Bônus

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SARAH ANDRADE POV

Acordar e ver aqueles cabelos castanhos esparramados pelo travesseiro branco foi maravilhoso. Seus olhos estavam fechados e sua respiração suave batia em meu peito.

Como nossa noite foi maravilhosa! Como foi maravilhoso tê-la em meus braços. O modo que ela se entregou à mim.

Mas quando tudo acabou, me veio a pergunta: o que está sentindo?

Eu não sei!

Eu não sabia o que eu estava sentindo. Eu estava com medo. Medo de... De apaixonar. Ou será que... Eu já estou apaixonada?

Não, não estou!

Me levanto da cama e passo as mãos pelos cabelos.

Nunca tive medo de algo, mas esse sentimento que ela está trazendo à tona está me deixando assustada.

Visto uma calça moletom cinza e uma regata, mas antes a olho. Suspiro.

Paro à frente da grande janela que havia na sala.

Ela entrou na minha vida para bagunçar tudo, só pode ser isso.

Onde está aquela mulher calculista, egocêntrica e fria que nunca se apega? Deixo algumas lágrimas caírem.

E se o amor me machucar como fez com minha mãe?

Respiro fundo. Ela está me tranformando. E a pergunta é: Devo deixá-la fazer isso?

- Sarah?- ouço sua voz baixa.

Meu corpo estremece. Eu não podia olhá-la. tinha apenas que dar um ponto final em tudo isso. Abaixo a cabeça.

- Não devia ter acontecido...- as palavras saem da minha boca amargas.

- O quê?- murmura.

- Deveríamos ter parado! Aquilo... Aquilo não podia acontecer.- a encaro.

Seus olhos estavam triste e decepcionados.

- Sarah...

- Pode ir pra casa! Pode tirar o dia livre.- volto olhar para fora da janela.

Ouço seus passos rápidos nas escadas e suspiro pesadamente. Depois de alguns poucos minutos, ouço novamente seus passos e logo a porta da sala ser fechada com certa força.

O que eu fiz?

(...)

- Você está bem?- Arthur pergunta, depois de entrar em minha sala.

- Estou...- digo bebendo mais um gole de uísque.

- Não, não está!- ele para à minha frente.- Me fala o que aconteceu.

O olho. Eu havia ido trabalhar,mas meus pensamentos ainda estavam distantes em uma única pessoa. Eu podia me abrir com Arthur.

Suspiro e passo as mãos pelos cabelos.

- Promete que não vai rir de mim?- pergunto.

- Fala!- revira os olhos.

- E-eu acho que estou apaixonada!- fecho os olhos já esperando suas risadas, mas não ouço nada.

Abro os olhos e ele me encara de braços cruzados.

- Acha que está?

- Sim! Arthur, eu nunca senti isso!- me levanto e tiro meu óculos.

- O que você sente, Andrade?- insiste.- O que sente em relação à Juliette?- franzo o cenho.

- C-como sabe?

Ele ri.

- Acha que eu não vi na festa sua súbita vontade de matar Rodolffo por estar dançando com ela e por ter ficado a festa inteira ao seu lado?

Dou de ombros.

- Me fala o que sente quando ela está perto, quando à vê, quando a toca.

- Eu não sei dizer! Só sei que tem sido maravilhoso e ao mesmo tempo assustador.- suspiro.- Adoro quando ela morde os lábios quando está nervosa ou pensativa, sua doçura e inocência, seus cabelos castanhos, seus olhos.- suspiro.- Seu corpo.- respiro fundo com a lembrança de nossa noite.

- Vocês já...- assinto.

- Mas como já era de se esperar, eu fiz merda. Eu fui uma completa idiota!- me sento novamente.

- E o que está fazendo aqui?

- Como assim?- franzo o cenho.

- Por que não foi atrás dela, sua idiota?

- Arthur, eu...

- Vai logo, sua idiota!

Assinto e pego minhas coisas. Abro a porta, mas antes abraço Arthur.

- Obrigado, você é o melhor!

- Sabe que pode contar comigo sempre. Agora vai, antes que você se apaixone por mim.- ele se afasta e nós dois rimos.

(...)

Já faziam quase duas horas que estava parado em frente a casa de Juliette e a coragem de falar com ela não vinha. Eu nunca estive tão nervosa em toda minha vida.

Porque essa mulher me deixa assim? Puta que pariu!

Olho no relógio, já eram meia noite. Tinha que ir até lá. Bato na porta freneticamente. Não demora muito e a porta é aberta. Ela solta algo de suas mãos e me olha confusa.

- O que faz aqui?

Paro e observo seu corpo coberto pela peça de seda azul. Suspiro.

- Juliette...- digo a empurrou para dentro da casa, tomando seus lábios para um beijo.

Ela me empurra.

- Você está maluca?

- Juliette..- passo as mãos pelos cabelos.- Me desculpe! Eu só quero...

- Você é louca!- solta seus braços ao lado do seu corpo.- Eu não te entendo! Uma hora parece que me quer por perto e outra me trata com indiferença.- fecho os olhos com força.

Se ela soubesse!

- Juliette...- tento dizer, mas ela me interrompe.

- Me diz o que você quer, Sarah?- grita.- O que quer de mim?

- Eu quero você!- aponto para ela.- Eu me apaixonei por você!- grito.


Uma delegada em minha vida- SARIETTEOnde histórias criam vida. Descubra agora