Felipe
Seu coração batia acelerado. Os olhos demonstravam pavor, mas sua mão não tremia. A mesma mão que sacou a arma e outrora silenciou uma pessoa. Seu pai.
A tempestada que caia, não poderia ser escutada por ele. Tomado pela adrenalina, Felipe não ouve mais nada ao redor. Apenas o barulho do tiro e as últimas palavras de seu pai, continuam a tormenta-lo.
Seu punho se fecha. O ódio, a sede por vingança o faz perder completamente o controle. -" PORQUE? PORQUE FEZ ISSO COMIGO? PORQUE ME FEZ TE MATAR? "- ele berrava, a plenos pulmões. O corpo sem vida é erguido e chacoalhado. Felipe o balança ferozmente, como se esperasse uma resposta. Uma ação. Quando por fim tomou o controle de si, ele parece entender oque aconteceu.
oque ele fez.
Ele seria preso? O sangue já estava encharcando o carpete. Hélio era famoso, então esconder o corpo e ignorar não parecia ser uma boa opção. Felipe precisava de ajuda, e urgente. Ele liga para Japa, por ser o primeiro contato que lhe aparece em sua lista telefônica.
-" Fala! "- Japa diz, do outro lado, tendo como resposta um silêncio desconfortável que perdurou alguns segundos.
-" Felipe? "- Japa insiste e finalmente é respondido.
-" Japa, me ajuda... "- Seu pedido de socorro sai abafado, seu medo poderia ser farejado por um lobo.
-" Oque houve? "- Seu amigo demonstra preocupação.
-" Eu matei... "-
-" Uma barata? Relaxa cara, não é motivo pra... "-
-"Eu matei meu pai... "-
-" COMO? Como você fez isso? "-
-" Ele começou a gritar e no calor da briga... eu... eu... "-
-" Ok, entendi, você realmente o matou. Onde está o corpo? "-
-" Do meu lado, eu não sei oque fazer! "- Ele surpira derrotado, passando a mão pelo cabelo.
-" Se livra do corpo, ai não tem um lago? Pega o corpo e joga lá. Mas, pra o corpo não boiar, joga ele com um peso junto, e de preferencia aonde for bem fundo. "- Fala, como se tivesse experiência nisso.
-" E quanto a mídia? "-
-" Olha... Eu, mentiria dizendo que foi um suicidio. Sabe, você consegue escrever copiando a letras dos outros. Faz uma carta, como se fosse seu pai falando. Mas, como pelo jeito você não o matou no lago e sim dentro de casa, sei lá, talvez a policia encontre sinais de violência ai e queiram averiguar melhor a investigação. "-
-" E oque que eu faço? "-
-" Se livra o mais rápido possivel do sangue, e queima essa casa. Seu pai tem umas 30 casas, 29 é quase a mesma coisa. Tipo, como se ele tivesse surtado antes de morrer sabe? Depois, faz uma live desesperado pedindo ajuda. Pedindo que encontrem seu pai, e só depois o lance da carta, como se tudo fosse novo. "-
Talvez pela primeira vez em anos o garoto realmente ficou preocupado. Acostumado a ser humilhado em público pelo seu pai, ele nunca cogitou em mata-lo. Mas a raiva, é um grande combustivel para os seres humanos...
Lembrança dois anos atrás
-" Você me humilhou na comemoração! "- Hélio dispara as palavras frias e cheias de rancor.
-" Eu apenas não quis apertar a mão daquele babaca! "- Felipe responde a altura.
-" Aquele 'babaca'"- Hélio faz aspas -" Se tornaria o sosio da nossa empresa! Nossos lucros aumentariam em 10 vezes! "-
-" Eu nunca concordei com os principios dele! E você sabe muito bem disso! Eu estou cansado de ter que seguir seus passos! "-
-" Como se você fosse alguêm, seu pirralho imundo... Só sabe se drogar e me dar prejuizo! Um escandalo! "-
-" Você nunca foi um bom pai! Como quer que eu seja um bom filho? "-
-" Eu lhe dei tudo seu porra! Eu deveria ter usado camisinha no dia que transei com a puta da sua mãe! Seu vagabundo do caralho! "-
Tomado pela adrenalina, Felipe acerta um murro no seu pai. E aquela, foi a primeira vez que a raiva superou o medo. Que o ódio, superou o respeito ao mais velho.
Tempo atual
Felipe sabia oque fazer. Ele consegueria?...
Alice
A garota havia acordado a quatro dias. Mas, por conselho dos médicos, ela ficaria mais dois dias no hospital. Por sorte, além de machucados e um orgulho ferido, ela não se feriu gravemente.
-" Você está bem frita mocinha! Sabe que as suas corridas, eram ilegais, certo? "-
Uma médica chamada Flávia sempre estava lhe dando bronca.
-" Foda-se. "-
-" Bem, vamos ver se vai ficar afrontosa, daqui dois dias. "-
-" Eu não quero falar com você. "- Diz, simples. Ela sabia que o dinheiro pagaria a policia, e salvaria sua pele.
-" Boa sorte para escapar da policia então! "- Fala Flávia, em tom de deboche.
-" Me deixe em paz! "- Sua frase sai como uma ordem
Mas, ela não queria abrir um "A" para aquela figura. Nem fodendo! Nica de neco.
Quando a doutora se afasta da sala e consequentemente fecha a porta, o clima fica estranho e pesado. A luz se apaga. Como em um filme de terror, a TV começa a apresentar má estatica. um rosnado distante, é ouvido. Mas Alice queria acreditar que era algum tipo de delirio.
-"ELAINE... ELA... MINHA!"-
-" Oque? Quem está falando? "-
-" Alice... Oque você mais deseja...? Eu posso lhe dar oque quiser... Sem quase nada em troca... "-
-" Quem quer que seja, apareça! "- Alice corre o olhar pelo quarto, buscando a origem da voz. Nessa hora, uma figura masculina surge bem na sua frente, pondo as mãos na ponta da cama, onde os pés frios da menina estavam.
-" Quer saber a verdade... Alice?... Mas se prepare ein? A verdade machuca mil vezes mais que a mentira... "-
-" Diga essa verdade! "- Um sorriso medonho surge, e a história pode ser contada
Fim da parte (1/3): A verdade sobre Elaine
Outro capitulo curto, a cama me chamou pra dormir e eu não resisti.
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Pecados
SpiritualEssa história contém linguagem imprópria, conteúdo e cenas para maiores. Não recomendado para menores de 16 anos! Uma história sobre amigos anormais, onde temos entre eles Um mentiroso Um garoto puto da vida Um médico ator Um alcoólatra Um físico...