Tiro a caixa de veludo de meu bolso com receios, meu olhar estava baixo e antes que quaisquer palavras pudessem se libertar de meus lábios, o rapaz de tamanha realeza se pronunciou olhando a caixa, de sua maneira informal e completamente indiscreta.–– é o colar que te dei certo? Gostou? Eu mesmo o escolhi, gostaria de ter mandado faze-lo porém não daria tempo de ser confeccionado até hoje –– comentou sorrindo em minha direção.
–– sabe, não achei certo ter deixado lá, podem correr fofocas, primeiro pelo castelo e em um instante todo reino achará que temos um relacionamento afetuoso. Devo apenas lhe acompanhar no baile, não faça parecer que sou mais que uma companheira de uma ocasião –– pedi o devolvendo a caixa, ele pegou de minhas mãos e a abriu pegando a peça de rubis.
–– imagino que saiba o quanto fica bem de vermelho certo? Este vermelho sangue combina tanto com o pardar de sua pele, com seus olhos azuis e noturnos como safiras. Sempre a vejo com safiras, devia ter sua própria marca, use vermelho, combina com você, não ira parecer mais que é um objeto de seu pai que precisam saber que pentence a ele, não acha? –– naquele momento, o rapaz ja estava atrás de minha pessoa, tudo que ele falou, fez sentido em minha mente porém não me sinto, independente, corajosa o suficiente para ter minha própria identidade.Jungkook afastou meus cabelos para um de meus ombros descobertos e passou o colar por meu pescoço, fechou seu fecho de ferro maciço e me guiou em direção a seu espelho, toquei na jóia que vestia, ficou linda, como se fosse feita para mim, escolhida para mim, combinava com meu vestido, com meus olhos, até com as sardas fracas e quase invisíveis em meu rosto, ela se encaixava comigo, era ideal para mim.
–– eu menti, mandei fazer a um tempo, por algum motivo, sabia exatamente que escolheria vermelho –– após sua fala, ele sorriu ladino e foi em direção a sua porta, quando aberta esperou que saísse de meu transe e o acompanhasse, logo fiz e sai do cômodo que antes abitava.
Caminhamos pelos corredores e meus pés doíam, meus sapatos o machucavam agressivamente, era perceptível meu incômodo.
Parei um pouco tocando meus pés e tentando arruma-lo de alguma forma que doesse menos. Jungkook tinha continuado a andar porém percebeu que não caminhava mais em seu lado, pode me ver com a mão nos sapatos e se aproximou.
–– vá trocar seus sapatos, fará feridas se continuar com ele –– ja fazia feridas, podia sentir o sangue do ferimento secar em meu calcanhar.
–– estou bem, vamos perder a hora de chegada e você tem que estar lá cedo –– recuso.
–– pare de orgulho, temos tempo para você trocar um sapato bobo, tire os sapatos e vamos pegar outro
–– estou bem, posso tira-los depois, não ta doendo tanto quanto pensa –– emburrado com minha negação, se aproximou se ajoelhando e tirou meus sapatos do pé, os pegou e caminhou até meus aposentos, corri atrás para poder o alcançar.Cheguei em meus aposentos pedi meus sapatos ao príncipe e ele os entregou em minhas mãos cobertas por luvas de seda que seguiam até meus cotovelos, entrei no local os guardando e pegando um salto alto prateado, repleto de brilho e esplendor, o melhor, muito confortável ao andar.
Sai de meu quarto e jungkook me esperava, cruzou seu braço a espera que o segurasse e assim fiz, antes que pudessemos sair dali, ouço um grito:
–– Yohana! –– ao me virar, vi Maria, ela estava acabada, com os cabelos loiros bagunçados e um rosto vermelho por bebida ou choro, talvez os dois.
Me larguei de jungkook e a olhei confusa, o que ela fazia aqui a esta hora, ela esqueceu que não poderei mais a levar ao baile? Não entendo sua vinda repentina.
–– o qu faz aqui Maria? –– falo doce, me aproximando um pouco.
–– olha ela sempre tão cortez, a qual é, não finja que não sabe –– posso sentiro deboche em suas palavras, porém realmente não sei o que ela quer de mim.
–– você estragou minha vida, você tem essa vidinha de princesa, sendo que não tem as obrigações de uma, é perfeito, seu pai é alguém influente, mora no castelo e está namorando o príncipe mais gato da família real, além de ser imortal –– jungkook sorrio com o elogio e o olho com um olhar nada bom.
–– ja estou saindo –– se afastou ele pra não ouvir a conversa.
–– não namoro com ele, não tire decisões precipitadas –– digo mantendo a calma.
–– por que você não quer, é tão óbvio que ele gosta de estar com você, que ele ta afim de você, esse é o colar que ele te deu? Minha prima trabalha na cozinha e me contou –– engulo em seco e confirmo.
–– ele soube fazer um colar perfeito para você, vamos trocar de vida, você vive em minha pele para ver a vida miserável que tenho e eu vivo sua vida perfeita de luxos e comida boa, posso ficar beijando o príncipe pelos corredores as escondidas como você deve fazer. Sabe o que é não ter o protagonismo da sua própria vida? Para todos os lados que vou eu ouço "você é amiga da primogênita do grande general certo? Recomende meus tecidos a ela" ou "deve ser legal ir ao palácio ver sua amiga, ja viu de tudo por lá? Como é a realeza? São legais?" Eu não aguento mais ser sua coadjuvante na minha própria vida, você roubou de mim o protagonismo da minha vida –– ela chorava, estava bêbada, ela estava falando tudo o que realmente sentia, libertando toda sua furia e odio naquele momento, como se eu fosse apenas seu ingresso pro palácio, porém o peso do roubo de um ingresso começou a pesar.
–– acha mesmo que tentei roubar o protagonismo da sua vida, Maria? –– pergunto.
–– tenho certeza –– seus olhos se afuzilaram e se fosse possível, sairia fumaça de suas orelhas.
–– Eu quem estou roubando o protagonismo da sua vida ou você quem esta me dando ele em uma bandeja de ouro e vinho tinto?
–– como pode dizer isso garota?
–– guardas, tirem-na daqui –– falo aqueles que estão no corredor e sussurro para eles ‐- acho bom ninguém saber o que houve aqui.
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Seja minha rainha, milady.
FanfictionFilha do grande general, acaba por desejar ser membro da corte, deseja assumir o papel de seu pai quando o mesmo vir a se aposentar, treina todos os dias, por mais que viva no castelo, seu contato com a família real é pouco, em um lugar tão grande...