Voltei mais rápido do que pensei!
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Miami, Flórida – 13h44m
Santana POV
Eu estava sentada, estagnada, observando Brittany se afastar apressadamente em direção à saída, seus passos eram ligeiros e eu quase consegui ver lágrimas caindo por seu rosto antes da mulher abrir a porta e sumir completamente da minha vista. Eu simplesmente não entendia, não conseguia compreender o que deu nela, assim, do nada. Será que eu havia dito ou feito algo que a incomodou?
Me levantei, ainda tentando compreender esse ato repentino de Brittany, e me dirigi à Rachel, que me olhava com as sobrancelhas arqueadas, provavelmente se perguntando o porquê do sumiço da loira que já devia estar em seu carro. Não dei explicações maiores, pois nem eu mesma havia entendido o que rolou, então apenas deixei o dinheiro da conta com a baixinha e pedi para que ela acertasse no caixa por mim.
Eu estava a ponto de explodir meus neurônios quando entrei no carro, eu estava me culpando tanto por algo que eu nem sabia se havia sido eu mesma que tinha causado. Talvez Brittany fosse simplesmente doida de pedra e foi embora porque quis. Mas isso não parecia ser algo do feitio dela, ou talvez eu só não a conhecesse o suficiente para saber o que seria ou não de seu feitio.
Meus pensamentos estavam em crise, cada hora um novo pensamento surgia em minha cabeça, era como se duas pessoas distintas estivessem discutindo dentro de mim e eu não fazia ideia em qual confiar. Um lado queria que eu esquecesse tudo e deixasse pra lá, seria uma preocupação a menos deixar de ter contato com Brittany, porém outra parte – e talvez a maior – queria que eu fosse atrás dela agora mesmo perguntar o porquê de ela ter me deixado sozinha no Breadstix, essa parte queria muito estar perto da loira, queria saber todos os segredos e anseios dela, todas as manias, os gostos, tudo. E essa era a parte que eu tinha mais medo.
Eu dirigia sem rumo pelas ruas de Miami, eu tinha pouco tempo de almoço livre ainda, poderia ter ido pra casa colocar meus pensamentos em ordem, poderia ter ligado para Dani e pedir alguns conselhos do que eu poderia fazer, porém quando dei por mim estava parada em frente à casa dos Pierces, sem nem saber como eu havia feito o caminho. Talvez meu inconsciente tivesse me guiado para o que eu deveria fazer.
Eu sabia que Brittany não morava com os pais, então por que caralhos eu vim parar aqui? Uma luz surgiu em minha cabeça. Um toque, dois toques...
- Fala Satã. – A voz abafada de Quinn no outro lado da linha e alguns gritinhos agudos me fez ter a certeza de que Beth estava com a mulher em seu apartamento. Instantaneamente sorri. – A que devo a honra de sua ligação?
- Primeiro, dê um beijão nessa gostosura que tá aí contigo e fala que a titia tá morrendo de saudade. – Ouvi a vozinha suave de Beth falando que me amava e isso já deu uma melhora de 100% no meu dia, que por enquanto estava numa montanha russa de emoções. – Segundo, eu preciso de um favor.
- Era óbvio, você só me liga para isso mesmo. – Revirei os olhos com o drama de Quinn. Ela era rainha nisso, conseguia tudo o que queria na base do drama. – Mas me manda aí. O que você precisa?
- Sem perguntas, por favor. – Respirei fundo antes de falar, eu sabia que Quinn iria surtar de um jeito ou de outro, mas eu não via outra opção a não ser ela nesse momento insano e impensável de minha mente. – Eu preciso que você peça o endereço da Brittany ao Sam pra mim.
- O QUE? POR QUE? – Tirei o celular do ouvido, a voz de Quinn conseguia ser ainda mais fina e ardida quando gritava. Fiz questão de bufar o mais alto possível para que ela escutasse. – Meu Deus, ok! Sem perguntas, mas você com certeza me deve uma explicação.
- Tá, mas não agora. Me manda por mensagem o endereço.
Eu não fazia ideia do que por que estava agindo tão loucamente assim, parecia que eu não estava sob o controle de meus atos, como se uma força maior fizesse com que eu tomasse essas decisões impensadas. Força essa que após a mensagem de Quinn, me dirigi até aquele apartamento. Não era tão alto, conseguia contar no máximo dez andares, era bege, cheio de janelas altas e chiques. Conseguia visualizar Brittany morando ali perfeitamente.
Com a coragem que eu não fazia ideia que eu tinha, atravessei a rua sem se quer olhar para o que estava fazendo, poderia ter morrido, mas pouco me importei, eu já não controlava meu corpo. O porteiro era aqueles típicos de filme. Gordinho, baixinho e com um bigode tão gigante que chegava a ser engraçado. Ele comia uma rosquinha cor-de-rosa, mas assim que me viu, deixou-a sobre os poucos papéis de sua mesa e sorriu para mim, com seu bigode farelando com açúcar.
- Boa tarde, senhorita. – O homem, chamado Roger, pelo que li no crachá preso em sua camiseta, parecia ser muito simpático, aqueles do tipo que você desconfia depois de um tempo por tanta gentileza. – Em que posso ajudá-la?
- Boa tarde, Roger, certo? – O porteiro assentiu com o sorriso ainda maior, talvez as pessoas não parecem tanto para conversar com ele e qualquer pouquinho de atenção já o enchia de felicidade. – Sabe, eu vim de Nova Iorque para ver uma das minhas amigas, mas eu queria fazer uma surpresa para ela.
Tentei dar o meu melhor sorriso, queria parecer convincente o bastante para que ele me deixasse entrar, não sei se queria ouvir Brittany no interfone gritando para que ele me mandasse embora imediatamente.
- O nome dela é Brittany Pierce. – Ele parecia surpreso após eu dizer o nome da mulher. Não sei se era uma feição boa ou ruim, era apenas surpresa.
- A srta. Pierce não costuma receber muitas visitas, fora alguns poucos rostos conhecidos. Ela geralmente não deixa ninguém subir. – Droga! Por que tão fechada e misteriosa Brittany? Tentei ao máximo não bufar na frente do homem, que apesar de surpreso, não tirava o sorriso gentil do rosto.
- Eu não costumo vir muito para Miami, por isso o senhor não deve estar reconhecendo meu rosto. – Ele já parecia quase convencido, estava quase me apontando a direção do elevador, mas faltava algo ainda para eu o convencer. Tentei falar o mais naturalmente possível, apesar de saber que isso poderia nunca mais acontecer novamente. – Mas vou dar a certeza para você que minha cara vai ser bem conhecida a partir de agora por aqui.
Bingo! Roger deu uma leve acariciada em seu bigode, o que fez várias bolinhas de açúcar caírem sobre o balcão acinzentado. Ele, como eu imaginava, apontou para o fundo do hall, onde o elevador estava. Cinza e brilhante, quase como um espelho. Agora, já a ponto de chegar ao andar de Brittany eu me encontrava nervosa, a ficha havia caído do que eu estava fazendo, porém eu não sabia o porquê. Eu queria tanto saber, mas nada vinha à cabeça.
Parei em frente a porta, o número "42" cintilava no amadeirado, eu não sabia o que fazia agora, não sei se tocava a campainha ou se batia na porta. Dentro do apartamento eu conseguia ouvir uma música mais baixa tocando, um som gostoso de se ouvir, chutava ser um blues ou um pop mais suave. Alguma música que com certeza eu nunca tinha escutado. Respirando fundo, apertei a campainha.
Meu coração estava batendo descontrolado no peito após eu ouvir a música de dentro do apartamento ser pausada. Ela devia estar a poucos passos da porta. Eu a ouvia cada vez mais perto. A porta se abriu.
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Not Afraid - Brittana
Hayran KurguSerá que todos estamos prontos para amar quando o amor bate a nossa porta? Será que todos querem se permitir sentir o amor? Ou apenas ficamos estagnados quando vemos que a pessoa ao qual bateu na nossa porta não se encaixa nos padrões que nós mesmos...