Epílogo

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E aí galerinha, tudo bom? É, chegou o momento de dizer adeus para AV. Sério, eu amei escrever essa história, e fiquei muito feliz que vocês gostaram dela também. Sem mais delongas, vamos para o capítulo. Desculpem qualquer erro e boa leitura ;)


Alguns anos depois

— Você já contou pra sua mãe sobre isso? — Meu pai perguntou enquanto desmontávamos as barracas, Jonas estava guardando nossas mochilas no carro.

Depois dos eventos traumáticos que marcaram o meu aniversário de cinco anos, meu pai só foi me procurar quando eu já estava entrando na adolescência, com doze anos. Ele dizia e mostrava estar arrependido de tudo o que tinha acontecido no passado, e que queria recuperar o tempo perdido. Mas as coisas não eram fáceis assim, eu me lembrava com clareza de quando fui arrancado dos braços da minha mãe e mantido longe dela, meu pai era um vilão para mim e demorou anos até que eu aceitasse conversar com ele sem ter um surto de raiva.

— Filho? — Minha mãe me chamou enquanto dava batidas leves na porta do meu quarto, ela abriu uma fresta e colocou a cabeça para dentro. — Podemos conversar?

Meu pai tentava se aproximar de mim há três anos quando isso aconteceu, eu já não tinha mais crises de raiva por causa do acompanhamento psicológico que voltei a fazer, porém ainda temia deixar Rip entrar na minha vida. Se eu permitisse que ele fizesse isso, mesmo que fosse pouco, não estaria traindo minha mãe e Sara? Naquela noite eu terminei de jantar e fui direto para o quarto me deitar, escutei as duas conversarem um pouco em voz baixa e, logo depois, minha mãe apareceu.

Não respondi, apenas me sentei na cama e dei duas batidinhas no colchão ao meu lado, indicando que ela podia se sentar ali. Além das preocupações envolvendo meu pai, eu começaria o Ensino Médio na manhã seguinte, então posso dizer que estava bem nervoso e ansioso.

— Eu sei que é difícil para você toda essa situação com o seu pai, mas eu quero que você comece a pensar apenas com a sua cabecinha. — Ela fez um carinho em minha bochecha, minha mãe sempre foi bastante carinhosa comigo. — Nunca vou gostar do Rip, nem a Sara, porém as nossas questões com ele não devem refletir em você. Não iremos te amar menos se você quiser ter algum tipo de contato com ele, não deixe de fazer o que sente vontade por medo do que vamos pensar. Querido, você é nosso filho, sempre iremos te apoiar.

Não gostava de chorar, mas naquela noite me permiti ter um momento de fragilidade e derramei muitas lágrimas apoiado no ombro da minha mãe. Lágrimas de alívio, de ansiedade, de medo. Ela me acolheu em seus braços e garantiu que tudo ficaria bem, como as mães sempre fazem. Um tempo depois, quando eu já estava um pouco mais calmo, Sara apareceu e se juntou ao nosso abraço. Os filmes sempre retratavam as madrastas como mulheres más, eu mesmo tinha tido uma experiência bem negativa com a Gideon, mas a Sara não era assim. Ela era maravilhosa, me amava como se eu fosse seu filho e eu a via como se fosse minha mãe.

Desde aquela noite, passei a ter contato com Rip. Bem pouco, eu não queria ser próximo dele, porém me permiti conhecê-lo um pouco melhor, além do meu irmão caçula. Meu pai vinha me ver um final de semana por mês, assistia a alguns dos meus jogos de futebol e, nas férias de verão, ele me levava para acampar, junto com Jonas, por uma semana. Nos dávamos bem, ele não invadia meu espaço e respeitava a minha vontade de não conviver com Gideon, eu não suportava aquela mulher.

— Não, ainda não.

— Ela vai ficar muito orgulhosa, tenho certeza disso. — Ele apertou meu ombro um pouco sem jeito, não éramos carinhosos um com o outro. — Eu estou.

Sorri de canto em agradecimento, era bom saber que meu pai estava orgulhoso de mim. Terminamos de arrumar tudo no carro e fomos embora do acampamento, eu e Jonas ficávamos discutindo de brincadeira sobre qual música colocar no rádio e Rip sempre acabava colocando algum hit dos anos 80. Meu pai tinha cometido muitos erros e estava longe de ser a melhor pessoa do mundo, mas vê-lo se esforçando para ter uma boa relação comigo e me proporcionando ser amigo do meu irmão caçula, era bem importante para mim.

A Vizinha do Apartamento 202Onde histórias criam vida. Descubra agora