Capítulo 5

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Você faz eu me sentir tão especial

   Muitas vezes queremos ser parte de algo ao qual não realmente pertencemos e isso é doloroso, mas triste mesmo é participar de algo e mesmo assim não nos destacarmos de maneira alguma. Há vários elementos em uma pedra, por exemplo, mas para distingui-los você precisa olhar muito perto. Cheguei a conclusão de que bons grupos são como mármores, todos os elementos estão em conjunto, mas é uma mistura claramente heterogênea, onde podemos distinguir todos os elementos, mesmo agregados. Isso é um grupo, é poder ser individual e, simultaneamente, ser parte de algo. É se sentir especial.
   Já havia se passado uma semana do “teste” e desde então sunoo não vinha participando de nenhum golpe de campo, ele apenas se sentava ao lado de jay e assistia sunghoon salvar o dia. Lhe fora explicado que era como uma arma secreta, pois seu rosto angelical escondia todo o perigo ao qual a vitima está exposta, além do mais, sunoo era bom em trabalhos maiores, que exigissem chantagem e manipulação e por enquanto não tinham nada disso previsto.
   Saiu da sala logo se preparando para mais um dia onde ele veria sunghoon brilhar e ele precisaria apenas observar como uma criança em fase aprendizagem.
    - sunoo, me espera – sunghoonchamou
    - ah... tchau jungwon, a gente se fala semana que vem – se despediu do amigo que lhe deu um olhar sugestivo
    - vai com tudo, oppa – jinsoul sussurrou sorrindo
    - o que você quer, hein? – continuou andando quando sunghoon se aproximou
    - ouvi dizer que está com ciúmes porque eu estou fazendo os golpes de campo – se vangloriou sem receber nada em reposta – te ver assim é colírio para os meus olhos
   Sunoo, porém, continuava em silencio, arrancando o sorriso do rosto de sunghoon que o acompanhava impaciente.
     - se quiser a gente pode bolar algo juntos e... – o park perdeu a paciência com o garoto que avançava na sua frente, o puxando pelo antebraço – ora, o que há, hein?
     - é que eu ouvi dizer que me acha mais bonito quando estou de boca fechada – foi difícil conter o sorriso diante da expressão de surpresa do mais velho – eu estava bêbado, não com Alzheimer – voltou a andar em direção a casa dos meninos
   O resto do caminho foi silencioso, mais uma vez kimsunoo conseguira o que queria e desta vez era o silencio de sunghoon que caçoava de sua vontade de ir ao campo. Ao chegar no local, ele adentrou a casa chamando a atenção de todos.
     - eu tenho uma novidade!
     - então conta ué – jay disse de forma obvia
     - meus pais vão viajar e eu vou passar os próximos três dias com vocês, surpresa! – fez um gesto com as mãos como se ele fosse o ser mais ilustre da terra
     - pensei que fosse algo mais interessante, mas ajuda no nosso próximo golpe
     - não sei por que ajuda, eu só fico sentado nesse muquifo – apoiou a cabeça em suas mãos – alias, tá aí uma duvida que eu tenho, se vocês tem tanto dinheiro, por que ainda moram aqui?
      - primeiro, não temos TANTO dinheiro, porque quando dividido por três fica menor, além do mais, temos que pagar a escola do hoon, as roupas e documentos que ele usa, as viagens que fazemos, o hotel que ficamos, tudo o que gastamos aqui, olha que a energia vem bem cara e além de tudo isso tem o fator dois, que é o esconderijo, três adolescentes morando em uma casa de luxo seria muito suspeito, não acha? – explicou heeseung
     - é faz sentido...
     - mas não se preocupe, você não vai passar esse final de semana nesse muquifo, vai estar do outro lado da cidade em um hotel daqui a mais ou menos 4 horas
     - pera, quê?
     - você e o sunghoon tem um golpe marcado, pensei que ele tinha te contado
     - então por isso o filho da mãe comentou sobre o trabalho de campo... – disse para si fuzilando o park com o olhar – explica os detalhes
      - a dona da empresa de entretenimento, Park Ji-Ah,vai fazer seu depósito mensal no banco amanhãà tarde e vocês vão falsificar um cheque dela – começou jay
      - mas por que ela não faz uma transferência comum?
      - ela é uma mulher de negócios, ela nem mesmo usa aquele banco, mas todo mês deposita 100 mil nele para dar credibilidade no banco, assim ela ganha e eles também, ela faz a transferência ela mesma para dar mais visibilidade na mídia
      - woah, essa galera faz tudo pelo dinheiro...
      - falou o golpista – sunghoon riu fraco
      - okay, como vamos fazer isso? – ignorou o park
      - vai ser assim, presta atenção – abriu a planta do banco sobre a mesa
   Explicou cada detalhe para os dois “agentes de campo” que ouviram atentamente.
      - não parece tão complicado... – sunoo comentou – mas pensar nisso é estressante, então eu sei um bom lugar para desestressarmos, nós vamos na sorveteria!
      - por que na sorveteria?
      - a pergunta certa é, por que NÃO na sorveteria?
      - faz sentido, mas eu não tô a fim não – jay se espreguiçou
      - eu pago!
      - vamos tomar sorvete!–se levantou arrancando risos
   Havia ali perto uma sorveteria pouco movimentada que sunoo indicou, por isso, seguiram até ela. Preferiram pegar uma mesa no lado de fora, assim ele e sunghoon pegavam os pedidos lá dentro e levavam.
   Na fila, sunoo estava quieto, por algum motivo suas conversas com o parkhaviam se sessado, mal trocavam duas palavras a cada 10 minutos e nem mesmo se deram conta do por quê.
   Para acabar com o silencio de vez, um homem passou na frente de sunoo na fila, sem dizer uma palavra sequer.
     - com licença, senhor, acho que deve ir para o final da fila como todo mundo – disse educadamente, porém, o homem nem lhe deu moral – senhor...
     - eu tenho direito – respondeu mal-humorado
     - não entendi, senhor
     - eu sou mais velho que você, eu posso
     - o senhor é idoso?
     - não – cruzou os braços
     - então deve esperar como todos – juntou as mãos ainda tentando segurar a pose de menino educado e gentil
     - sunoo, fica quieto – sunghoon tentava acalmar o amigo antes que fizesse besteira
     - olha aqui, garoto, seus pais nunca lhe ensinaram a respeitar os mais velhos? Eu sou superior
     - não, o senhor é no máximo mais experiente, mas não é nenhum soberano, afinal vivemos numa democracia e não em uma ditadura – ainda mantinha o sorriso
     - deixa ele passar – o mais alto sussurrou
     - não vou sucumbir a um velho malcriado
     - agora você vai levar uns bons sopapos para aprender a respeitar os mais velhos – sem aviso prévio, ele desferiu um soco no rosto do mais novo que automaticamente se alarmou
   Se sunoo causasse uma briga naquele estabelecimento, seria levado a delegacia e preso por um dia, o que bagunçaria os planos do roubo do outro dia. Com medo das consequências, sunghoon pegou sunoo pela mão o puxando para fora contra sua vontade.
      - me solta, aquele velho merece uns socos, meu Deus, se eu estivesse coma minha arma... – choramingou
      - cala a boca – reclamou em desdém
      - o que houve? – heeseung questionou ao ver sunoo machucado e emburrado
      - ele brigou com um senhor
      - senhor o caralho, aquele homem podia ser meu irmão – cruzou os braços amuado
      - eu e ele vamos pegar um taxi para o hotel
      - tudo bem, se cuidem
      - ninguém liga para o fato de que eu estou sangrando? – perguntou indignado recebendo respostas negativas
   No caminho escuro de volta para o beco, onde pegariam suas coisas para partir para o hotel, andavam em silencio, era um silencio incomodo, estranho, os fazia parecer desconhecidos. Foram despertados quando uma silhueta apareceu entre as sombras.
      - sunoo hyung?
      - niki? Oi bebê! – sunoo foi de encontro ao amigo o abraçando
      - para de me chamar assim na frente dos outros... quem é esse? – apertou os olhos para reconhecer o sujeito – sunghoon-shi? O que estão fazendo juntos?
      - nós... – sunoo hesitou por um segundo olhando para o mais velho
      - estamos saindo juntos, em um encontro
      - um lugar meio excêntrico para um encontro – arqueou a sobrancelha desconfiado
      - ele é um cara excêntrico – o kim riu nervoso
      - tudo bem... – estranhou, mas deu de ombros – se cuida hyung, não faça nada que eu não faria – deu as costas dando-se por convencido
   Sunoo respirou fundo aliviado, niki sempre fora um garoto curioso, por isso, não seria surpresa se ele o especulasse até que a verdade fosse arrancada, mas dessa vez não aconteceu (e sunoo agradecia ao universo, mais uma vez).
   Rapidamente pegaram tudo o que precisariam para o dia seguinte e entraram no primeiro taxi que fora disposto a si. A viagem até o hotel era longa, seria bem caro sem duvida... mas sunoo tinha em mente que dinheiro não era lá um problema.
   Depois de certas horas eles chegaram ao hotel, o mais novo se impressionou imensamente pela magnitude do lugar, devia ser muito caro mesmo e isso fazia da experiência mais excitante. Sunghoon conversava com um homem na recepção, explicando que devia haver algum tipo de mal-entendido.
     - não, senhor, foi reservado para você e seu namorado apenas um quarto com cama de casal, algum problema?
     - namo- foi o jay... – sussurrou para si mesmo frustrado – tudo bem, eu que havia me esquecido, essa foi exatamente a reserva que meu secretario havia feito.
     - ótimo, esse é o cartão de acesso, atrás dele há a senha do wifi e o numero da recepção caso precisem de algo, os horários das refeições estão especificados em um panfleto em seu quarto, aproveitem a noite – o homem explicou gentil
   Com um sorriso falso, que se desmanchou ao passo que ele ia em direção ao elevador, sunghoonxingavajay mentalmente, sunoo porém não havia entendido bulhufas do que tinha acontecido, por isso apenas tentava acompanhar sunghoon.
     - não entendi o que rolou
     - nem queira – rangeu os dentes
   Chegaram ao quarto em questão de minutos e foi quando entraram no quarto que sunoo entendeu. Um quarto. Uma cama. Isso era completamente ridículo.
     - ah eu não acredito que ele foi capaz disso – se jogou na cama esbravejando contra o travesseiro – eu quero chorar, tá dando tudo errado, fiquei sem sorvete, levei um soco de um cara idiota e agora minha boca tá com esse corte horrível, menti para o meu melhor amigo e agora eu vou ter que dividir a cama com você
     - dramático – rolou os olhos organizando as bolsas e seus pertences
     - sério, o que pode mais pode acontecer de errado? – choramingou
   Kim sunoo ainda não conhecia uma lei da física quântica que nos conta que nós co-criamos nossas energias, é o que chamamos de karma, atraímos o que falamos, sejam essas coisas carregadas de energia positiva ou negativa. Talvez tivesse percebido isso bem naquele momento, quando o seu celular começou a vibrar em suas mãos, era sua mãe, lhe ligando por chamada de vídeo.
   O desespero se fez presente, ele soltou um gritinho estridente e saiu correndo pelo quarto dando voltas, isso alarmou sunghoon que automaticamente o segurou pelos ombros o parando.
     - que isso, cara?
     - minha mãe tá me ligando, eu estou em quarto de hotel e levei um soco – mostrou a tela do celular – não poderiam haver circunstancias piores
     - faz assim, fica naquela parede branca, parece bem comum, sobre o corte, você coloca isso aqui ó – lhe estendeu um óculos de coração e um arquinhorosa
     - pra que essas coisas?
     - pra tirar a atenção do corte
   Não acreditava que fosse funcionar, mas não custava tentar. Sentou-se de costas para a parede branca, já usando os acessórios, e retornou a ligação da mãe. Assim que ela atendeu tentou parecer o mais comum possível, mas percebeu que tudo havia ido pelo ralo quando o sorriso dela se desmanchou.
     - que isso na sua boca?
     - ah mãe... é complicado pra explicar – coçou a nuca tentando achar uma explicação nos olhos de sunghoon, mas este apenas segurava o riso com um copo de whisky em mãos
     - deixa eu adivinhar, você deu um jeito de arrumar briga e levou um soco, por isso colocou essas coisas para eu não perceber o machucado
     - e não é que era bem fácil de explicar – o park não segurou a risada
     - cala a boca! – exclamou para o outro – me desculpa mãe... eu fiquei triste porque foi de verdade uma injustiça, aquele homem havia tratado mal a atendente e eu não aguento esse tipo de injustiça, você sabe que... – lagrimas começaram a rolar de seus olhos de forma fascinante, o mais velho lhe encarou incrédulo
     - tudo bem, sunoo, essas coisas acontecem, a coreia é um pais de pessoas estressadas e intolerantes, não precisa ficar assim, você é um bom garoto – foi compreensiva chamando a atenção de sunghoon que se inclinou para ouvir melhor a conversa – eu te amo, filho, se cuida, só queria te desejar boa noite e bons sonhos, logo estaremos de volta em casa
      - obrigada, mãe, eu também te amo – assim ele encerrou a ligação, limpou as lagrimas falsas com um sorriso no rosto – ela é tudo, cara
      - não acredito que ela acreditou no seu showzinho – estava incrédulo
      - até você acreditou – sorriu convencido
      - ridículo – deixou o copo em cima de uma mesa de centro em frente à poltrona que se sentava, se levantou e foi em direção a sunoo, se sentando de frente para si
      - que isso? – se desesperou pela aproximação
      - pomada pro seu machucado – mostrou o tubo de pomada
   Era quase cena de filme, sunghoon se aproximou para cuidar do mínimo ferimento de sunoo, que inconscientemente prendeu a respiração, sem dizer sequer uma palavra. O silencio era de estremecer as paredes e a aproximação era simplesmente torturante. Espalhou a sustância pastosa sobre os lábios do mais novo que hora ou outra fazia drama pela dor mínima.
     - fica parado! – pediu pela décima vez
     - eu posso fazer sozinho – fez bico – você faz doer
     - mas é claro, doeria menos se não fosse tão irresponsável
     - irresponsável?? – se afastou indignado
     - isso, irresponsável, você nunca pensa nas consequências dos seus atos, é extremamente esquentadinho e impulsivo, faz porque te importa e se não importa você não faz
     - isso é mentira
     - ah é?Deixe-me lhe refrescar a memória, hoje mesmo você quase saiu no soco com um homem, você podia muito bem ter ido parar na delegacia com um B.O por perturbação da paz naquela sorveteria, eles ligariam para os seus pais porque você ainda é um adolescente chato e irresponsável, então você poderia dar adeus ao nosso roubo de amanhã, se fosse um pouquinho mais responsável teria pensado no time antes de tudo – esbravejou – sunoo, você conhece a pedra do mármore? É uma pedra forte e bonita, ela tem vários aspectos que são claramente heterogêneos, assim sabemos que ela é composta por vários elementos, mas esses elementos são melhores juntos, pois formam essa pedra. Assim devemos ser, você tem seu jeitinho próprio assim como eu e os meninos, isso faz de nós um grupo, mas quando você pensa apenas em seus princípios você está nos abandonando e você se torna uma pedra feia e sem valor, entendeu?
   Sunoo ouviu tudo isso em silencio, sunghoon estava simplesmente certo demais, ele havia sido irresponsável e precisava aprender a agir em grupo. Em silencio, esticou a cabeça mais perto de sunghoon, com os lábios entreabertos em um pedido silencioso para que voltasse a aplicar a medicação, o mais velho suspirou voltando sua ação anterioir. Assim que ele terminou, fechou o medicamento encarando sunoo.
     - pensei que pudesse fazer sozinho
     - e posso mesmo
     - por que não fez, então?
     - porque eu não quis – deu de ombros – eu vou tomar banho, se você quiser você dorme no sofá
     - desde quando você manda em mim?
     - é só uma questão de: dormindo eu rolo, eu ronco, eu chuto, eu falo e faço mais um pouco, corre o risco se quiser, mas não posso garantir que não vai se machucar – foi em direção ao banheiro de nariz empinado
     - estupido – rolou os olhos pegando dois travesseiros e os colocando no sofá
   Já era tarde da noite e sunoo não conseguia pregar os olhos, ele estava a um passo de roubar um banco, tipo, UM BANCO. Isso era informação demais para si, ele não conseguia mais guardar suas duvidas para si mesmo, seu ego gritava para que ele calasse a boca, mas sua curiosidade foi bem mais forte.
      - hyung... – ouviu um tipo de grunhido de sunghoon como resposta – você está nervoso?
      - não, sunoo, eu estou acostumado – recebeu um suspiro em resposta – e você está?
      - não... meu papel é fácil, eu tô... bem, é, eu tô de boa, vou até dormir sorrindo
      - não acredito que você tá me dizendo isso – se levantou encarando sunoo – você literalmente chorou agora a pouco e tá mentindo mal assim?
      - foi sarcasmo, seu estupido – se sentou apoiando o rosto sobre o punho
      - não precisa se preocupar, vai dar tudo certo, eu acredito que vai
      - tá, mas e se eu errar? E se eu for muito óbvio e os seguranças me levarem? Ah não, eu sou muito novo pra ir preso
      - ôh meu pai – foi andando em direção a cama e se apoiou na mesma – para com isso, você atrai o que fala, só pensamentos positivos aqui, o universo te escuta, sabia?
      - mas o quê?
      - não quero nenhuma energia negativa nesse quarto – negou com a cabeça freneticamente – o que te deixa animado?
      - atirar, usar uma arma, obrigar pessoas a fazer o que quero e... – listou contanto nos dedos
      - não isso
      - dançar, então
      - isso! Levanta, agora! – esticou os braços para sunoo os puxando pelas mãos – me ensina a dançar twice
      - o quê? Quanto você bebeu? Pensei que fosse bom no porre...
      - você fala demais, que coisa chata – bufou pegando o celular, pesquisoutwice no spotfy, foi audível a faixa ‘FANCY’ e sunoo permanecia de braços cruzados
      - por que isso de repente?
      - porque eu quero que se sinta bem, que durma e que atraia energias boas, como você sempre faz – explicou – agora vai, me ensina, o refrão tá chegando
   Abrindo um grande sorriso, sunoo se posicionou pronto para mostrar os primeiros passos a sunghoon, ele não perderia a oportunidade de panfletar suas habilidades. Assim ele dançou, como se estivesse flutuando, como se controlasse a força gravitacional ao movimento de seus membros, ele praticamente levitava, era como se pudesse esquecer tudo ao redor e focar apenas naquilo, no ritmo, nos passos, na música.
   Daquela lista de reprodução havia muitas outras musicas que ele sabia de cor e salteado, tentava ensinar passos simples a sunghoon que muitas vezes demorava a entender a lógica da coisa, mas quando pegou o jeito, dançou como se tivesse nascido ao som de twice.
   A faixa ‘FEEL SPECIAL’ se fez presente, naquela musica kimsunoo se encontrou, via como se o mundo estivesse mais lento e tudo o que conseguia prestar atenção era parksunghoon sorrindo grande, improvisando movimentos de forma livre e despreocupada. Vê-lo feliz o fez sentir especial, fez ele sentir que havia feito alguém se sentir bem.
   “você faz eu me sentir especial”
   E mesmo com tudo o que estava acontecendo, ele ainda podia equilibrar os pensamentos bons, pois ele tinha sunghoon ao seu lado, ele se sentia seguro e imbatível.
   “não importa se o mundo me coloca para baixo, mesmo quando palavras dolorosas me atingem como facadas”
   Apesar de todas as diferenças ele podia sorrir, ele se sentia livre e vivo, o sentimento pelo qual ele vinha buscando estava ali, ao seu redor, lhe rodeando como um bom espirito, esse sentimento o prendia em um circulo que se apertava aos poucos e, como um imã, ele sentia uma força magnética entre ele e o park, como se precisasse estar mais perto. Era assim que ele se sentia e esse sentimento era esplendido.
  “eu sorrio porque você está lá, é o que você faz, novamente eu me sinto especial”
   Por muito tempo pensou ser uma rainha no jogo de xadrez do universo, tinha tudo em suas mãos, uma força inimaginável que podia ser usada como quisesse, a peça mais sortuda do tabuleiro, mas ninguém liga quando a rainha morre, o importante é o rei estar vivo.
   “Em um momento, sinto como se eu não fosse nada, como se ninguém fosse perceber se eu sumisse”
   Porém, quando o conheceu, teve curiosidade, teve ânsia por seus objetivos, se pôs à frente do tabuleiro por si próprio. Mal sabia ele que se tornaria seu próprio jogador de xadrez, desta vez com um time maior, um time que o fizesse sentir especial, amado, importante.
   “Mas então, quando eu ouço a sua voz, eu me sinto amado, me sinto tão especial”
   Sorria improvisando movimentos perto de sunghoon, ambos dividiam essa alegria sem fundamento. Por um segundo, eles não puderam ouvir mais nada, era como se a música fosse abafada, os sorrisos se calavam lentamente com a proximidade, se questionavam sobre o próximo passo, sempre há um.
   Olhando fundo nos olhos de Sunoo, sunghoon viu esperança e ainda sim, medo, mas acima de tudo, viu sentimentos. Dentro dos olhos do park, ele viu duvida, viu ânsia pelo movimento seguinte, viu uma incógnita ambulante. Era como uma combustão, sunoo sempre soube que era uma faísca, um inicio de fogo inocente, ele só não imaginava que parksunghoon fosse um belo barril de pólvora. Presos nesse contato ocular tentavam se desvendar de maneira silenciosa.
   Foi quando o medo se fez ainda mais presente e o próximo passo, foi um passo atrás. Sunoo não teve coragem, ainda não podia, ainda não entendia como se sentia em relação a isso tudo. Se separou do mais alto, ambos envergonhados e sem graças, sem muito o que dizerem.
     - ah... eu acho que vou deitar – sunghoon coçou a nuca nervoso
     - claro, é verdade, já está bem tarde... – gesticulou sem jeito – obrigada, aquilo me animou de verdade
     - não foi nada,sunoo, dorme bem – sorriu pequeno sentando-se sobre o sofá
   Sunoo se deitou em sua cama refletindo sobre o dia que havia se passado, ele havia sentido tanta coisa... era impossível ignorar tudo isso como um psicopata sem sentimentos. Não importava o quanto rolava na cama, não conseguia pregar os olhos.
     - hyung
     - sim?
     - eu acho que essa cama é bem grande... deve caber nós dois – acabou por chamar a atenção do mais velho que se sentou lhe encarando
      - pensei que você fosse roncar, babar, me chutar e tudo mais – arqueou a sobrancelha
      - talvez eu tenha exagerado um pouquinho...
   Continuou encarando o mais novo até soltar um riso nasal, se levantou indo na direção que sunoo o indicava. Deitou sobre a cama ainda apreensivo, era apenas kimsunoo, seu colega de escola e parceiro de crime, não havia problema nisso, certo?
   Errado, percebeu ao subir o olhar para sunoo ao seu lado, o rosto virado para si, ele dormia pacificamente, provavelmente estava exausto e só precisava de alguém ao seu lado para não se sentir sozinho.
   Kim sunoo era importante, não só para o grupo, não só para aquela pedra de mármore de laços golpistas, ele era importante para si e não podia deixar isso de lado por um segundo sequer. Ele o fazia se sentir bem mesmo com o jeito birrento e convencido de ser, mesmo quando dizia idiotice, mesmo quando se fazia de estupido, mesmo quando dava seu jeitinho psicopata de conseguir o que queria, ainda era importante, porque era ele e isso fazia de si especial e fazia com que sunghoon também se sentisse especial.
   Eles, naquele momento, pensavam estar além do controle do universo, mas ainda eram alcançáveis, mesmo quando se sentiam inebriados por esse sentimento, ainda estavam agindo, inconscientemente, de acordo com o plano, era tudo o destino, mas talvez não fosse tão ruim, porque os planos do universo estavam traçando um caminho que os fizesse sentir daquela maneira e isso bastava de forma breve.
   Em determinados momentos nos sentimos sozinhos, inúteis e ridículos, mas sempre haverá um alguém, aquele alguém, que te faça sentir especial, você meu caro leitor, ah você faz eu me sentir tão espec
ial.









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Obrigada pela leitura, até o próximo cap ;)

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