Capítulo 6

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Avilez segurava a sua felicidade para não se parecer como um meninote em frente à Rose. Sentiu que algo estava acontecendo assim que adentrou a casa, o ar parecia carregado e Rose, assim que bateu a porta atrás de si, mudou seu semblante de alegria para um carregado de tristeza.

Ele mesmo conduzia uma charrete, não quis levar ninguém consigo e ambos se encontravam à frente, no local do condutor. Estava atento à estrada de terra, mas às vezes a encarava pelo canto de olho e não lhe passou despercebido os olhos inchados e levemente avermelhados, até a ponta de seu nariz estava rosada.

Não quis dizer nada. Deu a ela todo o tempo que precisava para lidar com seus próprios pensamentos. Rose só percebeu que nada falavam e já havia se passado considerado tempo, quando estavam chegando a mais bela fazenda em que ela havia posto os olhos.

Só então encarou Aviléz. Sentiu que estava descontando nele suas angustias, então se desculpou:

— Sinto muito, não acredito que estou sendo a companhia que espera.

— Você não entendeu, não é mesmo? Não desejo que minta, Rose. Se não estiver bem e caso não deseje estar aqui, podemos voltar agora mesmo.

Ela o olhou. Ele parecia preocupado e realmente estava sendo honesto com cada palavra. Ali ela percebeu que não perderia isso, este momento, e faria isso por si mesma.

— Desejo estar aqui. Irei esquecer tudo o que passou e me dedicar ao prazer de estar aqui. É uma bela fazenda a sua e gosto de sua companhia. — sacudiu a cabeça como se quisesse dissipar os pensamentos — não tem porque estar triste.

Aviléz acenou, desceu primeiro para logo lhe ajudar a pisar ao chão. Olhando ao redor ela pôde ver imensos coqueiros marcarem todo o caminho de entrada, cafezais e canaviais tomavam imensa área e o que mais chamou a atenção dela foram os trabalhadores. Todos eles pretos, desenvolvendo alguma tarefa com tamanha atenção que nem lhe direcionaram o olhar quando chegaram.

— Vive aqui sozinho?

Ele sorriu quando tomou sua mão e colocou em seu antebraço para direcioná-la até a grande casa.

— Vivo com todos eles.

Uma senhora abriu a porta para lhes receber assim que pisaram no último degrau.

— É linda, menino! Formosa mesmo! Terão lindos filhos!

Rose olhou para baixo, visivelmente envergonhada pelos elogios e pelo comentário.

— Cássia, tenho certeza que não deseja deixar Rose enrubescida.

— Oh! Sinto muito!

A senhora Cássia segurou em ambas as mãos de Rose, a afastando ligeiramente de Avilez.

— Não tive a intenção de lhe encabular. Sou a velha que cuida desse menino teimoso aí.

Rose então a encarou. Era como Aba, mas falava tão bem quanto qualquer um da cidade. Havia algo acontecendo nas terras de Aviléz, ela sentia isso, só não identificava ainda o quê.

— Está tudo bem, é um prazer lhe conhecer.

— Aqui, Rose, poderá ser você mesma.

Foi o que Aviléz lhe disse, lhe convidando a entrar:

— Seja bem-vinda.

A casa era semelhante a sua: de dois andares e ricamente adornada. Só estava silênciosa demais, percebeu que embora ele tenha dito que mora com todos os trabalhadores, Aviléz parecia ser alguém extremamente solitário.

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