CAPÍTULO II

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Seu corpo cai no frio chão, e tudo que a garota vê é um par de pernas vindo em sua direção.

Aqui, ao relento deste crepúsculo
que suave me banha, por sobre a água
começo a me olhar...
por sobre a água eu começo a chorar...
vejo ali naquela água minhas emoções
meus medos e minha dor...
enquanto a correnteza lentamente
leva a minha paz...
eu vejo que a água turva
me faz chorar...
chorar por que minha alma
vive a vagar...
enfim, nada mais vejo a não ser
este espelho d'água...

Apavorada, a sua mãe liga para Tiago desesperada.

-" Tenha calma senhora, a primeira coisa a fazer é checar se Elaine está respirando. "- O médico diz do outro lado da linha, tenta a todo custo manter a calma da mulher

-" Senhor, eu escutei ela caindo eu fui tão tola de deixa-la sozinha! Porra, porquê eu fiz isso?"-

-" Vai ficar tudo bem. Agora diga-me, Consegue me dizer se o coração dela está acelerado? "-

-" Sim, bastante!"-

-" É provável que ela tenha se assustado com alguma coisa. Lembre-se que Elaine passou 18 meses em coma, o choque da realidade pode ser muito forte! Toda via não se preocupe, estou chegando ai em 5 minutos!"-

-" Oque eu faço enquanto isso? "-

-" Mantenha Elaine aquecida e fique ao lado dela."- A ligação se encerra por fim. Trêmula, ela observa o tenro corpo de sua filha esticado. Seus olhos avermelham-se, até que ela encontra uma pilha de cacos de vidros espalhados. Oque sua filha teria feito?

-" Será que ela se assustou com sua própria imagem? Mas ela não teve seqüelas físicas..."- Após olhar atentamente os detalhes de sua amada pupila, a mãe sente-se obrigada a limpar o quarto. O cabelo escuro de Elaine, era seguido por um par de olhos amarelados e sua pele grisalha não apresentava cicatriz alguma. Não fazia sentido algum, a garota se assustar com sua própria imagem!

-" Se não fosse pela merda do divórcio eu teria dinheiro suficiente para pagar um tratamento de linha para ela!"- A mulher chora copiosa, apertando a mão na vassoura que já reunirá os cacos. -" Aquele vigarista filho da puta, tirou quase tudo de mim! E agora eu nem sei se minha filha vai voltar a ser normal!"-

Ela encara o espelho quebrado, e segura um pedaço do mesmo. -" Eu não aguento mais. Eu não posso ficar mais aqui!"- Ela diz levantando a mão até a altura do seu peito, e fechando seus olhos com força.

-" Ma... Mãe... "- A mulher deixa cair o pedaço de vidro e corre na direção de sua filha. -" Querida me perdoe! Eu lhe deixei sozinha, e você está doente, pode me perdoar?"- Elaine pisca algumas vezes e se senta na cama. -" Eu não consigo entender as suas lágrimas. Porque está tão triste? "-

DING DONG

-" Oh, deve ser Tiago! Não saia daí querida, vou jogar esses cacos fora e ir atende-lo. "- Elaine lembra do que havia visto a poucos minutos atrás. Aquela criatura horrível, era ela? Uma voz familiar interrompe seus pensamentos, a levando a erguer a cabeça

-" Ratinha, como senti sua falta!"-

-" Ben?..."- Elaine arregala os olhos, tentando se afastar

-" Porque está fugindo do seu destino, rata? Parece que o tempo que eu lhe dei deixou você muito burra!"- A criatura aproxima-se da garota e cheira seu pescoço. Ele ri, ao perceber Elaine arrepiado-se e soltando um tímido gemido. Então, o mesmo a morde com muita força. Elaine o empurra devido a dor, e põe a mão no seu pescoço. Este sangra.

-" Em breve eu consumirei sua carne rata. Seu corpo agora, é um templo e sua alma está no inferno!"-

-" Oque aconteceu com você Elaine?"- Tiago entra apressado no quarto seguido de sua mãe. Enquanto faziam mil perguntas e tentavam chegar em algum bom senso Elaine percebe que eles não haviam notado a mordida, nem o sangue que está em sua mão. Como assim?

Ela se lembra do que Ben disse. Não consegue entender nada, deseja apenas voltar a dormir. A menina não estava triste, tão pouco sentia-se com raiva. Porém estava muito assustada e confusa.

35 horas depois

Elaine desce a escadaria e encontra uma garota desconhecida sentada no sofá de sua casa.

-" Elaine, você... "- A menina tinha o cabelo azul e uma blusa escrita "Cuidado, estamos em área de masculinidade frágil"

Elaine sente-se envolvida em um caloroso abraço. Não entendia oque estava acontecendo, mas não recusa o ato de afeto a ela dado.

-" Lembra de mim? Eu sou sua amiga, Alice! "- Elaine não se lembra dela. Apesar disso mente, sorrindo e acenando.

-" Puxa, você perdeu tanta coisa enquanto esteve fora! Venha, sua mãe e eu preparamos waffes para você!"- Elaine acompanha os rápidos passos de sua amiga

-" Então..."- Alice começa a falar enquanto a mãe servia os waffes.

-" Eu terminei com Alfonso. É, pode falar Elaine "eu te avisei Alice!"... Mas quer saber? Acho que foi melhor assim. Ele estava me traindo, e ainda me taxou de corna pra o bairro todo. Mas quer saber? Eu me vinguei!"-

-" Oque você fez...?"- Elaine morde o waffe, e delicia-se com a comida, mas encara sua amiga curiosa com o desfecho da história.

-" Digamos que Alfonso agora ficará um bom tempo sem poder se masturbar..."-

-" Queridas, eu vou na padaria. Pode ficar com Elaine, Alice?"-

-" Claro senhora Carolina."- Carolina pega sua bolsa, e sai da casa em passos trêmulos. Apesar de dizer que ia a padaria, ela vai a uma farmácia primeiro.

-" Bom dia, posso ajudar?"-

-" Sim. Eu quero esses remédios. "- O atendente pega o papel que a mulher segura.

-" Anti-depressivos, remédio para ansiedade, para dormir..."- Ele se impressiona ao ver o tamanho da lista, mas não ousa reclamar, afinal ela possuía presquição médica.

-" Um minuto senhora."-

O atendente vai a procura das fortes medicações, enquanto Carol passa a mão nas prateleiras. -" Elaine era muito vaidosa, acho que ela vai gostar se eu levar alguns produtos para ela..."-

Finalmente Carolina se retira da farmácia, indo em direção da padaria. Antes disso entretanto, ela vê 3 jovens garotos jogando bola juntos no mesmo parque que havia mostrado a sua filha dias atrás.

-" QUE ÓDIOOOO!"- Um deles grita. Carolina nota que a bola deles caiu na casa de um velho e rabugento senhor.

-" Pedro, você jogou então vai buscar."- Disse o garoto com a blusa escrita "É relativo". O outro menino, coça a cabeça e ri vendo os seus amigos.

A mulher vai na direção dos garotos, pretendia oferecer ajuda.

-" Com licença? Precisam de ajuda para pegar a bola, garotos?"-

-" Se precisassemos teriamos pedido."- Pedro fala, revirando os olhos. Carolina suspira, Não queria sentir raiva do menino chato.

-" Hey, ela só ofereceu ajuda. Se não for para você senhora..."- Um garoto de aparência Japonesa fala, apontando a casa.

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