Capítulo 14

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Oii gente!!
Eu estou muuuuito feliz com todas as leituras, sério, eu não imaginei que realmente fosse dar em alguma coisa a postagem dessa fic, sinceramente eu não tinha muita confiança nela, mas vcs estão aqui lendo e isso pra mim é incrível, então muito obrigada a todos vcs!
Tenham uma ótima leitura 🤗💕








Um pouco demais para todo mundo

   Desde sempre eu me senti como um peso morto sem nenhum propósito no mundo, assim eu tentei ser engraçada, talentosa, inteligente, importante, inspiradora, tentei fazer mil e uma coisas, me tornei boa na maioria delas e até me orgulho disso. Deu um pouco certo, houve fases e fases da minha vida e cada uma delas tinha como característica principal o que eu tentei ser, isso marcou minha personalidade, ou melhor, a personalidade que eu criei exatamente para aquela situação, para aquela pessoa. Assim, muitas pessoas me conhecem por características diferentes, me elogiam por elas, muitas vezes elas nem são minhas de verdade.
   O ponto é: eu tentei ser muitas porque não me sentia suficiente, tentei fazer muito porque achava que o que eu sabia era pouco, assim, eu me tornei mais de cem e cada um dos meus personagens me consomem, me esqueci de quem sou de forma que me tornei um fardo. Tento o meu melhor por quem amo, pois assim eu não seria um peso em suas vidas, mas um peso na minha. Talvez o problema seja eu, eu sou uma responsabilidade, um pouco demais para todo mundo.
   Sunghoon sempre se sentiu pressionado, era difícil de compreendê-lo, de aceitá-lo, por isso não interagir com as pessoas por muito tempo se tornou até fácil, não precisava falar sobre si, apenas falava o que queriam ouvir e isso bastava. Para que seus golpes dessem certo, ele se tronou mais de cem. Cem é um numero grande, um pouco demais para todo mundo.
   Sunoo sempre foi admirado só por existir, as pessoas não queriam o conhecer, fingir que a realidade dele era perfeita era tão mais fácil, era tão mais confortável gostar de um alguém inalcançável e sem defeitos. Para agradar a todos, ele se tornou mais de cem. Mesmo quando se sentiu algo de menos, ele era um pouco demais para todo mundo.
   Falando no kim, ele acordou sentindo o pescoço doer, tentou massagear a área dolorida, mas logo foi impedido pelas cordas que o amarravam, só ali se lembrou onde e como estava. Olhou em volta e os garotos pareciam estar como ele, cansados e famintos, sunghoon direcionou o olhar sério a si, sunoo apenas rolou os olhos sem paciência para iniciar uma nova discussão.
   Cerca de meia hora depois, os mesmos homens do dia anterior apareceram na sala.
     - muito bom dia, quem está com fome? – o homem careca se colocou no centro deles, mas nada disseram – oh, que bom que não estão famintos, um certo alivio saber que meus convidados especiais estão confortáveis – sorriu exibindo suas presas de ouro
   Assim ele caminhou pela sala, olhando nos olhos de cada um dos quatro garotos, os quais eram enfeitados por olheiras profundas e ódio.
      - acho que já podemos negociar... é bem simples, vocês pagam a quantia que conseguiram do governador, da empresária e da senhora kim, então serão libertados, é simples
     - não temos esse dinheiro – sunghoon pronunciou
     - é mesmo? – com um sinal ele mandou um homem na direção do garoto que recebeu um soco no rosto – tem certeza?
     - já disse, não temos nada – cuspiu sangue no chão, o golpe havia machucado o interior de sua bochecha
     - podemos tentar mais uma vez
     - não, espera – exclamou sunoo antes de eles baterem em sunghoon novamente – heeseung, por que não diz a verdade a eles?
     - do que você está falando? Não temos dinheiro nenhum, essa é a verdade – o mais velho estava confuso
     - não acredito que são covardes ao ponto de deixarem o sunghoon apanhar enquanto vocês escondem aquele dinheiro todo – seu rosto se contorceu em uma expressão incrédula
     - kim sunoo, você por acaso bateu a cabeça?
     - podem fazer o que quiserem, mas eu vou sair daqui e entregar aquele dinheiro sujo – rosnou – escuta, cara, eu tenho como te ajudar
     - estou ouvindo – ele sorriu
     - eu não tenho dinheiro nenhum, eu era só um bonequinho para eles, me enganaram direitinho, eu fazia os golpes e não recebia nada em troca, prometiam que quando fosse a hora certa eu seria parte do grupo, eu fui enganado e iludido – travou o maxilar – eu não sei o número da conta, mas se me soltar...
     - ah, claro! – o homem riu – então eu te solto e você foge, ótimo, acha que eu sou burro?Você quer soltar seus amiguinhos e sumir daqui
     - meu amiguinhos? – exclamou enojado – esses desgraçados foderam com o meu psicológico e com a minha vida, se hoje eu tô metido nessa merda é por culpa deles, foram tantas as vezes que eu quis sair desse negocio, mas eles me ameaçaram, ameaçaram meus amigos e minha família, tudo o que eu sinto por eles é ódio, eu sinceramente quero matar esses idiotas e faria de tudo para desgraçar a vida deles como eles fizeram comigo
    - e o que pretende fazer?
    - facilitar a sua vida, eu sacio meu ódio até descobrir o número da conta e a senha, quando eles se tornarem inúteis e os levo para longe e os mato, eles não vão ser mais um problema e eu vou sumir em silencio, não quero seu dinheiro, eu só quero me vingar para poder morrer em paz, então se estiver disposto a satisfazer seus clientes com muitos mais eficiência... – suas palavras eram convictas e pareciam confiáveis, ele pensou por alguns instantes
     - vem comigo – o homem disse sério
   Dois homens cortaram as cordas que amarravam os pés de sunoo e as que prendiam seu corpo à cadeira, mas mantiveram suas mãos atadas. O empurravam pelos corredores, sendo guiados pelo careca.
   Chegaram então a uma sala, nela havia uma grande cadeira de couro virada, o governador conversava com a pessoa da cadeira, mas seus olhos se arregalaram assim que viu sunoo.
      - chefe, estamos com todos eles, mas apenas esse aqui não resistiu, está disposto a ajudar pela vida dos outros – o homem disse, o governador assistia a cena sorrindo
     - oh, que fofo, ele vai salvar os amigos – se aproximou do kim lhe afagando os cabelos – não parece ameaçador agora
    - ele não quer salvar os amigos, quer a vida deles para si, vai mata-los e sumir do mapa – o careca exclamou, no mesmo segundo o governador se afastou se sunoo que sinceramente se segurou para não rir da expressão do mais – bom, chefe, eu achei as palavras dele verdadeiras, não pareceu querer fugir ou resistir
     - não podemos confiar nesses garotos, eles mentem bem – ela se virou, então o de cabelos loiros pode vislumbrar sua face, era a moça da cafeteria, aparentemente ela já vinha sondando os havia muito tempo – oh, eu pensei que fosse ser o espertinho da cafeteria, na verdade, eu nem te conheço, quem é esse?
     - se chama kim sunoo, é novo no serviço
     - ele é um verme, isso sim, ameaçou a mim e a minha família, colocou a droga de uma arma na minha testa e disse que mataria meus filhos, que me mataria ali mesmo, me arrancou uma grana preta por um quadro mal feito, ele é um mentiroso de araque – o homem atropelava suas palavras furioso, o kim sorria ladino
     - não se exalte, governador – ela avisou – isso tudo é verdade?
     - sim, senhora – sunoo finalmente disse
     - você parece ter um histórico de mentiras bem considerável, me diga por quais motivos poderíamos confiar em você? – cruzou as pernas lhe olhando fundo nos olhos
     - não pode – deu de ombros
     - o quê? – a moça se inclinou
     - vocês todos estão certos, não podem confiar em mim, eu sou um golpista e isso é fato, mas eu não quero confiança, já disse que só quero minha vingança, peguem a droga do dinheiro e me deixem em paz, é só isso, não tem condições, não quero que me desprendam dessas cordas ou me façam parte de toda essa merda
     - você não faz sentindo nenhum
     - eu só sou um pouco demais pra todo mundo – sorriu de canto, ainda com as mãos atadas ajeitou uma mecha do cabelo– além do mais, vocês precisam de mim de qualquer maneira, a escolha é de vocês
     - bom, não vejo motivos para ir contra isso, deixem o garoto dar o jeito dele e depois que ele conseguir o dinheiro, lhe entreguem os garotos para que façam o que bem entenderem – rolou os olhos
   Os homens haviam entendido as ordens e já levavam sunoo de volta quando a moça lhe chamou a atenção novamente, quando exclamou seu nome.
     - diga para sunghoon, que teria sido legal se ele não fosse um golpista – ela sorriu maquiavélica
     - aposto que teria mesmo, se ele gostasse de mulheres, claro – sorriu em escárnio
   O careca lhe pegou pelo braço, de um jeito nada delicado, que sinceramente machucou o garoto, e o levou até uma sala. A casa em que estavam não parecia ser muito grande, mas pelas janelas sunoo pode ver que era um tanto afastada da área movimentada da cidade, o que explicava bastante coisa. O colocou de frente à uma mesa, onde lhe foi dado um prato de lamen meio frio, o kim franziu as sobrancelhas diante da comida.
     - não está envenenada nem nada, não vai bater em ninguém se não tiver forças – disse desinteressado
Sunoo repensou se deveria ou não comer o que lhe foi servido, mas chegou a conclusão de não tinha nada a perder de qualquer maneira.
     - o que te fez ter tanto ódio deles? – o homem perguntou enquanto o garoto comia
     - eu já disse tudo
     - eu sei, espertinho, mas isso não fundamenta uma fome tão grande por vingança e morte, o que ele te fez de tão mal?
     - ele me mostrou a verdade – foi simples e direto, mas o homem não pareceu convencido – já ouviu falar de senso comum? Se trata do que nem sempre está certo, mas é o mais fácil e confortável, não dá trabalho e todos aceitam como verdade, eu vivia no senso comum, onde tudo parecia lindo e perfeito, mas não era verdade, minha vida era uma merda e eu não percebia, foi por causa de tudo isso que eu pude abrir os olhos para a verdade, eu estava mentindo para mim mesmo, me machucando. Foi assim que tentei uma aventura adolescente e me meti em coisa errada, quebrei a cara, fiquei sozinho vegetando como um zumbi, não estava realmente vivendo, mas não era corajoso o suficiente para me matar e acabar com isso, assim, eu era uma carcaça ambulante. Por isso, eu só quero matar eles e morrer depois, é simples.
   O homem ouvia cada uma de suas palavras com atenção, era acostumado a machucar, pois foi machucado, mas ver alguém assim era como ter um espelho bem de frente para si. Não quis se intrometer nos assuntos do garoto e apenas o esperou terminar de comer para levá-lo até o lugar onde o resto dos garotos estava.
   Assim que a porta se abriu sunghoon elevou seu olhar ao kim, que empinou o nariz desviando o olhar, não sabia direito o que estava acontecendo, mas queria acreditar que sunoo sabia o que estava fazendo.
     - faz sua coisa, vai – o homem o empurrou para frente dos garotos, sunoo franziu as sobrancelhas o espiando por cima do ombro
     - bom, sabem bem o que eu quero – finalmente deu seu olhar a eles
     - já dissemos que não temos dinheiro, sunoo, que droga! – exclamou heeseung
     - é claro que tem, você sabe que tem, todos vocês sabem
     - olha, não sei o que você pensa que sabe, mas a gente tá sem grana
     - então rendam-se – disse indiferente, presenciou a confusão dos presentes se explicando – peçam desculpa por serem filhos da puta, por terem acabado com a minha vida, quem sabe eu tenha um pouco de piedade
     - sua vida sempre foi uma desgraça, não fizemos nada – jaypontuou
     - ah, mas vocês fizeram sim, me convenceram a fazer algo que eu não imaginava que era tão perigoso, me afastaram da minha família, dos meus amigos, me fizeram de palhaço
     - não faço ideia do que tá falando – finalmente sunghoon se pronunciou
     - não faz? – se aproximou a passos lentos – não se lembra de me esconder quem era? De mentir para mim? De me usar de caminho para a sua riqueza? De me fazer de idiota?
     - sunoo, escuta...
     - não me diga para escutar quando você não tem nada a dizer – esbravejou perto de si – eu te amava, que droga! Eu só queria fazer parte disso, mas eu fui idiota pra cair nessa armadilha, eu te achava um anjo sunghoon, mas acredito que o anjo era eu
   Ele se afastou do garoto indo em direção ao homem na porta, esticou os pulsos atados lhe olhando de baixo, ele sabia o que fazer. Fez um sinal com a cabeça e um homem cortou suas cordas. Chacoalhou os pulsos sorrindo, assim se aproximou do careca.
     - isso vai ser divertido de se assistir – sussurrou contra sua orelha
   Foi até um dos homens e pegou dele a garrafa de vodca que segurava. Andou pela sala sorrindo, fazia tempo que não sorria de verdade, deu-lhe uma golada no liquido, logo ponto a garrafa no chão.
     - como você pode ter sido o anjo? – arriscou jay
     - porque estar com vocês foi como o céu, quando eu caí, eu criei o inferno – sorriu se aproximando de sunghoon – adivinhem, o céu já está cheio, mas para entrar na minha casa tem que pedir permissão, é só uma pequena quantia, que eu sei que vocês tem
     - já dissemos tudo, sunoo, você sabe bem que não há dinheiro nenhum
     - é mentira! – gritou
   Para o choque dos presentes, sunoo desferiu um soco no rosto do mais velho. Com o indicador, ele elevou o queixo de sunghoon, o obrigando a olha-lo.
     - não vou pedir de novo, renda-se, amor – sorriu maquiavélico
   O homem da porta já se sentia estranho por estar ali, havia algo a mais em sunoo que não parecia certo, aquele garoto parecia doente.
     - eu vou te deixar, chame meus homens quando acabar, estaremos na terceira sala da direita – exclamou antes de sair
Assim que o homem fechou a porta, sunoo correu até ela e colou a orelha na mesma.
     - o que caralhos você tá fazendo, seu desgraçado? – exclamou jay, mas recebeu apenas um sinal para que fizesse silencio
   Depois de alguns segundos ouvindo apenas as reclamações furiosas de jay e o nada lá fora, sunoo correu de volta na direção de sunghoon.
     - você tá bem? Doeu muito?Me desculpa, eu dou um jeito nisso – segurou o rosto do mesmo com ambas as mãos o examinando
     - o quê?era... teatro?! – o park mais velho se encontrava incrédulo
     - mas que droga, sunoo, podia ter avisado, a gente entrava na sua – heeseung jogou a cabeça pra trás
     - eu sou um artista solo
   Pegou a garrafa que havia deixado no chão, despejou um tanto do álcool na manga de sua blusa, limpando os pequenos cortes que estavam distribuídos no rosto do mais velho em razão aos maus tratos dos últimos dias.
   Sunghoon fazia caretas em reação à ardência que a bebida causava nos machucados. Assistiu cada movimento de sunoo se perguntando como tinha chegado naquela situação. O kim parecia afoito, mas ainda mantinha a calma, estava certo, era como um anjo, mas um anjo como muitas faces a mais. O menor limpava os machucados que ele mesmo havia causado, isso fez o park pensar no quão perigoso havia sido se apaixonar por sunoo, era sempre assim, o garoto lhe causava um dor profunda, mas ele mesmo era o primeiro a se dispor a curar, era ser constantemente afastado e trazido para perto.
   Mesmo assim, ao ter sunoo ali perto, o que sunghoon queria fazer era abraça-lo não soltar mais, mesmo diante da situação.
   O mais novo deles se ajoelhou atrás da cadeira do park, retirou do bolso um isqueiro, o pegou quando se aproximou do careca na porta, agora usava para queimar as cordas.
     - prestem atenção, eu vou chamar o cara e vocês se escondem atrás da porta, quando ele entrar o jay acerta ele com a garrafa e a gente sai, a porta dos fundos fica na cozinha, vocês só precisam me seguir, é no andar acima desse, me entenderam?
     - como podemos confiar em você? – jay ainda não havia se convencido
     - eu estou ajudando vocês a fugirem, vai começar isso de novo? – terminou de rasgar a corda do tronco e mãos de sunghoon–desamarra a dos seus pés e vem me ajudar a soltar eles, temos pouco tempo – exclamou para o mesmo
   Sunghoon obedeceu, em pouco tempo havia desatado seus nós e ajudou o kim com os outros.
   Sunoo já não conseguia manter-se calmo, geralmente ele manteria o controle, respiraria fundo e seguiria em frente, mas naquele dia era diferente, não era apenas sua vida, a vida das pessoas que importavam para si também estava em jogo.
     - eu vou chamar ele – avisou
     - sunoo, espera – sunghoon o parou – a gente pode conversar?
     - sunghoon, a gente de verdade não tem tempo
     - mas temos tanto pendente...
     - que pode ser resolvido depois – já perdia a paciência, ansioso para deixar aquele lugar
    - você sabe que quanto mais a gente adiar isso, pior vai ser
    - eu sei,sunghoon, eu estou completamente ciente de que nosso relacionamento está mal resolvido, mal acabado, uma merda, um caos total, mas eu não tenho como conversar com você sobre nossas desavenças amorosas agora porque estamos na droga do porão da casa de um cara e seus capangas que querem um dinheiro que não temos e eles vão aparecer em poucos minutos e nos matar se não dermos um jeito de fugir daqui logo, então se pudermos adiar essa conversa uma ultima vez, eu agradeço de verdade – esbravejou gesticulando
   Sunghoon apenas travou o maxilar consentindo com a cabeça.
     - ok, fiquem em seus lugares – o mais novo exclamou
   Assim ele chamou a atenção do homem que esperava na curva do corredor.
   Foi tudo tão rápido, tão emocionante, o cara apareceu lá e questionou onde estavam os garotos, encarando as cadeiras vazias e as cordas estouradas no chão, avançou sobre sunoo, mas antes que pudesse fazer qualquer coisa, jay o atingiu com a garrafa de vodca, que causou um desmaio.
   Para a surpresa dele, a garrafa não chegou a quebrar, por isso, a levou consigo por precaução. Seguiram sunoo, que tentava se lembrar dos corredores que precisava passar até que chegassem à cozinha.
   O kim já vislumbrava a escada para o andar de cima, quando o homem careca lhe apareceu, avançou sobre si, desferindo um golpe em seu rosto e logo em seguida lhe atingiu as costelas. Como forma de tentar se livrar do mais velho, sunoo lhe estendeu o isqueiro, que gerou uma chama em sua camisa, mas este ainda o segurava com força.Sunghoon pegou a garrafa das mãos de jay e o atingiu no topo na cabeça. A garrafa finalmente quebrou, ao entrar em contato com a roupa do careca, que já queimava, o álcool dentro dela fez a chama se enfurecer, o homem era queimado vivo enquanto sunoo chamou a atenção dos garotos para que voltassem a correr.
   Podiam sentir o cheiro de fumaça, o calor aumentando, precisavam sair dali logo, aquela casa iria às chamas. Chegaram à cozinha e avistaram a porta, sunoo estranhou, não havia movimentação na casa, a porta dos fundos estava escancarada, era uma saída perfeita, tudo muito suspeito.
   Foi como um alívio, saíram por aquela porta, parando do outro lado da rua, era visível as chamas crescendo, a fumaça saindo pelas janelas e a movimentação de quem passava na rua.
Foi ouvindo a sirene policial que sunoo finalmente se deu conta.
     - eles deixaram ele lá para morrer e saíram assim que ouviram a movimentação
    - o quê?
    - quando o homem careca veio na minha direção, eu percebi que ele estava sozinho, eles sabiam que íamos acabar fugindo e deixaram ele ir sozinho, todos eles fugiram e deixaram ele para morrer, eram quatro contra um, foi proposital – disse encarando a casa em chamas
      - isso é um grande problema, então – jay pronunciou – há vestígios de que estivemos ali, sangue, cabelo, suor, se as chamas não consumirem a casa, poderão nos achar, precisamos fugir, para bem longe
     - ele tá certo, vamos,sunghoon – heeseung o chamou, mas percebeu que o mais novo não se moveu
     - sunoo, você vem? – ele questionou, o kim apenas assistia a casa queimar parado
Sunoo virou-se de frente para si, lhe subindo o olhar.
     - foi tão bom te conhecer, te amar, ficar perto de você, até me magoar contigo foi bom – sorriu pequeno
     - e a gente vai continuar junto, certo?Vamos fugir juntos, como eu sempre quis, então podemos fazer o que quisermos, você não vai precisar mais ver sua família e tudo vai ficar bem – ele sorria, mas tudo soava como súplica
     - eu era de plástico, eu sempre achei que não sabia, mas eu sabia sim, só que como todos a minha volta, eu preferi fingir que não, foi você quem me deu coragem pra encarar meus problemas, meus personagens, assim, com você, eu fui kimsunoo e ser eu mesmo foi tão bom, foi como tirar um enorme peso dos meus ombros – segurou-lhe ambas as mãos, sunghoon temia pelo pior –quando me levou para ver seus pais, eu desejei baixinho que fossemos como eles, que nos amassemos até o fim ao ponto de estarmos um lado do outro até na despedida da vida, mas você sabe que não dá certo, sabe que nosso amor é desiquilibrado, somos como uma faísca e um barril de pólvora, as pessoas a nossa volta não resistiriam a explosão
     - que se danem as pessoas, para com esse papo, meu amor, você precisa entender, eu só tenho forças para viver porque sonho com o amanhã ao seu lado, você é minha razão, é meu estimulo para ser feliz, o destino nos colocou um ao lado do outro por uma razão
     - claro que foi, eu precisava me conhecer, dizer olá ao kimsunoo de verdade, e você precisava descobrir sua razão para existir, sunghoon, meu príncipe do gelo, não tão meu quanto eu gostaria, você é tão inteligente, tão talentoso, tão genial, você pode ter o mundo na sua mão e só basta você querer
     - eu já tenho o mundo em mãos, aqui ó – levantou suas mãos dadas as de sunoo, tentava sorrir, mas sentia seu interior se revirar em medo – eu não preciso de mais nada senão você, tendo a ti eu tenho tudo, eu tenho o céu e o mar, eu tenho o sol e a lua, eu tenho a eternidade toda presa no seu olhar e é nele que eu quero me render, eu só preciso do teu toque, do teu abraço, do teu sorriso que me faz sorrir e eu só vou ser feliz se meu amanhã for contigo – se aproximou do garoto
     - sunghoon, não começa... – mordia o lábio inferior e realmente tentava se afastar, mas era tão difícil o colocar longe quando tudo o que queria era o ter por perto
     - nós podemos ser felizes juntos, eu e você, pode ser em um jatinho de luxo a caminho de um lugar diferente, ou em uma tenda beira mar, só nós dois, mas eu preciso de você comigo, eu desaprendi como viver sem ti
      - que bom que você é esperto e aprende rápido – soltou-lhe as mãos
     - sunoo...
     - não vou mentir, eu te amo, pra caramba, como eu nunca amei ninguém antes, meu interior vira uma banda toda, cada parte de mim toca uma sintonia diferente que me deixa em êxtase, minhas mãos querem sempre estar coladas as suas, minha mente viaja em mil fantasias que podíamos viver juntos e o único céu que eu procuro é o céu da tua boca, mas eu não posso, eu vou te causar problemas, te ter por perto é maléfico para mim e para você, eu preciso fugir de todo o caos que eu causei, esperar a maré baixar, concertar tudo o que quebrei, então – deu um passo para trás – a gente não pode mais ser um do outro, meu coração tem que ser meu por um tempo, até eu poder entregar ele para alguém novamente
     - você está me dizendo que vai embora? – já não tentava de alguma conter lágrimas, respirou fundo – eu queria te manter comigo, porque eu sempre afastei todo mundo, foi só um garoto fofo com a droga de uma passe VIP pra biblioteca e uma arma chegar na minha vida que eu perdi o controle de mim, foram tantos anos mantendo todos longe que quando você se aproximou foi explosivo, e você chegou tão perto... perto demais, acho que fomos longe demais, agora é difícil de te empurrar para longe novamente, mas talvez realmente seja hora de você ir, se for te fazer bem, então vá, seja seu, conquiste seu lugar no mundo, faça o que você faz de melhor e seja muito feliz, quero que seja feliz por si, que não precise de ninguém como seu estoque de serotonina, porque eu te conheço e sei que você é muito forte, o suficiente para ser seu acima de tudo
   O kim respirava com dificuldade, as sobrancelhas unidas deixavam clara a sua fraqueza, a dor que sentia ao deixar seu maior amor para trás.
   Foi em um impulso que ele avançou sobre sunghoon lhe abraçando com toda a força que tinha, como se quisessem ser um só. O mais alto lhe segurou ambos os lados da face, selando seus lábios brevemente. Queria o manter consigo, queria tanto isso, abraçou seu corpo novamente, temendo que aquela fosse sua ultima vez. Sentiu sua essência, a memorizando para que habitasse em sua mente para sempre.
     - eu te amo – sunghoon sussurrou em seus ouvidos
   Por entre lagrimas ele se separou do mesmo, olhou em seus olhos de imensidão uma ultima vez, se lembrando como foi incrível a primeira vez que teve o prazer de fazer isso, como naquele momento não se arrepndeia, nem por um segundo, de conhecer o garoto novo da escola, aquele com uma aura tão misteriosa e solitária, ele queria chegar perto dele e nem entendia por que, naquele instante ele entendeu, eram como imas que sempre seriam atraídos um para o outro. Porém, sabia que não podiam permanecer juntos, era sua hora de partir e encontrar seu eu por entre tantas máscaras, assim, respirando fundo, lhe deu as costas, andando a passos largos.
     - ei, kim sunoo, eu vou te ver de novo? – gritou para que ele pudesse ouvir
   O mais novo lhe olhou por cima do ombro, com as mãos geladas em seus bolsos.
     - eu espero que não – riu fraco, retomando seu caminho
   Finalmente havia acontecido, o universo ganhou, cada um dos garotos estava seguindo seu caminho. A cena era quase cômica, sunghoon e sunoo indo para lados opostos, de costas um para o outro, como se estivesse sendo puxados por uma corda de cada lado, entre eles, o ultimo lugar que tiveram o prazer de se encontrar, aquela casa em chamas, os carros policias, bombeiros e ambulâncias retirando o corpo do homem queimado, as luzes vermelhas e azuis enfeitavam o lugar, a fumaça sufocava a respiração de quem estava por ali e foi assim que se separaram.
   Sunoo queria acreditar que seu rosto queimava por conta do fogo, que sua respiração falhava pela fumaça, que seu coração estava acelerado pela adrenalina ainda presente em seu sangue e que as lagrimas que escorriam de seus olhos eram apenas em função do medo que sentia de ser pego, mas sabia que nada daquilo era verdade. Queria um novo destino, um novo rumo para sua história, como direito a sorrisos e finais felizes como nos contos de fadas, ele queria ser feliz, ah, como ele queria.
   Ele sempre pertenceu ao mundo porque vendia bem, sua imagem nas redes sociais geravam engajamento, a família sorridente e feliz que todos querem ter. até ele queria ter. Sempre foi de todos, nunca foi seu, desta vez ele queria ser dele, ele queria se pertencer apenas, se conhecer, saber quem era kimsunoo e por que ele era assim, sentar consigo e tomar um café para pôr as fofocas em dia (ele ainda gostava de café?).
   Durante sua vida até ali, kimsunoo foi tantos, foi mais de cem, se escondeu por entre essas faces porque era o que o mundo queria, um garoto perfeito, então ele era perfeito para cada situação, mas cem é um numero muito grande e nessa brincadeira ele se perdeu e se desconheceu, ele queria agora retomar o que o tempo roubou, queria recomeçar, como se nascesse de novo, ele só era um pouco demais para todo mundo.
   Park sunghoon buscava a riqueza e o ouro, seu coração se transformou em um caça niqueis e quando ele menos esperava, seu peito se tornou uma confusão de batimentos acelerados, ele havia encontrado o maior dos tesouros, o amor de verdade.
   Foram muitos anos fingindo ser quem não era, conhecendo pessoas que não o conheciam, as puxando para perto, as jogando para longe, segurando a dor em seus braços de não poder se prender em abraços, com medo de ter apresso ele se viu apressado, assim o tempo correu uma maratona onde tudo parecia lento e doloroso, uma guerra pela resistência, usou tanto de si que em um momento se viu vulnerável e não tinha mais forças para continuar fingindo.
   Foram tantas máscaras pesadas que ele precisou segurar para se manter longe de problema, para manter seu coração seguro, mas se ele queria evitar a chuva, precisava ter se protegido melhor, pois kimsunoo era uma tempestade. Foi por entre máscaras que se decodificaram os olhares, contaram segredos silenciosos e quem queria ficar sozinho encontrou quem fosse seu.
   A máscara tinha tantas rachaduras quanto seu próprio coração, ah ele queria tanto pertencer, queria tanto possuir, queria tanto viver a eternidade ali, preso nos olhos cândidos de alguém que estava tão machucado quanto ele.
   Por causa desse amor doloroso, sunghoon perdeu a pose, se perdeu por entre seus personagens e não soube como lidar. A verdade era que ele era um alguém muito complicado, ah ele era tantos, mais de cem, mesmo assim se sentia como um ninguém, talvez, ele só fosse um pouco demais para todo mundo.
   O universo lutou tanto para separá-los que quando aconteceu foi quase como uma imagem de filme, era romântico, era dramático, era tão doloroso, mas não havia o que pudesse fazer, era um amor tão perigoso, era além de seu controle.
   Sempre falamos dos opostos que se atraem, o sol e a lua, o céu e o mar, o bem e o mal, preto e branco, seco e molhado, quente e frio, um alguém machucado que acha quem o cure. Porém, era inexplicável o que eram um para o outro, eram completos opostos, mas mesmo assim, ambos conseguiam ser a dor e a cura um do outro, se afastavam e puxavam um ao outro para perto novamente, era uma força de atração avassaladora.
   Eles se amavam tanto, eles se odiavam tanto, queriam um ao outro tão bem que desejavam o mal um ao outro ser querer, era dizer “eu te amo” com uma arma apontada para a cabeça do mesmo, era tão quente, tão perigoso, que se tornou doloroso.
   Por tantas vezes eu quis o que não era meu, eu desejei ter e não pude, pois não me pertencia, foi triste, mas me fez crescer. O ponto é que se pertenciam tanto e sentiam tanto, eram o anjo e o demônio um do outro. O mundo foi criado a base do equilíbrio, o amor é sempre uma via de mão dupla, onde se encontram os amores, mas esse veio na contramão, com uma bagagem grande.
   O sentimento de alguém é inexplicável, não há ação do universo que possa realmente interferir nisso. Peço que seja feliz por si, mas em silencio desejo que eu seja o motivo de seu sorriso, peço que me deixe ir, mas em minha mente ecoa a ideia de que me segure pela mão e me impeça, digo que te odeio, mas é visível que te amo e te quero por perto pelo resto da minha vida. Era assim que se sentiam e eles sentiam tanto, sentiam demais, acontece que no silencio onde tudo grita, a verdade era simples e clara, eles sempre foram um pouco demais para todo mundo.










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Obrigada pela leitura, até o próximo cap ;)

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