Rose demorou a despertar e Aviléz já deveria estar de pé há muito tempo. Mas permaneceu ali. Era bom estar com Rose, rememorou todo o ocorrido durante o dia anterior, a forma como o fogo parecia estar bailando junto com seus cabelos que ganhavam uma tonalidade alaranjada. Lembrou-se também das lágrimas que, de forma corajosa, a menina não derramou. Em sua cabeça começava a pensar em formas de derrubar o comércio da família da menina, motivação para isso ele agora tinha. Pensou que iria feri-los onde mais sentiam: no bolso.
Como se sentisse a raiva que emanava de Aviléz, Rose despertou. Não foi um bom dia que ela lhe disse, lhe pediu uma promessa:
— Desejo que me prometa algo.
— Qualquer coisa.
— Não quero que se vingue deles.
Neste momento Aviléz suspirou forte. Ela poderia ter lhe pedido qualquer coisa, qualquer coisa, menos isso.
— Eu não posso te prometer isso, Rose.
Com a frase dele, ela abaixou os olhos e lhe perguntou:
— Sabe por que lhe peço isso? —Perguntou, mas não lhe deu tempo a resposta, pois logo voltava a falar— Peço por você e não por eles. Não desejo que cometa atos como eles cometeram, algo aqui dentro diz que você não é assim, será que enganei-me?
— Não possuo sangue frio. Como me pede algo assim, sendo que eles tanto te feriram?
Avilez não havia respondido a questão e por um instante Rose percebeu que ele escondia algo.
— Como disse, o pedido é por você. Lutar contra eles não é retribuir com um mal maior, é levantar e seguir em frente. Minha mãe tem ódio do meu sorriso, da minha felicidade e alegria. Eu entendi que ela venceria se eu ficasse no chão, derrotada. Então, levantei-me e cá estou. Essa é a sua derrota e a minha vitória, não precisei feri-la para isso, apenas me recusei a ficar caída.
— E isso demonstra o quão forte você é, não é mesmo? — recebeu como resposta um lindo sorriso.
Uniu seus lábios em um casto beijo e logo se afastou.
— Preciso resolver alguns assuntos na fazenda. Pode continuar na cama, caso deseje. Só estava esperando que despertasse.
Antes de ir, ele virou-se em direção a ela que estava sentada no centro da cama, olhando em sua direção de forma emocionada.
— Eu... Não farei nada dessa vez, Rose. Talvez seu olhar sobre mim ajude-me a me tornar um homem melhor. Mas não lhe prometo nada para o futuro, não desejo aproximação com nenhum deles e caso façam algo mais uma vez, não prometo que não reagirei. É o que posso lhe prometer.
— É o bastante. E... Obrigada por ter cumprido a sua promessa e me esperado despertar.
Aviléz deu as costas e saiu, sua vontade era a de ficar. Enquanto caminhava pela fazenda recebia os parabéns pela bela esposa, todos os seus empregados amaram conhecê-la. Estavam temerosos sobre quem ela seria, mas depois da noite anterior perceberam que não precisavam sentir medo.
Cássia surgiu na porta, não perguntou como foi a noite, mas, pela sua feição, Rose percebeu que ela desejava saber. Não quis conversar sobre isso, apenas desejou que fosse um assunto só dos dois, a primeira coisa que seria apenas deles, então assim silênciou-se ante ao olhar curioso da mulher a sua frente.
— Está bem?
— Melhor do que nunca, Cássia! E desejo cavalgar após o desjejum. Pode arrumar isto para mim? Desejo conhecer a fazenda.
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Sorriso de Sol
Historical FictionTodos os dias somos chamados a refletir sobre o nosso passado. Seja ele um advindo dessa vida, ou de outras existências em que não lembramos com exatidão. E apesar de não lembramos, sempre teremos resquícios de nós, guardado em nosso disco de memór...