19 - desastres

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   Eu nunca havia entrado na floresta que se erguia atrás da minha casa; e no entanto, eu tinha certeza de que era por ela que eu corria neste momento

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   Eu nunca havia entrado na floresta que se erguia atrás da minha casa; e no entanto, eu tinha certeza de que era por ela que eu corria neste momento. As árvores gigantescas e repletas de musgos me eram familiares aos olhos quando passei por mais um declive do jângal, meus pés descalços afundando na terra molhada. Estava escuro, o ápice da noite brumosa de uma tempestade, os pingos grossos caiam com rudeza e eu quase não conseguia manter meus olhos abertos. Sem rumo, eu corri, com medo de alguma coisa ou alguém. Olhei sobre meus ombros para o escuro às minhas costas, a escuridão estava me alcançando, os meus rastros sumindo.

Então parei repentinamente numa campina. Pequena e perfeitamente redonda, o chão era composto por flores mortas e o restolho do que me parecia uma batalha. No meio de tudo isso estavam duas pessoas — uma deitada sobre a relva sem vida e um corpo debruçado sobre este —; e percebendo minha presença, o ser encurvado sobre o corpo no chão se afasta lentamente, para que eu pudesse capturar o deleite doloroso da visão de meu próprio corpo inerte — meus olhos abertos e vazios, o pescoço vertendo sangue e formando uma poça.

Horrorizada com a visão, eu subo meus olhos para o causador de minha morte; as íris escuras de Edward Cullen me recepcionam e só não me deixam mais apavorada que seus lábios repletos de sangue. O meu sangue. Um sorriso sardônico decora a boca sanguínea e eu me preparo para correr de volta, preferindo encarar a escuridão sempiterna ao monstro vampiro.

Um lobo ruge e surge, pulando para fora da bruma; era a maior coisa que já vi na vida, correndo furioso em minha direção. Cercada por duas aberrações, eu me viro para a outra. O rosto de Edward e suas presas pontudas são a última coisa que vejo antes do breu se fechar em mim.

Acordei no susto naquela manhã de terça-feira. Não era surpresa ter um pesadelo com o filho do Drácula; eu obviamente teria um.

Ainda esperava que tudo não tivesse passado disso, mas as provas ainda estavam comigo: a frigideira debaixo do meu travesseiro, o notebook aberto na página das Lendas Quileute, o post-it colado na mesa e, o pior e mais incriminador, o nome de Jessica no meu histórico de chamadas — eu nunca ligaria para ela se não fosse caso de vida ou morte.

Eu não quero ir à escola hoje”, pensei, enquanto ajeitava minha blusa de frio vermelha e colada. Lembrei-me do vampiro e do pesadelo, me arrepiando. Coloquei minha jaqueta de couro escuro por cima e fechei o zíper. “Não quero ir nunca mais”.

— Pai, teve algum caso de morte por animal recentemente? – perguntei, remexendo meu cereal intocado.

— Hã… teve um cara que prendeu o pé numa armadilha de urso, isso conta?

— Não. – fiz careta, imaginando a cena. Quase vomitei. — Pai. – chamei mais uma vez.

— Sim?

HATER OF MELANCHOLY| Edward CullenOnde histórias criam vida. Descubra agora