12 - port angeles

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    Sábado chegou, para a minha felicidade

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    Sábado chegou, para a minha felicidade. Ou tédio profundo. Como Mike avisara, uma tempestade forte acompanhou o alvorecer, os pingos grossos fustigando o meu telhado me impediram de dormir até depois do meio-dia.

Fiz o dever de casa de filosofia e artes, mas desisti do de matemática quando na segunda questão eu já estava olhando demais para uma faca. Não me dou muito bem com exatas.

Desci para fazer o almoço um pouco antes das onze horas. Papai resolveu usar seu horário de almoço para comermos juntos em casa, uma vez que ele sempre me levava para o restaurante próximo à escola. Então, eu tive que destrancar o baú empoeirado na minha mente e relembrar das receitas que aprendi com mamãe, quando eu tinha quatorze anos.

Eu gostava de cozinhar com ela, mas parei de fazer com a mesma felicidade quando ela morreu. Eu acredito que seja por isso que até mesmo papai não chegava perto do fogão, abominando as panelas que mamãe escolheu e os temperos que ela costumava usar. A comida de Amélia tinha um sabor único, e isso me deixava mimada, deixei de apreciar a comida da escola e torcia o nariz no refeitório, a única coisa que eu não dispensava era a pizza, fanática por massa.

Terminei o Macarrão à Carbonara muito rapidamente. Então, nada me restou além de subir de volta para o meu quarto e preencher o tédio com a paisagem bucólica da minha janela. A floresta erguendo-se no meu quintal e a chuva constante me trouxe calmaria o suficiente para uma reflexão mental, num debate sobre o que eu deveria fazer numa cidade como essa.

Eu costumava tentar preencher o meu tédio com qualquer coisa que eu tivesse que fazer um esforço para aprender, que prendesse minha atenção por mais de uma hora e exigisse muito da minha capacidade mental. Nunca consegui encontrar alguma coisa que não me entediasse antes de 365 dias.

Eu sempre fui uma prodígio, apesar de estar constantemente me autossabotando com o fracasso iminente. Consegui desenvolver fácil as minhas habilidades artísticas em um mês com a ajuda de Elizabeth, decorei as formas geométricas, a manter a estabilidade do pincel, misturar as cores, ornamentar uma paisagem; foi mamão com açúcar. Mas da mesma forma que eu dominei facilmente a pintura, também me entediei com ela.

Então parti para a música.

Mamãe costumava dizer que eu tenho uma ótima coordenação motora, embora eu tenha precisado de cinco meses para aprender a minha primeira música com um violino. Me orgulho de ter conseguido antes dela falecer, fiquei feliz por vê-la sorrindo depois de meses sobre uma cama de hospital, pareceu até que ela estava me esperando. Mamãe faleceu poucas horas depois da minha primeira e última apresentação. Nunca mais toquei depois disso.

Fico frustrada por perder o interesse nas coisas tão facilmente. Tudo é efêmero para mim, talvez até mesmo eu. Mas não tem muito o que eu possa fazer, já tentei me forçar a voltar a pintar, passei longos minutos olhando a tela em branco e nada mais além da ideia de deixá-la como estava assolou minha mente.

HATER OF MELANCHOLY| Edward CullenOnde histórias criam vida. Descubra agora