Capítulo 13

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Oii gente!!
Eu estou muuuuito feliz com todas as leituras, sério, eu não imaginei que realmente fosse dar em alguma coisa a postagem dessa fic, sinceramente eu não tinha muita confiança nela, mas vcs estão aqui lendo e isso pra mim é incrível, então muito obrigada a todos vcs!
Tenham uma ótima leitura 🤗💕




Sombras de bolhas de sabão

Preciso confessar que sou apaixonada pela metodologia das sombras, quando algo cobre a luz, total ou parcialmente, a ausência da luz é o que chamamos como tal. Tantas vezes temos tanto medo da luz que nos escondemos atrás das sombras, como um refúgio confortável. Alguns desses esconderijos são mais eficazes que outros, por exemplo, você não pode se esconder atrás da sombra de uma peneira, não acho que seria muito funcional. Acredito ainda que bolhas de sabão não sejam bons esconderijos, sempre nos referimos a nossa zona de conforto como "nossa bolha", mas bolhas estouram, bolhas são transparentes, bolhas duram tão pouco tempo, bolhas são de uma forma tão ridícula e surpreendentemente frágeis...
Fazia algum tempo que sunoo vinha pensando sobre isso, ele sempre estiveram em sua bolha de mentiras, não demorou muito para que ela estourasse afinal. Nesses últimos dias ele havia se escondido na sombra de outra bolha, tão transparente, tão temporária, tão... frágil. Tentou se esconder, mas aparentemente haviam o achado, não sabia quem, por quê e nem mesmo como, mas ele o fizeram e agora ele estava desesperado. Ou estaria, se ao menos estivesse consciente. Oh, é mesmo! Kim sunoo, seu bobo, Você pode estar em perigo, acorda idiota!
Aos poucos sunoo abria seus olhos, o mundo a sua volta estava embaçado, sua cabeça latejava e doía como o inferno. Tentou alcançar a raiz de sua dor na parte de trás da cabeça, foi aí que pode notar que estava amarrado a uma cadeira, quando se deu conta, passou a desesperadamente se chacoalhar e tentar se soltar.
- Kim sunoo? - ouviu uma voz extremamente familiar, leeheeseung
- heeseung?
- pera, sunoo? - Jay exclamou, a sua aparência, assim como a do mais velho estava péssima - garoto, eles te acharam?
- aparentemente sim e... -se jay e heeseung estavam ali, isso significava que... virou sua cabeça para uma última cadeira ao lado de Jay
Ali, ele teve vontade de abaixar a cabeça e chorar por décadas. Park sunghoon, pasmo, lhe encarando boquiaberto, surpreso, abismado, machucado... física e emocionalmente, mas ainda sim, ele parecia feliz em ver sunoo. Não sabia o que dizer, Não sabia o que pensar, Não sabia o que sentir, bom, seu coração também parecia não saber, mas ele batia como se sunoo estivesse em uma maratona.
- Kim sunoo... - seu nome parecia mil vezes mais bonito quando proferido por sunghoon
Ele não sabia como reagir, mas de algo ele teve certeza, não havia sacrificado tudo o que sacrificou pra voltar de braços abertos para o causador da sua dor.
- o que aconteceu? Por que estamos aqui? - desviou o olhar para heeseung, ignorando o park
- sinceramente, eu não sei, fomos obviamente sequestrados e não deve ter sido por nada, devemos estar devendo dinheiro pra alguém ou coisa assim, mas não faço ideia de quem
- devendo dinheiro?
- grana não se faz só em golpes não, meu anjo - Jay ironizou
- não quero nem saber - rolou os olhos -o que faremos? Não podemos apenas esperar que a pessoa entre por aquela porta e conte tudo o que queremos saber
Naquele exato segundo, um grande homem de aparência estrangeira entrou acompanhado de mais um homem, ainda maior que ele, um grande careca de mais de dois metros, suas mãos eram grandes o suficiente para segurarem sunoocom uma mão só. Que clichê.
- bom dia rapazes -sunoo se espantou, lembrava claramente de ter sido sequestrado no por do sol, quanto tempo ele passou desmaiado? Isso não parecia nada bom - imagino que estavam com muitas dúvidas, certo?
- Sim, como: por que raios eu estou preso a uma cadeira? -Jay exclamou
- é uma história longa, mas vocês parecem ter tempo - ele sorriu grande - vocês vêm chamando a atenção de bastante gente, sabiam disso? Sim, e estando incomodando muita gente, ninguém gosta de perder grana, mesmo que meus clientes não se importam em perder alguns milhões
- seus clientes?
- não chegamos nessa parte ainda - lançou-lhe um olhar fuzilador - acontece que alguns dos seus concorrentes e também das pessoas que perderam dinheiro começaram a se doer, como por exemplo o governador, não gostou nada de ser intimidado e ameaçado por uma criança
- como o governador pode ser cliente seu? Quem é você? - sunooexclamou
- espera mesmo que eu te conte? Acha que merece o voto de confiança?
- não procuro confiança nenhuma, mas sinceramente, sem títulos você não é intimidador de maneira nenhuma
- ah, claro, e você é quem mesmo?
- não me disse seus títulos, não vou lhe contar os meus - empinou o nariz
- é por isso que eu odeio trabalhar com crianças - rangeu os dentes pegando o celular no bolso e o checando por alguns instantes - ah, como pude me esquecer, temos aqui Kim sunoo, uh, seu pai é uma pessoa importante, você estuda em uma escola boa, sua mãe escreve livros que tem grande influência sobre a massa familiar, não parece alguém que precisa de dinheiro
- quem disse que eu mexo com esse tipo de dinheiro sujo? - seu tom era praticamente de desprezo
- então por que você se envolveu com tudo isso? - o homem não parecia convencido
- por diversão, a vida estava bem entediante, e você? Por que virou um bundão? Foi tédio também?
- ora, Moleque - rosnou vendo o riso presunçoso do garoto - Você não tem medo de morrer não?
- vem cá, vem mais perto, eu tenho um segredo pra te contar - fez um sinal com a cabeça pra que o homem se aproximasse, mas ele não o fez - onde vocês me acharam? - praticamente sussurrava
- em um tipo de ponte, você tem amnésia?
- sabe o que eu estava fazendo lá? - a cada palavra seu tom descia, obrigando o homem a se aproximar - eu vou te contar
- então diga, oras - exclamou impaciente
- eu ia... - olhou para os dois lados como se fosse um segredo - me matar - começou a rir de forma doentia - acha mesmo que eu tenho algum tipo de apressou pela vida? Me ameace o tanto que você quiser, se quiser fazer esse favor por mim, eu agradeço
Para heeseung, aquela visão de sunoo era confusa, ele era um profissional, um artista nato, era indecifrável e você nunca tinha certeza se ele estava mentindo ou dizendo a verdade.
Jay não era ignorante, percebeu uma pontinha de verdade ali, talvez sunoo realmente estivesse se sentindo daquela maneira, a atuação parecia ser mínima ali, mas as expressões, os poucos gestos que eram possíveis, a risada... tudo indicava que Kim sunoo não havia perdido o jeito.
Para sunghoon, ele não sabia o que pensar, seus sentimentos por sunoo sempre foram tão confusos e agora pareciam tão claro quanto bolhas de sabão, amava qualquer um dos personagens dele, até os mais assustadores. Talvez sunghoon não fosse o único a ter 100 faces.
Sunoo se recostava sobre a cadeira sorrindo, o queixo baixo, os olhos para o homem em um nível mais alto, aquela visão fazia sunoo parecer assustadoramente ameaçador de uma forma curiosa.
- você é doente - o homem se afastou em desgosto
- ah claro, sou eu que tenho três pessoas amarradas no meu porão - rolou os olhos
- nunca te disse onde estávamos
- e nem precisa, se você tivesse negado teria conseguido me convencer do contrário, mas você não fez, agora eu ao menos sei onde estou - abriu um sorriso largo
O homem nada mais disse, enfurecido ele deixou o lugar, o Kim esperou alguns segundos antes de fazer força com a cadeira para que se virasse em direção aos garotos.
- o que foi isso? - heeseung questionou
- ganhei tempo e informações, vamos dar um jeito de sair daqui - não parecia perturbado, apenas determinado - estamos aqui por termos pego dinheiro sujo de gente ainda mais suja
- você está certo
- sunoo - sunghoon chamou sua atenção sério
- então eu acho que eles vão querer esse dinheiro de volta - o ignorou logo
- difícil, o Jay apostou quase tudo e você pegou boa parte também
- Kim sunoo - tornou a chama-lo
- isso é sem dúvida um problema - o Kim fingia nem ouvir, mesmo que isso machucasse seu interior
- se não devolvermos o dinheiro, eles irão querer nossa cabeça em uma bandeja - Jay exclamou nervoso
- relaxa, muita gente já quer sua cabeça numa bandeja - heeseungfuzilou com os olhos
- o que quer dizer com isso, hein?
- Kim sunoo, olha pra mim - mais uma vez ele insistiu
- se você não fosse ambicioso como é não estaríamos nessa situação - o mais velho deles acusou
- então é tudo minha culpa? É isso que está dizendo? - Jay riu incrédulo
- tem como pararem de briguinha e começarem a ser racionais? - se intrometeu sunoo
- TEM COMO PARAR DE ME IGNORAR SUNOO? - ele praticamente gritou chamando a atenção de todos, de forma que sunoo não podia mais ignorar
- que foi, hein?
- você ia mesmo se matar? - soltou em um fio de voz
- não importa, agora, se a gente puder voltar ao o que realmente importa...
- como não importa? Me diz se a sua vida não importa
- não, você entendeu errado, a minha vida não TE importa, simplesmente não é da sua conta, se a gente puder, por favor, voltar a pensar em um jeito de sair daqui, eu agradeço - rangeu os dentes
- não me importa? Eu sou seu namorado
- não é não, eu terminei com você no dia que saí daquela espelunca
- não ouvi em momento nenhum você dizendo isso
- ah, me desculpa se eu não fui claro o suficiente, tudo o que fiz foi te desmaiar com uma arma, pegar tudo o que era meu e sair de lá, da próxima vez eu tento ser mais específico, quer que eu soletre? Eu. Te. Odeio. Park. Sunghoon. Nós. Estamos. Terminando - fez uso de pausas entre as palavras, o que apenas ressaltada a forma como ironizava a cada frase
- não foi bem soletrar... - Jay disse baixo
- é, eu acho que agora não adianta muito, você já beijou outro cara - ele rolou os olhos
- do que você tá falando?
- niki, acho que é esse o nome dele
- não, mas... - quando percebeu o que se passava sunoo espremeu seus olhos encarando sunghoon - estava me espiando? TEVE ESSA CAPACIDADE?
- e no fim não é que o sunghoon era corno mesmo - Jay recebeu uma fuzilada com o olhar por heeseung
- sim, Kim sunoo, eu tive a capacidade de te procurar em cada canto desse fim de mundo para te explicar o que você não quis ouvir
- e o que exatamente eu não quis ouvir? Faltou algum pedaço que eu esqueci? Alguma namorada secreta?
- não sunoo, bem pelo contrário, mas esse é o seu problema, você nunca escuta, sempre toma suas próprias conclusões
- então fala a verdade, você queria ou não fugir?
- fugir? Sunoo, Tudo o que eu queria era viver
- e por acaso eu atrapalho sua vida? É isso o que quer me dizer?
- TEM COMO VOCÊ ME ESCUTAR? -já havia perdido a famigerada paciência há muito tempo - eu queria sumir do mapa, ganhar o máximo de dinheiro possível e viver bem, não estava nos meus planos te conhecer e eu tenho esses planos há muito tempo, eu ia conversar com você sobre isso, eu juro que ia
- e por que não fez antes?
- porque eu queria que você tivesse futuro, que não precisasse abandonar seus amigos e sua família, que pudesse esquecer tudo o que aconteceu e se tornar uma pessoa feliz
- sunghoon você me fazia feliz -sempre fora alguém emocional, as lágrimas nunca lhe faltaram, não seria agora que isso aconteceria - a minha família nunca me fez feliz de verdade, meus amigos merecem alguém melhor e sinceramente só me sinto bem fazendo isso
- eu não sabia
- você não se importou em perguntar, tem diferença
- eu não queria atrapalhar sua vida
- você atrapalhou minha vida no momento que apareceu na minha escola, na verdade, você arruinou a minha vida
- sua vida já tava uma merda antes de eu te conhecer, só fiz questão de mostrar - deu de ombros
Sunoo agora sentia raiva, ele queria se soltar e sumir, não suportaria um segundo a mais na mesma sala que sunghoon. Um plano, sunoo tinha um plano, mas não se tratava mais de salvar eles, mas sim de se fazer feliz, nada mais importava.
Durante toda sua vida ele quis ser alguém, na verdade ele pensava em virar cabeleireiro sabe, ele queria deixar as pessoas bonitas para elas mesmas, fazer elas se sentirem bem, tendo a autoestima elevada de forma saudável, queria fazer todo mundo feliz. Um dia ele até pensou em virar idol, em ficar famoso e poder alcançar todo mundo com sua palavra amiga e seu jeito reconfortante de ser, era tudo o que almejava e contava a todos. Sua mãe o dizia que seria bom se ele fosse um médico, um advogado, talvez um engenheiro, mas com o tempo ela aceitou que ter um filho artista também seria algo a se orgulhar. Naquele momento sunoo acreditava que provavelmente seria legal se gabar para as moças do salão de beleza que ela tinha um filho famoso, talvez por isso ela aceitou com facilidade, nunca era sobre ele de verdade, era muito mais sobre como ele seria vendido, qual seria a imagem dele na capa das revistas, se ele seria motivo de fofocas invejosas ou de boatos ruins. Sunoo se sentia uma moeda de troca.
A realidade bateu em sua porta um tempo mais tarde, mais precisamente quando conheceu sunghoon, ele percebeu que ele podia ser quem quisesse sem medo do que diriam, poderia amar e poderia ser livre, ele só precisava ter as pessoas certas. Não, se conhecer era primordial naquela jornada. Isso era um obstáculo, muito tempo foi necessário até que ele se fizesse a pergunta sobre quem era e quando fez, não soube responder.
Era como uma bolha de sabão, frágil e transparente. Assim as pessoas pensavam nele, um garoto delicado, gentil, fofo... Fraco, era exatamente assim que sunoo estava fotografado na mente de todos, por escolha delas mesmas. Poderiam acha-lo inteligente, mas preferiam comentar sobre como sua letra era delicada, poderiam acha-lo educado, mas preferiam comentar sobre a maneira como ele falava com todos, poderiam acha-lo original, mas preferiam falar sobre como é errado um garoto usar presilhas e dançar musicas femininas, poderiam acha-lo cuidadoso, não, o mundo tem palavras bem diferentes, fraco, medroso e meninha.
Ouviu isso algumas vezes, era o que as moças do salão comentavam quando ele era mais novo, também os garotos ruins da escola, ele nunca deu muita bola, não parecia ser algo ruim afinal, ele tinha muitas amigas meninas e elas eram incríveis, eram lindas, eram talentosas e fortes, se ser como uma menininha era ser como suas amigas, originais, destemidas, determinadas e gentis, então ele queria para sempre ser assim.
Foi em uma daquelas idas a ponte que sunoo repensou sobre isso, o chamaram de fraco tantas vezes que ele se tornou forte, mesmo quando tudo doía ele levantava com um sorriso no rosto, não queria preocupar ninguém, então ele mentia. Mentiu para todos e para si, às vezes se sentia fraco por isso, mas precisava de força para aguentar tudo isso, a mascara ficava mais pesada a cada ano que passava. Se ele nunca tivesse cedido aos caprichos da mãe, se nunca tivesse mentido para ninguém, se tivesse se oposto a qualquer tipo de coisa que pudessem dizem sobre ele, se ele tivesse sido ele mesmo, talvez essa máscara não tivesse caído de forma tão drástica. Ele odiava quem amava, era algo tão louco, se realmente sentia apresso, então punha uma arma em sua cabeça e saia correndo, isso aparentemente era amor, pois o fazia com todos que tinha em seu coração de bolha de sabão, frágil e transparente.
Eu e você, podemos fingir ser quem quisermos, eu posso ser a Fera e você a Bela, eu Romeu e você Julieta, eu Jack e você Rose, eu posso ser o mal e você o bem, podemos fazer qualquer papel, de estrelas de cinemas a golpistas amadores, eu posso ser sua e você pode ser minha pessoa, mesmo entre tantas mentiras e papéis, nossos te amos podem ser todos teatro, mas nada disso é eterno, cada dia que se passa adere algo a nossas mascaras pesadas, aquelas que não cobrem os olhos, isso mesmo, eu posso ver sua alma por aqueles furinhos. Pode se esconder em bolhas de sabão e esperar que estourem, pode também estar na ausência da luz em uma sombra, ou pode ser cinza, ter o bem e o mal equilibrados em si, ser forte, ser si mesmo, estar na sombra calma e até clara de bolhas de sabão, se escondendo, como todos nós sempre fazemos.
A cabeça de sunoo já pesava diante a todo o cansaço e estresse ao qual ele estava exposto, seus pensamentos e reflexões o perturbavam de forma que não houvesse descanso entre suas ideias. Aos poucos, sem que pudesse ao menos se dar conta, ele se rendeu ao sono, em vista de que não vinha dormindo ou comento o suficiente nos últimos dias para que se mante-se acordado e atento.
Em seu sono, permitiu-se entrar em contato com boas lembranças, pois as ruins estavam em sua mente durante o tempo todo. Aquela memória em especial era com sunghoon, logo que os dois decidiram dizer o que sentiam um pelo outro.
Era uma noite qualquer no tempo em que sunoo ainda dava certa prioridade aos seus estudos, ele e sunghoon faziam um trabalho de biologia. O mais velho deles ouvia, a cada dois minutos, os suspiros frustrados do kim.
- você tá bem?
- eu odeio essa matéria, é entediante e esse negocio de ciência ser certa e irrefutável é tão ridículo, como assim eu não posso imaginar e supor? Nem tem debate nessas aulas, porque "ciência não se debate" - imitou a voz da professora de forma engraçada
- não sou muito fã também, mas ainda temos que terminar esse trabalho
- lógico, você saiu correndo no ultimo - revirou os olhos lembrando da fatídica noite na biblioteca
- nunca vai esquecer isso, não?
- claro que não, parksunghoon não sabe ouvir que é bonito sem entrar em desespero
- sabe muito bem que não era bem assim
- sei, tinha medo de se apaixonar pela minha pessoa, mas eu não julgo, eu sou realmente um ser contagiante - pôs as mãos no rosto se gabando
- estúpido - o mais velho não pode conter o sorriso
Sunoo amava aquilo, amava fazer sunghoon sorrir e se sentir bem fazendo aquilo, gostava de fazer pequenos comentários e piadas que causassem certo impacto, o tipo de coisa que você sorri assim que se lembra, é um sentimento gostoso como soprar bolhar de sabão e as ver voar.
Sunghoon espiou de rabo de olho sunoo rir baixinho, enquanto fazia as anotações em seu caderno. Ele gostava de sunoo, na verdade, ele sentia o que nunca havia sentido por ninguém, ele sentia necessidade de tê-lo por perto, de estar naquele contato, de pertencer a ele, como se fosse dependente do mesmo. Não sabia quanto tempo isso iria durar, não fazia ideia de como tudo isso iria correr, mas ele queria que o tempo que passassem juntos fosse inesquecível.
- quer fazer uma coisa louca? - a pergunta repentina acabou por colocar sunoo em alerta, mas logo um sorriso se abriu
Sunghoon não esperou uma resposta concreta de sunoo antes de se levantar rapidamente, pegar um casaco e ir até a porta, olhou para trás apenas para checar se o menor o acompanhava, e de fato fazia.
Pegou-o pela mão e correu consigo até um ponto de ônibus, ao pegarem o transporte e se sentarem, conectou seus fones ao aparelho e os dividiu com sunoo. Em sua playlisthaviam muitas com uma vibe gostosinha que fariam qualquer um ter vontade de viver um romance clichê, o tipo que só existe em livros e filmes, daqueles que contam que o casal se beijou no meio da chuva ou confessou seus sentimentos deitados de barriga para cima no meio de um campo olhando para o céu azulado. Isso mesmo, bem assim.
A adrenalina no sangue de sunoo aos poucos se dissipava e dava lugar a um sentimento de conforto infinito, como se pudesse ser ele mesmo, bem ali, ao lado de sunghoon, ouvindo musicas sobre romances adolescentes, sentado em um banco de ônibus, sentindo o olhar de julgamento de duas senhorinhas no banco perto ao deles.
Não importavam os olhares, nem as ruas que passavam do lado de fora, ou a forma como o motorista era rabugento, nem a voz da moça nos fones, nada importava, apenas sunghoon, que não havia soltado suas mãos um segundo sequer. O park, ainda segurando a palma de sunoo, a colocou junto a sua no bolso de seu casaco, a aquecendo. O pequeno gesto também aqueceu seu coração.
Cerca de meia hora depois, sunghoon se levantou junto ao kim, ambos saíram do ônibus, mesmo que o mais novo nem sequer soubesse o que estavam fazendo ali. Andaram mais alguns minutos até um tipo de grade alta e escondida entre arvores.
- quer pezinho ou você consegue pular sozinho?
- o quê?
- a grade, tem algo do outro lado que eu quero te mostrar - o mais alto explicou - e aí, quer ajuda?
Mesmo relutante, sunoo aceitou a ajuda e pulou para o outro lado. Assim que ambos estavam do lado interno da grade, sunghoon, mais uma vez, tomou o garoto pela mão correndo consigo por entre o gramado. Demorou alguns segundos até que se desse conta de que se tratava de um cemitério. Então ele gritou. Isso mesmo. Ele gritou. Sunghoon se assustou com a ação do mesmo, usando sua palma para cala-lo assim que pode.
- tem problema? Quer chamar a atenção?
- o que a gente tá fazendo em um cemitério a essa hora? Park sunghoon seu psicopata!
- se acalma, tem algo que eu queria que visse, confia em mim? - o encarava esperando a resposta em silencio
- tudo bem, eu confio - revirou os olhos derrotado, sunghoon deu pulinhos - mas fica comigo
- deveria ter medo dos vivos e não dos mortos
- cala a boca - desdenhou
Seguiram entre lápides e túmulos até pararem em dois túmulos que ficavam juntos, parkmyunghoon e parksunghee. No primeiro momento, sunoo não entendeu o que faziam ali, até parar seu olhar sunghoon. Eram os pais dele.
- eles são...?
- sim, meus pais - soltou um riso fraco - o meu nome é a junção do deles, engraçado não?
- é fofo - respondeu sem jeito
- sunoo, eu te trouxe aqui por dois motivos, o primeiro é que queria que os conhecesse e eles te conhecessem - o mais novo arregalou os olhos diante da situação, era como se estivesse sendo apresentado aos pais de seu namorado e isso nunca havia acontecido consigo - eu não tive a melhor infância do mundo, eles brigavam muito e eu sentia que era tudo minha culpa, mas quando eles se casaram de novo, eu pude entender, eles se amavam tanto que para eles era difícil entender, eles eram muito novos. Mesmo diante de múltiplas dificuldades e crises, eles nunca me deixaram sem uma casa, sem minhas coisas, nunca me pressionaram a fazer nada e eles me amavam. Quem me odeia mesmo é o universo. - riu olhando os próprios pés, seus olhos lacrimejavam - eu só fui descobrir isso quando era tarde demais
- sunghoon...
- mas agora, eu tenho você, então eu tô bem, eu não estou mais sozinho, eu me sinto bem e isso é o que me mantem vivo e talvez até feliz - ele se virou para o mais novo ficando bem de frente para si, segurou em suas mãos geladas - obrigada, kimsunoo
- sabe que não tem nada pra me agradecer, eu basicamente entrei na sua vida contra a sua vontade
- e foi a melhor coisa que você poderia ter feito - prendeu seu olhar ao de sunoo
Sunoo sentiu um choque percorrer seu corpo. Eram sempre assim, sunghoon fazia isso consigo, como se estivessem em contraste e isso causasse um choque térmico. Não podia ficar em silencio, não mais.
- seus pais, eles estão aqui juntos, estão juntos na eternidade sunghoon, eu aposto que eles te amam para toda a eternidade e você nunca esteve sozinho de verdade, fico realmente feliz que eu seja uma pessoa importante pra você porque você também é meu céu e minhas estrelas e eu sei que também vou te amar por toda a eternidade - não poupava sorrisos entre suas palavras - quando eu te conheci, eu senti que você vivia em sua bolha delicada, mas bolhas estouram e eu agradeço por isso acontecer, porque assim eu descobri quem você é entre tantas faces, foi a melhor coisa que eu fiz, porque eu tive a chance de me apaixonar por cada pedacinho de verdade e de mentira que habita nesse seu corpinho de golpista - brincou arrancando risos - eu, parksunghoon, sou imensamente feliz por amar você, dentro ou fora da sua bolha
Ouvir isso era tão bom. Dizer isso era tão bom. Amar alguém que te ama do seu jeitinho, isso é tão bom.
Daquela forma aquele lugar parecia o mais belo de todos, presos em seus próprios mundinhos, dividindo um contato visual magico, um toque que aquecia sua pele e seus corações. Sunghoon não sentia necessidade de mentir, nem de fugir, apenas de permanecer ali com sunoo. Não sentia medo de correr atrás do que ele achava certo, não sentia que precisava se esconder em sombras de bolhas.
O momento perfeito foi interrompido quando ouviram a voz de um guarda.
- ei! O que vocês, moleques, estão fazendo ai? - ao longe, um homem apontou uma lanterna na direção deles
- corre - sunghoon exclamou antes de começar a correr
Os dois correram rápido como foguetes, sunoo pulou aquela grade como se não fosse nada, até mesmo ele se impressionou com seu ato. Ambos continuaram correndo até chegarem em um beco ao lado de um mercadinho onde eles pararam para respirar. Depois de alguns minutos ouvindo apenas a respiração ofegante dos dois, eles não puderam conter os risos diante da situação.
- não acredito que isso aconteceu de verdade - sunoo riu
- se liga no que eu peguei pra você enquanto a gente sorria - lhe estendeu uma flor pouco despedaçada
- pelo amor, sunghoon, você pegou a flor de um tumulo?- lhe deu um pequeno tapinha
- claro que não, estava em um arbusto do lado de fora da grade
- seu idiota - sorriu bobo
Talvez as coisas não fossem perfeitas, talvez o universo realmente odiasse o casal de pombinhos, talvez ele quisesse os separar a qualquer custo, mas não é de talvezes que vive o homem. Ambos se sentiam felizes, se amavam e era aquilo que importava. Não precisavam se esconder, nem mentir um para o outro, nem terem vergonha ou medo de serem verdadeiros.
Sunoo passou sua vida se escondendo em sombras ineficientes de bolhas, sunghoon passou a vida se escondendo em sua bolha. Não tinham mais onde se esconderem, ambas as bolhas estouraram, mas não era mais necessário de qualquer maneira.
Seguros, se sentiam seguros.
Sunoo queria amar sunghoon pela eternidade, segurar em sua mão e não soltar nunca mais. Era bem assim que se sentia, sentia que não precisava mais de bolhas de sabão ou de suas sombras. Não precisava de tanta coisa que antes era tão vital para si, mas agora a única coisa que parecia necessária de verdade era sunghoon e seu amor, seu toque sensível e leve. Como bolhas de sabão, as melhores do mundo.










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Obrigada pela leitura, até o próximo cap ;)

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