Prólogo

66 3 1
                                    

15 de Junho de 2030

 Nascer do sol. Ou melhor, o nascer de algo parecido com o clarão ao fundo daquela cidade invulgar. É que era Verão, mas a diferença de meses era quase imperceptível a olhares mais confusos e a pessoas mais vazias.

E aquele lugar estava praticamente morto. Considerar “casa” aquele aglomerado populacional com não mais de 200 habitantes parecia um completo disparate e ainda assim, todos pareciam completamente a vontade em viver num lugar tão parado e sem vida.

Mas eu não.

Para mim, trabalhar nos campos quando crescesse parecia total suicídio, e plantar legumes para alimentar uma população esfomeada não era de todo a opção que mais me agrada-se.  A vegetação era praticamente nula, e poderia ser observado se semicerrasse-mos os olhos, os grãos de poeira que se deslocavam com o vento, pelas ruas escuras, rebolando entre eles até finalmente se dispersarem no ar. Era triste a imagem, não vou mentir.

Na televisão da nossa humilde casa, passava a notícia daqueles bichos mutantes que eram designados de anjos, por serem criaturas sobrenaturais que aterrorizavam todas as vilas por onde passavam. O governo metera ordens expressas de procura das mesmas, e abatimento se fosse necessário.

Desde a 3ª guerra mundial que ocorrera, e devastara por completo o mundo, que todo o cuidado era pouco. Os tempos de passear livremente e desfrutar de uma paz serena tinham acabado. O mundo para lá das fronteiras de Saint Paul era um mistério, praticamente impossível de ser desvendado.

- Caramba, já não basta trabalhar das 9 as 5, agora teremos de alargar o horário em 4 horas? Mas aonde é que isto já se viu?- o meu pai resmungou, cortando o único mantimento de proteína que nos fora fornecido para esta semana. A nossa dieta, de meros camponeses, gerava-se mais a base de legumes e vegetais.- O que eles pensam que vamos fazer? Transformarmo-nos e assaltar cidades vizinhas? Por amor de Deus.

Mexia o café, que eu própria tinha plantado, enquanto ouvia toda uma conversa de manifestações de desagrado por parte dos meus progenitores. Não é que me desinteressa-se por estes assuntos, longe disso, mas esperava que Bryan aparecesse e me levasse a dar um passeio, como era habitual a sexta feira, visto que era o único dia que nos era permitido espairecer.

Toda esta situação, claramente nefasta para a nossa família, começava a transparecer-se no meu humor e a carregar-se aos meus ombros, nada prontos para acarretar tais problemas.

- Querido, tens de ter paciência. Isto é para a nossa própria segurança.

Segurança? Ora ai está uma piada de mãe. Segurança era o que não tínhamos a muito e de certo nunca mais teríamos. Segurança implicava que aqueles bichos fossem todos mortos, um a um, e nos deixassem em paz.

Como eu odeio aquelas criaturas.

Bring me to life- Slow UpdatesOnde histórias criam vida. Descubra agora