Terceiro.

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Mas que cheiro é este?


Pessoas amontoadas no mesmo espaço libertam tanto suor assim?


Filas de adolescentes passavam por uns seguranças vestidos de preto, e a cada um era picado o dedo, retirando o sangue para um papel branco que era entregue a mais seguranças. 
Tudo ridículo e sem sentido sinceramente.


Os nossos genes de mutantes estão implícitos numa partícula mínima de sangue?  Por amor de deus. 


Dirigi-me a fila, com uma expressão de descontentamento na cara, expressão essa característica de toda esta situação. A fila avançou aos poucos, e cada passo pequeno era como uma incrível vitória. Mais um passo. E outro. E outro. E todos eles aproximavam me da pica. Não que me incomode porque não o faz. Mas quero despachar isto o mais rapidamente possível.


Ouvi um gemido de dor da rapariga a minha frente, e o guarda ou segurança olhou para a mesma, com uma expressão de desdém. Não é para menos...  É só uma pica, não é o fim do mundo. 


Caminhei para a frente e olhei para a sua figura alta e bela. O cabelo preto assentava-lhe na perfeição e os olhos de tonalidade escura observavam os meus com cuidado. Senti todo o meu corpo a aquecer com a sensação pouco usual de petrificação. 


E quando ele me pegou a mão, e fez a pica sem a capacidade de desviar o olhar, a mesma perfurou a minha pele mas não tive a súbita vontade de gritar ou gemer. 


Surpreendentemente, o toque suave que era depositado na minha palma, abrandava a dor que fora causada. E isso era absurdo, porque um toque supostamente não pode diminuir a dor. Devo estar doente só pode.


Um murmúrio de fundo soou enquanto eu me virava esfregando o algodão que me fora entregue para limpar a ferida, e ele estava a olhar para mim de uma maneira incomodante. O meu corpo pareceu desligar por momentos, só de o observar, dificuldades em fechar a boca surgiram quando a mesma abriu, inconscientemente. Sorrir seria absurdo e por isso desviei a cabeça para a frente. 


Abanei a mesma em confusão. Uma porra de uma doença é tudo o que não preciso agora.

As aulas passaram a correr, sei disso porque demoramos cerca de 30 minutos em cada. Não que eu estivesse a olhar para o relógio sujo a minha frente de 5 em 5 minutos. Longe de mim. 


Os trabalhos eram de longe o mais aborrecido. As técnicas de sobrevivência que nos estão a ser ensinadas não fazem parte do programa, pelo menos que eu tenha conhecimento, então não percebo o porquê de o professor estar a dispensar tanta atenção as mesmas.


Fazer uma fogueira, improvisar uma ligadura, decorar os diferentes tipos de alimentos venenosos...parece tudo demasiado sinistro e sem sentido.


A melhor parte de estar nas aulas é sem dúvida a companhia de Tiffany. É a minha companheira de carteira nas poucas disciplinas que temos e também a amiga mais leal que tenho. Talvez seja a única, uma vez que não estabeleci uma ligação emocional com mais ninguém. Mas isso não me incomoda.


As pessoas são falsas e,na maior parte das vezes, maldosas ao ponto de magoar não tendo consciência dos próprios atos ou demasiado estúpidas para se importar com mais sentimentos além dos próprios .
Saí da sala, com o passo lento e calmo. Para pressas já chega em casa, nos campos onde terei de trabalhar, nas respostas rápidas que tenho de dar para parecer que está tudo bem quando nem sei quem sou. Em tudo basicamente. 

- Menina?- uma voz mais grave do que esperava ouvir, dando-me um sobressalto, chamou na minha direcção e eu tive a certeza que era dirigido a minha pessoa quando o seu olhar incidiu no meu á medida que me virava - Queira fazer o favor de nos acompanhar.

Bring me to life- Slow UpdatesOnde histórias criam vida. Descubra agora