CAPITULO XVII

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Felipe

Seu coração batia acelerado. Os olhos demonstravam pavor, mas sua mão não tremia. A mesma mão que sacou a arma e outrora silenciou uma pessoa. Seu pai.

A tempestada que caia, não poderia ser escutada por ele. Tomado pela adrenalina, Felipe não ouve mais nada ao redor. Apenas o barulho do tiro e as últimas palavras de seu pai, continuam a tormenta-lo.

Seu punho se fecha. O ódio, a sede por vingança o faz perder completamente o controle. -" PORQUE? PORQUE FEZ ISSO COMIGO? PORQUE ME FEZ TE MATAR? "- ele berrava, a plenos pulmões. O corpo sem vida é erguido e chacoalhado. Felipe o balança ferozmente, como se esperasse uma resposta. Uma ação. Quando por fim tomou o controle de si, ele parece entender oque aconteceu.

oque ele fez.

Ele seria preso? O sangue já estava encharcando o carpete. Hélio era famoso, então esconder o corpo e ignorar não parecia ser uma boa opção. Felipe precisava de ajuda, e urgente. Ele liga para Japa, por ser o primeiro contato que lhe aparece em sua lista telefônica.

-" Fala! "- Japa diz, do outro lado, tendo como resposta um silêncio desconfortável que perdurou alguns segundos.

-" Felipe? "- Japa insiste e finalmente é respondido.

-" Japa, me ajuda... "- Seu pedido de socorro sai abafado, seu medo poderia ser farejado por um lobo.

-" Oque houve? "- Seu amigo demonstra preocupação.

-" Eu matei... "-

-" Uma barata? Relaxa cara, não é motivo pra... "-

-"Eu matei meu pai... "-

-" COMO? Como você fez isso? "-

-" Ele começou a gritar e no calor da briga... eu... eu... "-

-" Ok, entendi, você realmente o matou. Onde está o corpo? "-

-" Do meu lado, eu não sei oque fazer! "- Ele surpira derrotado, passando a mão pelo cabelo.

-" Se livra do corpo, ai não tem um lago? Pega o corpo e joga lá. Mas, pra o corpo não boiar, joga ele com um peso junto, e de preferencia aonde for bem fundo. "- Fala, como se tivesse experiência nisso.

-" E quanto a mídia? "-

-" Olha... Eu, mentiria dizendo que foi um suicidio. Sabe, você consegue escrever copiando a letras dos outros. Faz uma carta, como se fosse seu pai falando. Mas, como pelo jeito você não o matou no lago e sim dentro de casa, sei lá, talvez a policia encontre sinais de violência ai e queiram averiguar melhor a investigação. "-

-" E oque que eu faço? "-

-" Se livra o mais rápido possivel do sangue, e queima essa casa. Seu pai tem umas 30 casas, 29 é quase a mesma coisa. Tipo, como se ele tivesse surtado antes de morrer sabe? Depois, faz uma live desesperado pedindo ajuda. Pedindo que encontrem seu pai, e só depois o lance da carta, como se tudo fosse novo. "-

Talvez pela primeira vez em anos o garoto realmente ficou preocupado. Acostumado a ser humilhado em público pelo seu pai, ele nunca cogitou em mata-lo. Mas a raiva, é um grande combustivel para os seres humanos...

Lembrança dois anos atrás

-" Você me humilhou na comemoração! "- Hélio dispara as palavras frias e cheias de rancor.

-" Eu apenas não quis apertar a mão daquele babaca! "- Felipe responde a altura.

-" Aquele 'babaca'"- Hélio faz aspas -" Se tornaria o sosio da nossa empresa! Nossos lucros aumentariam em 10 vezes! "-

-" Eu nunca concordei com os principios dele! E você sabe muito bem disso! Eu estou cansado de ter que seguir seus passos! "-

-" Como se você fosse alguêm, seu pirralho imundo... Só sabe se drogar e me dar prejuizo! Um escandalo! "-

-" Você nunca foi um bom pai! Como quer que eu seja um bom filho? "-

-" Eu lhe dei tudo seu porra! Eu deveria ter usado camisinha no dia que transei com a puta da sua mãe! Seu vagabundo do caralho! "-

Tomado pela adrenalina, Felipe acerta um murro no seu pai. E aquela, foi a primeira vez que a raiva superou o medo. Que o ódio, superou o respeito ao mais velho.

Tempo atual

Felipe sabia oque fazer. Ele consegueria?...

Alice

A garota havia acordado a quatro dias. Mas, por conselho dos médicos, ela ficaria mais dois dias no hospital. Por sorte, além de machucados e um orgulho ferido, ela não se feriu gravemente.

-" Você está bem frita mocinha! Sabe que as suas corridas, eram ilegais, certo? "-

Uma médica chamada Flávia sempre estava lhe dando bronca.

-" Foda-se. "-

-" Bem, vamos ver se vai ficar afrontosa, daqui dois dias. "-

-" Eu não quero falar com você. "- Diz, simples. Ela sabia que o dinheiro pagaria a policia, e salvaria sua pele.

-" Boa sorte para escapar da policia então! "- Fala Flávia, em tom de deboche.

-" Me deixe em paz! "- Sua frase sai como uma ordem

Mas, ela não queria abrir um "A" para aquela figura. Nem fodendo! Nica de neco.

Quando a doutora se afasta da sala e consequentemente fecha a porta, o clima fica estranho e pesado. A luz se apaga. Como em um filme de terror, a TV começa a apresentar má estatica. um rosnado distante, é ouvido. Mas Alice queria acreditar que era algum tipo de delirio.

-"ELAINE... ELA... MINHA!"-

-" Oque? Quem está falando? "-

-" Alice... Oque você mais deseja...? Eu posso lhe dar oque quiser... Sem quase nada em troca... "-

-" Quem quer que seja, apareça! "- Alice corre o olhar pelo quarto, buscando a origem da voz. Nessa hora, uma figura masculina surge bem na sua frente, pondo as mãos na ponta da cama, onde os pés frios da menina estavam.

-" Quer saber a verdade... Alice?... Mas se prepare ein? A verdade machuca mil vezes mais que a mentira... "-

-" Diga essa verdade! "- Um sorriso medonho surge, e a história pode ser contada

Fim da parte (1/3): A verdade sobre Elaine

Outro capitulo curto, a cama me chamou pra dormir e eu não resisti.

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