Capítulo 5

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Rúbi e Rose estavam cada vez mais unidas, gostavam de passear pela fazenda, mesmo que a comunicação ainda não fosse muito clara, ambas se entendiam muito bem.

Aba às vezes olhava as duas garotas e tinha medo do que a amizade que via surgir poderia causar mais para frente. Aba cresceu com o medo muito próximo ao seu coração, do seu povo pouco se lembra, essa memória lhe foi roubada de certa forma. Hoje só se recorda do medo. Desde pequena se escondia dos homens e mulheres brancas, aprendeu a viver nas sombras, aprendeu a matar a cada dia um pedacinho dentro de si mesma. Era estranho para Aba ver Rúbi, tinha medo por ela, medo porque Aba sabia que a esperança é algo que para o seu povo era arrancada em grandes bocados dos seus corações. Pessoas com este olhar, este que via nas duas garotas, não viviam por muito tempo.

— I vai nonde, minina? — questionou quando observou Rose à frente do espelho, com um vestido de verão e colocando um grande chapéu claro em sua cabeleira aloirada.

— Vamos passear, Aba! Está um lindo dia, não acha?

Rose lhe sorriu logo após falar essa frase e Aba a olhou intensamente. Queria lhe dizer para ter cuidado, queria poder guardar essa menina sonhadora em um potinho para que o mundo não a machucasse. Ela queria, mas nada disse, nem saberia falar tudo isso, então apenas sentiu e desejou que os caminhos de Rose fossem mais brandos do que ela estava percebendo que seriam.

— Vamos, Rúbi!

Rose saiu arrastando Rúbi pelo braço. Ao mesmo tempo uma charrete parava em frente à casa e Avilez acompanhou com o olhar as duas correndo para os campos. A mãe de Rose trincou os dentes de raiva quando percebeu o olhar do Sr. Avilez seguindo as aventuras da filha.

— Sinto muito, como vê, ela acabou de sair.

— Caso não se incomode, desejo ir ter com sua filha.

— Fique a vontade.

Avilez não sorria, estava sério demais. A mãe de Rose confundiu isso com repreensão pelas atitudes da filha em estar tão íntima a um dos escravos, mas era apenas curiosidade.

Ele seguiu pelo caminho onde viu as duas desaparecerem. As observou de longe antes de se aproximar, Rose gargalhava de algo, e era uma cena realmente bela de ser observada.

Tentou se aproximar de modo silêncioso, mas seus passos sorrateiros foram identificados por Rúbi, que levantou de um salto e se pôs a frente de Rose em uma notória posição de defesa.

Avilez olhou de uma a outra. Seu olhar percorria a expressão facial de ambas: Rose um pouco assustada com a situação e Rúbi séria, determinada.

Pôs suas mãos para o alto, indicando que não estava ali para ferir ninguém.

— Sinto muito interromper o passeio de vocês, não quis ser rude.

— Está tudo bem, Rúbi. Esse é me... O Sr. Avilez.

Rose não conseguiu chama-lo de seu noivo, era algo ainda muito estranho, mesmo sendo um fato.

— Você tem aí uma boa amiga, Rose. Poderia me acompanhar um pouco? Prometo que em breve lhe trago de volta.

Avilez se afastou um pouco, percebeu quando Rose pediu para que Rúbi a aguardasse no local enquanto ela sairia para caminhar um pouco junto a ele.

O sol estava a pino, então buscaram a sombra de uma árvore para que pudessem falar sossegados.

— Gostaria de me desculpar mais uma vez. — Avilez parecia visivelmente sem jeito por isso.

— Está tudo bem, Avilez. Não se incomode com isso. Mas... O que faz aqui? Não me lembro de termos marcado nada.

Sorriso de SolOnde histórias criam vida. Descubra agora