12/30

3.5K 385 107
                                    


MARATONA 2/7

POV JULIETTE FREIRE

Eu esta a na sala de espera, aflita como nunca em minha vida.

Passaram-se horas e não havia nenhum notícia da minha mãe. Algumas pessoas estavam ali, Pocah, Gilberto, os Webbers e até mesmo os pais de Bill, que mesmo tendo um filho desnaturado, são boas pessoas e tem um afeto grande por minha família.

Eu estava sentada em uma das cadeiras abraçando o meu corpo trêmulo.

Eu não conseguia ao menos me mover, minha mente ainda não queria aceitar que minha mãe estava num hospital.

— Você está bem?– Gil acaricia meus cabelos.

— Não...– digo e sinto uma lágrima descer por meu rosto.

— Vai ficar tudo bem!

Um homem, provavelmente, um dos médicos por suas roupas, se aproxima de nós, com uma expressão cansada.

— Paciente Fátima Freire.– me levanto de imediato.

— E-eu sou filha dela!– o homem me encara.

Ele abre a boca para falar diversas vezes, como se estivesse procurando uma maneira para falar algo.

— Me diz, por favor!– suplico.

— Eu sinto muito, ela não resistiu.

Minha mãe não!

Caio no chão e me desmancho em lágrimas. Eu acabara de perder a única pessoa que eu tinha.

Pocah, que também chorava, me envolve com seus braços. Todos ali estavam em prantos, mas nenhum se sentia como eu estava me sentindo naquele momento.

Aperto meu rosto contra meus joelhos e choro.

Não importo com quem me olha. Eu só quero gritar para essa dor passar. Eu perdi o meu pai e agora a mulher que me criou com muito amor e me ensinou a ser boa e honesta. Eu estava sozinha.

Claro, tinha meus amigos, mas não era a mesma coisa e nunca seria. Nunca!

O médico se abaixa e fica na mesma altura em que eu estava. Seus olhos castanhos tinham uma expressão triste. Ele afaga meus cabelos.

— Ela não estava correspondendo a estes dias de tratamento. O sangue dificultou a sua respiração. Eu sinto muito!– se levanta, se despede dos demais e sai.

Meu chão havia desaparecido. Eu era um nada.

— Ela não podia, Pocah!– soluço.— Ela não podia me deixar!

— Eu sinto muito, Juliette!

(…)

— Levanta, Ju! Você precisa comer alguma coisa!– Pocah aparece na porta do quarto.

— Obrigada, mas estou sem fome.

— Ju...– ela suspira.— Faz dias que você não come direito. Por favor!

— Por favor, Pocah!– sinto meus olhos arderem novamente.— Me deixa sozinha.

— Tudo bem. Estou aqui se precisar.– ela sorri e sai.

Já faziam dois dias desde o enterro de minha mãe.

Eu estava acabada.

Não conseguia fazer mada além de chorar. Não comia, não saía de casa, muito menos fui para o trabalho. Com toda a certeza já o perdi.

Mas de qualquer forma, tinha que arrumar outro emprego, afinal eu estava sozinha e as responsabilidades viriam em dobro.

Ao menos tinha Pocah durante esses dias. Ela que vem tentando me animar, me distrair e fazer com que eu me alimente.

Respiro fundo e seco algumas lágrimas que desciam pelo meu rosto.

— Até que enfim!– Pocah diz quando entro na cozinha.

Me sento à sua frente e tento sorrir.

— Come alguma coisa, tá bem?

Assinto e pego o prato de macarronada que ela colocara à minha frente.

— Como você está?– acaricia meus cabelos.

— Eu me sinto sozinha, Pocah. Ela não podia me deixar.

— Eu sei que a presença da sua mãe é insubstituível, mas eu estou aqui. Para qualquer coisa!– sorrio fraco.

— Obrigada, Pocah!– suspiro.— Acho que perdi o emprego.

— Bom, acho que devia ao menos se explicar direito. Não é possível que aquela crápula não vá te entender.— ela resmunga.

— Bem provável que não me entenda. Do jeito que ela é.— reviro os olhos.

— Se quiser eu posso chutar aquele traseiro dela.

— Não é necessário.– rio.— Bom, acho vou tentar me explicar. Se ela quiser me demitir, pelo menos vou me livrar de seu mau humor.– ela ri.— Minha mãe me faz tanta falta!

— Também faz para mim, Juliette!

(...)

— Boa sorte, Ju!– Pocah beija minha bochecha.

— Já vou indo!

— Obrigada, Pocah!– sorrio fraco.— Até mais!

— Até!– ela sai do quarto.

Já era segunda e eu estava ansiosa para ir à casa de Sarah. Não sei como ela poderá reagir quando finalmente me ver.

Provavelmente me tratará com a indiferença de sempre e me colocará no olho da rua.

Prendo meu cabelo num coque mal feito e saio de casa comendo uma torrada. Era tão estranho não ter a presença da minha mãe ali no café da manhã.

Respiro fundo.

Depois de longos minutos, finalmente chego à cada de Sarah.

Por sorte, avisto Anna no jardim. Faço um sinal com as mãos e ela me logo avista, vindo rapidamente em minha direção.

— O que aconteceu, Juliette?– me pergunta.

— Eu sinto muito, Anna! Aconteceram algumas coisas...– sinto uma lágrima escorrer.

— Oh, meu Deus! Venha!

Ela abre o portão e me abraça.

— Me fala o que houve? Como está sua mãe?– diz quando entramos na cozinha.

— E-ela não resistiu.– digo num fio de voz.

— Oh, querida! Eu sinto muito!– me abraça apertado e deposita um beijo na minha testa.— Não se preocupe, Sarah entenderá.

— Eu não sei  Eu não me importo se perder o emprego. Eu não quero que ela saiba dos meus problemas, ela não se importaria.

— Tente falar com ela, certo?

Assinto.

— Juliette Freire...– sua voz atinge meus ouvidos.

Meu corpo inteiro estremece e minhas mãos ficam trêmulas. Me viro para encará-la. Ela tinha sua habitual postura imponente e olhos gélidos, como quando a conhecera na delegacia.

Engulo em seco.

— Nos deixe as sós, Anna.– ela me lança um olhar tranquilizador e sai dali, antes apertando minhas mãos em um gesto reconfortante.

Ficamos nos encarando por alguns segundos.

Aqueles olhos verdes estavam escurecidos e aparentemente furiosos.

— Senhora Andrade...– ela ri cruzando os braços e eu me calo.

— Até que enfim resolveu aparecer.– diz debochada.— Acha que pode fazer o que quiser? Eu dei a porra do emprego para você, mas você não passa de uma irresponsável.

___________________________________________________

👁👄👁

Uma delegada em minha vida- SARIETTEOnde histórias criam vida. Descubra agora