01 - os cullen

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    Eleanor me esperou dar a volta no carro, travada num quadrado só e segurando a alça da bolsa tão forte que as juntas dos dedos ficaram brancas

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    Eleanor me esperou dar a volta no carro, travada num quadrado só e segurando a alça da bolsa tão forte que as juntas dos dedos ficaram brancas. Colei nossos ombros, a chuva chapinhando sobre nossas cabeças; pequenas bolinhas formaram-se no frizz dos nossos cabelos. Eu me encolhi, desejando ter uma blusa mais quente ou luvas. Eleanor puxou o capuz de sua capa de chuva e eu fiquei com inveja.

— É só deixar a cabeça baixa. Vai ser como se nós nem estivéssemos aqui. – indicou ela.

Era fácil para ela dizer. Ela era como minha sombra escondida sob o capuz preto e eu um ketchup no meio da salada — estranho e perceptível. Andamos pela calçada apinhada de alunos. Eu evitei olhar para qualquer um, levando a dica da cabeça baixa muito a sério.

Depois de chegar ao refeitório, foi fácil localizar o prédio três. Um grande “3” estava pintado de preto num quadro branco no canto leste. Senti o desanimo me abater enquanto seguíamos duas capas de chuva unissex pela porta.

A sala de aula era pequena. Claustrofóbica. Eu me sentia agoniada. Tudo era como uma péssima idéia. Eleanor tirou a capa de chuva e colocou-a numa longa fileira de ganchos junto à porta. Pude ver seu rosto melhor; ela estava branca. Onde estava a menina que me deu arrepios? Será que aquele monstro vermelho a engoliu?

Entreguei a caderneta ao professor, um careca alto cuja mesa tinha uma placa identificando-o, “Sr. Mason”. Ele me deu um aceno e um leve sorriso antes de pegar uma caneta e autografar a prancheta das minhas torturas diárias. Graças a Deus ele somente apontou uma cadeira livre no fundo e não me fez passar pela humilhação de me apresentar — eu o faria engolir a caderneta caso o fizesse —. Eu olhei por cima do ombro ao mesmo tempo que andava para a última cadeira da fila esquerda e tive a visão do professor precisando fazer força para conseguir tirar a prancheta do agarre férreo de Eleanor, enquanto ela olhava assustada para a turma.

Quando o professor entregou-a de volta, ela avistou uma cadeira vazia ao meu lado e caminhou com os olhos atentos aos seus próprios pés. Ela sentou, toda dura, e suspirou. De repente, ela relaxou os ombros e deu uma risadinha presunçosa; se virou e ergueu os dois polegares para mim. Interpretei essa sua reação estranha como um “eu consegui!”.

Depois disso, a aula seguiu normalmente. Mantive meus olhos baixos na bibliografia que o professor me dera. Era bem básica: Bronte, Shakespeare, Chaucer, Faulkner. Eu já li tudo. Eu tivera a esperança de que se alguma coisa pudesse me deixar feliz, seria a recomendação de livros. Fantasiei trabalharmos com as fantasias de Rick Riordan, J.R.R Tolkien; Percy Jackson e Senhor dos Anéis teriam muito para nos ensinar. Isso era entediante. Fiquei relembrando da ousadia de Percy enquanto a voz monótona do Sr. Mason se arrastava pelas paredes.

•••

Duas aulas depois e eu realmente queria cortar meus pulsos.

O sinal anunciando o fim do quarto horário finalmente tocou. Joguei as coisas de qualquer jeito na mochila, enquanto Eleanor já estava devidamente arrumada ao lado da minha mesa.

HATER OF MELANCHOLY| Edward CullenOnde histórias criam vida. Descubra agora