Capítulo 3

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Pondo os pingos nos Is

   A expressão “por os pingos nos Is” significa esclarecer algumas coisas, geralmente usamos quando queremos saber os detalhes de algo não resolvido. O universo não tem que por pingos em lugar nenhum, ele faz o que bem entende e os mortais que lidem com isso depois, o problema é que os pobres mortais às vezes nem sabem o que precisa ser esclarecido.
   Sunoo se sentia profundamente culpado pela noite na biblioteca, principalmente quando sunghoon faltou dois dias seguidos na aula, ele sentiu que havia magoado o garoto e nem sabia exatamente o que havia feito.
   Pensando nisso, decidiu fazer o que qualquer boa pessoa faria, se desculpar, mas não por mensagem, ele já havia mandado milhares de mensagens para o Park. Sim, kimsunoo estava a caminho da casa de sunghoon, arrastando niki consigo.
     - não entendo por que me trouxe junto, eu não tenho nada a ver com isso, nem de gay eu gosto – reclamava sendo conduzido por sunoo
     - cala a boca, isso é tudo culpa sua
     - como raios isso poderia ser culpa minha?
     - não sei, é tudo sempre culpa sua, você deve ter dado trabalho pro universo e ele sem querer descontou em mim
     - então sua conclusão é que eu dei um jeito de desviar meu karma pra ti? – parou de forma que sunoo também parasse – mó louco, vou tentar de novo, na próxima eu acerto o jungwon
  Fingiu nem ter ouvido, apenas seguiu a passos acelerados em direção ao endereço indicado por jungwon, segundo ele, aquele era o endereço do pai de sunghoon. Era em um prédio não muito luxuoso e sinceramente, dava calafrios em sunoo.
   Pararam em frente ao endereço que constava, tocando a campainha. Quando a porta se abriu, tiveram a visão de um homem de meia idade, alto e bonito, ele realmente se parecia com o sunghoon.
   Niki por outro lado parecia conhecer aquele homem de algum outro lugar, por isso, ficou certamente desconfiado.
     - bom dia, senhor park, eu me chamo Kim Sunoo e esse é o Niki Nishimura, eu sou colega de classe do sunghoon, seu filho, e gostaria de falar com ele – sorriu gentilmente
     - ah, meu filho sunghoon... ele não está em casa no momento... – o homem tentou parecer gentil, mas foi por um deslize que niki notou o volume de algo em seu bolso traseiro e se parecia muito com um tipo de faca.
     - ah sunoo, a sua mãe tá ligando! – exclamou puxando o garoto – já voltamos, senhor park
     - você nem tem o numero da minha mãe – exclamou um andar abaixo daquele
     - fala baixo e presta atenção – niki o alarmou – eu conheço esse homem e ele não é o pai do sunghoon
     - o quê? Mas aqui é o endereço que consta na ficha
     - mas você sabe o que não consta naquela ficha? Que aquelecara é um ator de aluguel da deep web – mostrou uma imagem em seu celular, claramente ele era o cara em questão
     - meu deus... por que o sunghoon mentiria na ficha dele?
     - porque você estava certo, ele esconde alguma coisa
     - repete
     - o quê?
     - que eu tava certo – sorriu grande vitorioso
     - sem tempo, a gente precisa sair correndo daqui agora, aquele homem tem uma faca e não vai deixar de usar se perceber que a gente sabe a verdade – desta vez, niki puxou sunoo para fora daquele prédio
   Correram e só pararam em um beco ali perto, onde se escoraram sobre uma parede para retomar o folego.
     - sunoo, eu te amo, por isso mesmo eu vou te dizer, não meche com o sunghoon, deixa o moleque em paz e para com essa sua noia de descobrir a verdade sobre ele
     - mas...
     - sabe que eu estou certo
     - tudo bem – baixou o rosto triste
     - me promete que vai deixa-lo em paz?
     - prometo – estendeu-lhe o mindinho, encostando os polegares um no outro.
   Ele não queria deixar de procurar pela verdade, não queria abandonar a única certeza que tinha, pela primeira vez na vida ele estava realmente motivado a fazer algo e não podia desistir, ele estava certo e agora tinha ciência disso.
   Por isso, mesmo que doesse profundamente em si, sunoo mantinha seus dedos cruzados atrás das costas enquanto fazia a promessa, isso significava que ele estava mentindo e era doloroso para si mentir para seus amigos.
   Já era noite, andava sozinho em direção à um café qualquer, eram passos adiante em direção ao local, mas passos contrários em direção a sua verdade, ele sentia que estava se perdendo naquilo, escondendo de seus pais, mentindo para seus amigos... estava tudo errado.
   Adentrou o local relativamente quente, o local lhe trouxe o conforto que procurava e pode soltar o ar que nem sabia que segurava. Sentou-sea uma mesa e perdeu seu olhar sapeca entre rostos, todos desconhecidos, muitos adultos haviam acabado de sair do trabalho, alguns universitários faziam trabalhos atrasados vivendo a base de café e um grupo de mães se sentava em uma mesa redonda para fofocar enquanto seus filhos brincavam em um mini playground em um canto da cafeteria.
   Por entre todos os rostos daquele lugar confortável, sunoo reconheceu um, parksunghoon. Seus olhos se arregalaram e seu peito se encheu de alegria, tinha a chance de falar com sunghoon e...
   Suas esperanças morreram ao notar que o garoto não estava sozinho, sorria para uma garota com quem conversava, eles pareciam bem... próximos, sem duvida estavam próximos. Algo doeu em sunoo e ele nem sabia o que.
   Algo porém, lhe chamou a atenção, sunghoon usava uma jaqueta de uma universidade que havia ali perto, uma universidade bem cara na verdade, não fazia sentido, afinal eles estudavam juntos. As coisas só se tornaram mais loucas para si quando a mulher em questão lhe chamou de “Min Kong-myeong”.
   Sutilmente sunoo se dirigiu a uma mesa mais perto para observar os dois, nada daquilo fazia sentido para si.
   Viu cada um daqueles movimentos de camarote, uma mão de sunghoon foi depositada sobre a coxa da garota e a outra se encontrava na curva de seu pescoço. Sunoo sentia que devia desviar os olhos ou apenas deixar o local, mas algo chamou sua atenção novamente, o celular de sunghoon que havia sido posicionado sobre o da garota. Após uma notificação no aparelho, ele lentamente se desvencilhou da garota.
     - eu preciso ir, yuha – disse pegando seu aparelho
     - adeus, oppa – ela sorriu grande
   O parkse aproximou do caixa para pagar, mostrou o documento afirmando ser de maior e após um breve aceno para a garota, deixou o local.
   O documento, aquilo não fazia sentido, sunoo viu claramente quando ele mostrou a imagem de si, mas com o nome Min Kong-Myeong e a idade de 22 anos. Aquilo era estupidamente suspeito.
   O seguiu até o lado de fora, ele falava no celular com outra pessoa.
   “deu tudo certo com a transação do dinheiro? Isso! Foi fácil como tirar doce de criança, acho que vou começar a marcar mais encontros com filhas de caras ricos... se alguém desconfiou? Sabe que não, o documento estava perfeito, você sabe... não acredito que me fez falar isso em voz alta, babaca”
   Muita coisa para se absorver, nadadaquilo fazia o mínimo de sentido, quem era aquela garota? Com quem sunghoon falava no telefone? Quem raios era kong-myeong? Sunoo precisava descobrir o quanto antes.
   “sim jay, eu já estou indo pra aí e... espera, tem alguém me ligando, já te retorno... – ele desligou a ligação recorrente e atendeu o numero que lhe ligava – boa noite, senhorita Lee, sim, é o jihoonyang, eu já te mando as fotos dos documentos, obrigada pela vaga de emprego”
   Yang jihoon, mais um nome que não pertencia sunghoon, outra conversa sem explicação, sunoo sentia que agora estava preso em uma teia de aranha e a única forma de sair seria chegar até o fim dela.
   Assim que sunghoon (se é que se chamava assim, ele nem sabia mais) guardou o celular e voltou a andar, sunoo fez o que nunca se imaginara fazendo, começou a segui-lo em direção à algum lugar.
   Andaram por um tempo até chegarem ao beco onde niki e o kim haviam parado para descansar mais cedo, agora fazia sentido, era perto do prédio, dava tempo de sunghoon entrar pela janela dos fundos se precisasse estar com o “pai”. Sem duvida um plano bem articulado, mas por quê?
   Decidiu que não podia continuar com isso naquele dia, já estava tarde e não podia estar ali naquele horário, era perigoso e seus pais deviam estar preocupados em casa, afinal o garoto ainda não havia chegado em casa após a escola.
   Voltou para casa de ônibus pensando sobre tudo o quevira, tudo o que mentira, tudo o que esconderia a partir de agora, tudo isso para provar para si mesmo que podia fazer isso, que não era besteira, que ele era completamente capaz de fazer tudo o que queria.
   No outro dia, sunooestava estranho, seus amigos perceberam isso, seus professores perceberam isso, até mesmo sunghoon, que finalmente havia voltado à escola, havia percebido isso. Ele parecia não ter pregado os olhos na noite passada, ria pouco das piadas, se perdia em pensamentos e nem se quer olhou para sunghoon, o que doeu para o mais velho.
   Falta é um sentimento que desperta curiosidade, não importa em qual língua, a expressão “estou com saudades” sempre vai soar como um “te amo” tímido, mas o que realmente é sentir falta? É uma doença? Saudade tem cura? Quanto tempo em contato com o sujeito em específico você precisa para sentir falta dele? Sunghoon não sabia, mas sem que percebesse, se pegou sentindo falta do sorriso de sunoo, de seus olhos de meio luar, sentia falta disso...
   Depois da aula, sunoovoltou a sua missão de seguir sunghoon, estava inquieto e o objeto em sua bolsa era o motivo. O park foi direto para uma loja de roupas, foi tudo bem rápido, reclamou que uma peça em especifico havia vindo com defeito, a moça de seu caixa lhe deu as costas e foi trocar a peça, neste meio tempo, sunghoon colocou um tipo de cartão na maquininha de pagamento.
   Sunoo não entendeu bem o que era aquilo, mas depois de uns minutos e de uma notificação no celular de sunghoon ele chegou à conclusão de que o park havia transferido o dinheiro da maquina para a sua conta, tipo um processo inverso.
   A moça voltou com uma peça igual, mas nova em folha, pediu para que sunghoon lhe mostrasse seus documentos para que pudessem dar nota do ocorrido e ele lhe mostrou a identidade.
     - muito obrigada senhor leesongha, agradecemos pela preferencia e lamentamos o ocorrido – ela disse fazendo uma revência curta
   Mais um nome, como isso era possível? Não queria saber, no dia seguinte ele daria um jeito de colocar os malditos pingos nos Is(sempre odiou pingos em Is, que irônico).
   Aguardava ansiosamente para o fim da aula, era seu terceiro dia de busca e desta vez não seguiria sunghoon, o tiraria de seu curso e daria um jeito nisso rápido. Quem via sunoo nesta angustia não o reconhecia, era quase outra pessoa, isso tudo porque as coisas que vira o consumiam, ele não dormia, comia pouco e só pensava em terminar aquilo, era assustador ver o rostinho bochechudo marcado por olheiras fundas e escuras.
   Esperou pelo intervalo e pegou um dos cadernos de sunghoon escondido, nada demais, um caderno comum de escola, mas crucial para os estudos de sunghoon.
   Ao final do período de aulas, deu uma desculpa para niki para não ir ao cinema consigo naquele dia.
     - sunoo, você tá estranho, tem alguma coisa pra contar pra gente? – o garoto já havia entendido tudo, sunoo havia mentido para si e ainda estava seguindo sunghoon.
    - claro que não, tá tudo bem, não tem nada errado – mentiu sorrindo
   Foi como uma facada, niki lhe deu as costas sem dizer uma misera palavra e o kim sabia exatamente o que aquilo significava, seria ignorado até que pedisse desculpas, mas não tinha tempo no momento.
   Mal olhava para os lados, deveria estar com medo, mas sorria ao sentir aquela adrenalina, se sentia vivo e completo, pegou ambos os objetos de sua bolsa, colocou o primeiro na parte traseira do cós da calça e o caderno em mãos.
   Deu-lhe três batidas mínimas na porta de ferro, parecia até a porta dos fundos de algum estabelecimento abandonado. Quem atendeu foi um garoto com um tipo de undercut loiro, ele parecia ser pouco mais velho que si. O garoto em questão lhe encarou de cima a baixo, olhou para dentro e voltou a lhe encarar.
     - quem é você?
     - kim sunoo, eu estudo com o sunghoon – sorriu inquieto
     - quem é sunghoon? – mentiu de forma convincente
     - não deve ser filho do cara do apartamento – ironizou – já você deve ser o jay
     - escuta aqui – rangeu os dentes – não te conheço e não pretendo, sai daqui
     - só quando eu puder entregar isso para o sunghoon – indicou o caderno em mãos
     - eu entrego – tentou pegar o objeto, sunoo, porém, desviou de seus movimentos
     - sem chance, eu só entrego para ele, ninguém mais
     - ele não está em casa, vai demorar pra voltar
     - eu tenho o dia todo – cruzou os braços se escorando sobre a parede contraria
     - não tem não, você vai sair daqui agora e vai ficar bem pianinho – ameaçou se aproximando
     - ou o quê? – o garoto desafiou na mesma medida
     - kim sunoo? – a voz de sunghoon foi ouvida na entrada do beco, com passos largos ele se aproximou – o que você está fazendo aqui?
    - vim te dar isso – ergueu o caderno sem tirar os olhos de jay – quer saber? Quem eu estou querendo enganar? Eu vim aqui porque a gente tem uns assuntos a esclarecer, sunghoon, quer dizer, se esse é o seu nome mesmo
     - o que está acontecendo aqui? – heeseung apareceu
     - esse espertinho tá querendo levar uns sopapos – o loiro rosnou
     - quero mesmo é ver tentar – jay empurrou o kim contra a parede segurando-o pelo colarinho, pronto para enche-lo de socos
     - já chega, hyung, solta ele – sunghoonexclamou
     - tá maluco?
     - eu mandei soltar! – aumentou o tom de voz, obrigando o mais velho a soltar sunoo e se escorar na porta – sunoo, eu posso te explicar...
     - imagino que possa e aliás, eu vou amar ouvir, porque no ultimo dia eu ouvi pessoas te chamarem por quatro nomes diferentes e eu duvido muito que algum deles é seu, então, se puder me explicar eu agradeço
     - você entendeu tudo errado, volta pra casa e a gente combina um dia pra sair e...
     - não tenta me enrolar – aumentou o tom de voz – eu de verdade preciso que me diga a verdade e eu não vou sair daqui sem ela
     - sunoo, você está me estressando – passou a língua pelos lábios – presta atenção
     - não, agora eu vou falar, park sunghoon – tirou o objeto de seus costas e o posicionou em direção a cabeça do garoto que arregalou os olhos, isso mesmo, kim sunoo segurava a droga de uma arma – quer saber, nem sei se deveria te chamar assim, será que é seu nome de verdade?
     - s-sunoo, a gente pode entrar e conversar numa boa, mas abaixa isso
     - ah claro, dai eu entro e acabo com uma bala na cabeça – riu em escarnio, naquela posição kimsunoo podia ser assemelhado a um psicopata –podem até tentar, mas eu tenho um contato em especial que está me rastreando agora, se eu não der sinal de vida ele vai acionar a policia e eu tenho quase certeza de que aí dentro tem provas para deixar vocês uns bons anos na cadeia, não acham?
   As ameaças eram plausíveis e irrefutáveis, sunoo estava blefando, mas eles não faziam ideia, não havia ameaça, não havia jeito, não havia palavra que calasse kimsunoo, a não ser a verdade.
   Sunghoon não realmente sabia o que havia feito de tão errado para que sunoo se colocasse naquela posição, tendo uma arma apontada para si, sinceramente, nem o kim sabia, estava bravo por motivo nenhum, pelos problemas alheios, mas acontece que o park estava mentindo e ainda sim parecia bem, isso despertou em sunoo a vontade de querer descobrir o segredo da felicidade por entre essas mentiras.
     - do que eu te chamo agora? Eu não sei quem é você... – fez um pequeno bico – eu tive uma ideia, na minha família nós temos um apelido para mentirosos, ladrões e filhos da mãe – encostou o cano gelado da arma a engatilhandona testa do garoto, o fazendo arrepiar dos pés a cabeça – covarde, é um bom nome, não acha? Para falar a verdade, eu pensei em nomes piores, mas esse já basta, se encaixa bem até
    - eu juro que se me deixar explicar eu te digo TODA a verdade, sem deixar nenhum detalhe passar – suava frio de olhos fechados
     - qual minha garantia?
     - se sentir que eu estou te enganando pode pegar o dinheiro que temos ali dentro
     - não ligo pra esse dinheirinho sujo
     - pode nos denunciar – jay e heeseung se entreolharam assustados pelas palavras do mais novo
     - agora estamos falando a minha língua – sorriu vitorioso, jay abriu a porta para si, por onde ele entrou com todo o vigor.
   Entrou na casa olhando tudo que estava ao alcance de sua visão, observou que não chegavam nem perto de serem os jovens mais organizados, haviam vários computadores em um quarto e no balcão da cozinha havia uma bolsa com vários documentos falsificados, mais de 100, sem duvida. Se sentou sobre o sofá, deixando a arma em seu colo.
   Sunghoon pegou uma cadeira se sentando de frente para o garoto, de verdade queria se sentir ameaçado por sunoo, afinal, ele era sua maior ameaça desde de que começara essa bagunça toda, mas era muito difícil levar sunoo a serio. Com olhos infantis ele percorria o lugar prestando atenção em cada detalhes, parecia uma criança descobrindo um mundo novo. Tirando o fato de que tinha um revolver em seu colo.
     - vamos conversar – sorriu, sunghoon esperava ver aquele sorriso de novo, mas não nessa situação
Olhou para seus amigos que os observavam de longe, não podia os colocar em perigo, sunoo poderia os colocar na cadeia com uma misera ligação.
     - bom, sunoo, primeiramente eu gostaria de me desculpar por ter saído correndo da biblioteca, eu devo ter te deixado bem preocupado, foi tudo minha culpa, eu só não sabia lidar com aquela aproximação toda... – a cada palavra que proferia ele se aproximava mais do garoto, prendendo toda a sua atenção, heeseung e jay se encaravam confusos – eu só acho que gostei demais, rápido demais, foi uma explosão de sentimentos que eu não sabia lidar, mas agora... – deslizou a sua mão pela coxa alheia
     - sabe, você é tão lindo que... – estava a milímetros do rosto de sunghoon, quando mais uma vez engatilhou a arma que agora estava na esquerda em direção ao peito do garoto – deve achar que encanta qualquer um
     - o maluco é brabo mesmo – jay foi repreendido por heeseung – o quê? Por acaso menti? Ele descobriu tudinho, deu um jeito de chegar aqui e ainda é foda ao ponto de não acreditar no sunghoon, até eu tavaacreditando
     - obrigada – sorriu em direção ao park mais velho, aquele mesmo sorriso que faziam seus olhos de luar se resumirem a duas linhas, o mesmo que inflava suas bochechas, o mesmo que o fazia parecer a pessoa mais fofa do muito, pra onde foi essa inocência?
     - tem certeza que a gente tá sendo ameaçado por um bolinho? É serio, ele parece uma criancinha, eu devo estar tendo um pesadelo – heeseungreclamava
     - podem me contar a verdade agora – cocou a própria cabeça com a arma – ah, esqueci a palavra mágica! Por favor... – sorriu piscando os olhinhos
     - temos escolha? – se entreolharam suspirando derrotados
     - olha aqui, kimsunoo, vamos te contar a verdade, mas você tem que prometer calar a boca e não contar pra ninguém
     - minha boca é um tumulo – fingiu fechar a boca como um cadeado e jogar a chave fora, tão... infantil
   Se sentindo finalmente rendido e até mesmo humilhado, park sunghoon colocou tudo para fora, tudo o que havia prezado para esconder, agora a verdade era despejada de frente a sunoo e ela era muito pior do que jamais pudera imaginar.
   Abaixou a cabeça de boca aberta absorvendo tudo, essa aventura havia tomado proporções as quais jamais imaginou, a adrenalina que corria em suas veias fazia seu coração se acelerar, suas bochechas queimavam e um frio havia tomado seu estomago. Essa mistura fornecia uma sensação de vitalidade ao qual nunca lhe fora proporcionada antes, nem mesmo com a dança. Ainda de cabeça baixa, um sorriso de canto se formou em seus lábios, ele havia gostado do que ouviu.
     - eu quero participar
     - desculpa, eu me perdi no personagem por acaso? Não me lembro de ter pedido recrutas
     - também não me lembro de ter pedido, eu VOU participar – deu ênfase na palavra – e não há nada que possam fazer, do contrario, eu coloco todos vocês na cadeia
     - sunoo, isso nem faz sentido, você disse que não queria nem saber do dinheiro sujo, alias, você já tem todo o dinheiro que precisa para viver tranquilo
     - não quero saber do dinheiro, se quiserem nem precisam dividir comigo, eu quero participar do golpe, apenas, quando te disse sobre como eu amava a dança, eu fui sincero, eu realmente só me sinto vivo quando danço, mas eu quero mais, eu quero me sentir vivo vivendo, fazendo algo que faça eu sentir que sou bom nisso, que fiz bem e que ninguém faria melhor, eu quero segurar uma arma e ter certeza de que eu vou conseguir o que eu quero e como eu quero, não ligo para o que eu vou ter que fazer pra conseguir
     - que psicopata – jay riu em escarnio impressionado
     - e como acha que faria isso? Acha que tem algo que poderia adicionar na nossa equipe? – para a surpresa de sunghoon, heeseung parecia pensar na proposta do garoto
     - poderia dizer que não tenho medo de morrer, mas é mentira, eu tenho muito medo de morrer e é isso que me impulsiona a viver, eu quero sempre ir mais fundo, chegar até o fim da historia, alcançar os meus objetivos acima de tudo, eu quero conseguir o que eu quiser sem precisar pedir a ajuda dos meus pais, eu não sou um boneco de porcelana
     - claro que não, você é um filho da puta insistente do caralho – jay exclamou serio levantando a mão – mas também é inteligente, eu gostei de ti
     - concordo com o jay, ele pode ajudar o sunghoon no trabalho de campo, poderia aumentar o nosso patamar – elevou a mão
   Agora, havia na sala apenas sunghoon com a mão abaixada, não podia acreditar que seus amigos haviam realmente o traído a favor de kimsunoo, o queridinho do universo que tinha tudo o que queria. O que um garoto como esse poderia saber sobre roubar? Sobre dar golpes?Sobre mentir? Nada! Ele não devia saber nada e provavelmente iria atrapalhar. Porém, ele se encontrava sem escolha, ele tinha de aceitar ou poderia parar na cadeia e todos os seus sonhos iriam para o ralo.
   Em um movimento contra a sua vontade, sunghoon ergueu a mão lentamente, Jay e heeseung se entreolharam sorrindo.
     - bom, kim sunoo, você tá dentro
As palavras fizeram sunoo sorrir grande, ele finalmente fazia parte de algo de verdade, era louco, era amedrontador, era quase magico. Se levantou olhando sunghoon de cima, segurou-o pelo queixo com uma das mãos se aproximando.
     - não tente me evitar, eu vou estar aqui todos os dias até que eu consiga o que eu quero, então não tente fazer graça, você pode mentir bem, mas seus olhos não, por isso eu vou arrancar cada pinguinho de verdade que eles possuem até que você aprenda que eu não estou brincando, nem que para isso eu mesmo tenha que arrancar seus olhos – o soltou acariciando madeixas do seu cabelo – não queira me odiar, eu posso ser seu melhor amigo ou seu pior inimigo, meu caro covarde, mas não vai gostar de me ter como inimigo
   Se levantou e foi levado a porta pelos mais velhos, que prometeram lhe explicar tudo na próxima manhã, antes do horário das aulas. Os afastou de sua frente e usou a arma para atirar em um copo que estava em cima da TV, a bala passou raspando pelo rosto de sunghoon, que fora apenas atingido por um pequeno caco de vidro, que ficou preso em seu ombro, este soltou um grito pela dor.
     - eu vou estar aqui amanha cedo, você querendo ou não – avisou antes de dar as costas e sair saltitando ainda com a arma na mão e a mochila colorida nas costas
     - sinceramente, sunghoon, você não podia ter arrumado um namorado que desse mais trabalho – jay fechou a porta atras de si
     - ele não é meu namorado, ele é um metido do caralho que me enganou com um sorriso de criança – arrancou o pedaço de vidro soltando um gemido sôfrego
     - ele mente bem, não tem medo de usar uma arma, enganou todo mundo com a carinha de anjo e as não caiu nas investidas no sunghoon, ele parece até alguém que eu conheço –encarou o garoto que havia acabado de se jogar no sofá
     - claro que não, o sunoo é muito mais foda – jay provocou recebendo uma almofadada na cara
     - de qualquer maneira, vocês querendo ou não, ele vai estar aqui amanhã e acreditem em mim, sinto que ele vai dar uma boa ajuda, não confio nele, mas sinto que ele estava sendo sincero – disse heeseung dando as costas – tentem pelo menos pensar nisso
   Sunghoonse pegou pensando em tudo o que precisava ser esclarecido em si, tudo o que ele não sabia e tudo o que sabia e não aceitava. Vários Is foram ignorados por sunghoon “que se fodam os pingos, eles me machucam” era o que pensava, só queria poder esclarecer tudo para si mesmo sem sair machucado.
   Sunoo, por outro lado, havia esclarecido as coisas de maneira simples, tanto para os garotos quanto para si mesmo, queria viver esse proposito louco e, apesar de tudo o que havia dito, ainda não sabia exatamente o porquê. Sinceramente, ele tinha de tudo para ganhar a vida só com a dança, mas não, ele preferia apostar tudo em um mundo de golpes? O que havia de errado consigo?
   Talvez alguns pingos ainda precisassem se posicionar, as coisas não eram e nunca foram completamente claras, a vida era difícil e o universo amava isso, era quase divertido. Kim sunoo, porém, sentia que tinha que ter uma conversinha com o universo sobre as regras desse jogo, porque ele, sem sombra de duvidas, estava disposto a quebrar todas elas pra conseguir o que queria.









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Obrigada pela leitura, até o próximo cap ;)

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