirmos pequenos traços semelhantes como sobrancelhas, nariz, boca, cor de cabelo e formato de rosto, eu sempre achara Jackson mais bonito; tinha um corpo visivelmente mais torneado e um cabelo mais cheio, também parecia mais velho. Às vezes eu me questionava o que Xigchen acharia se o visse. Não era muito entusiasta das demonstrações físicas, portanto não me abraçou. Mas ficamos conversando na varanda dos fundos, tomando um pouco de vinho enquanto mamãe lavava a louça e papai se preparava para o turno da noite, com Jin Ling vez ou outra nos interrompendo para exibir alguma vitória adquirida em um jogo.
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The fashion of love _ 爱的时尚 _ Yizhan
FanfictionYibo sabe de uma porção de coisas. Ele sabe quantos passos separam sua casa do ponto de ônibus. Sabe que adora trabalhar como atendente em um pacato café e sabe que admira o modelo mais renomado da gucci, Xiao Zhan. Também sabe que provavelmente nun...