Ele chamou-a mesmo para conhecer o edifício? Que bate coro mais fraco. É que podia mesmo ter arranjado uma maneira mais subtil de a convidar a ir dar uma volta... Falo por mim, afinal de contas se houverem comentários por parte dos indivíduos da instituição a culpa é dele.
Aliás, deveria escrever um cartaz e anunciar que vai come-la para um canto qualquer. Estúpido.
Caminhei em passos largos e apressados para o quarto passando por ambos enquanto Christopher lhe falava sobre o refeitório e os horários de refeição. Ele poderia dizer isso a todo o seu grupo, visto que não me parece muito eticamente profissional confinar a informação a uma pessoa só? Não sei...
Tentei não olhar para ele, mas foi praticamente impossível. Ele fica tão bem de camisa, e chatea-me o facto de ele parecer ficar bem com tudo o que veste.
Passamos lado a lado, influenciados pelo curto espaço do corredor e pelas filas de pessoas que vinham dos dois lados. Suspeito que seja pela importância deste dia, que o movimento não seja assim tão agitado frequentemente.
E senti algo na minha cintura, um beliscão matreiro ,brincadeira curta, e agarrei-lhe na mão, querendo que a mesma se mantivesse junto a mim mais tempo. Mas infelizmente, o constante movimento que éramos forçados a fazer, desfez a ligação tão depressa quando tinha sido feita, e caminhamos em sentidos opostos para quebrar o primeiro contacto a sério que fizemos.
Christopher Pov
Eu não sei o que sinto realmente. Tanto quero como não quero. E eu sei que poderia querer e ter, mas ao mesmo tempo qual é o sentido?A cada dia que passa menos vontade de viver tenho, e não quero que isso a influencie. A ela e toda a energia que tem. Também não quero afastar-me, isso seria no mínimo cobarde mas não posso dar a confiança toda, não posso soltar-me pelo meios para já, apesar de eu sentir essa necessidade.
Ela poderia ter muito melhor, eu não sou o melhor que ela poderia atingir, então porque tentar alguma coisa?
- Não achas? - Nina soou a meu lado. Não sei porque a trouxe, acho que apenas queria que a face de Evelyn olhasse para mim mais uma vez, gravar na memória os seus traços para quando não estivesse junto dela. A nossa mente engana-nos para nos deixar felizes. A minha atraiçoa-me a cada momento.
- Sim, sim... Vai andando para o dormitório. - disse para a rapariga a minha frente. Ela parecer desanimada, e surpresa até com o meu mais recente comportamento. Não a culpo. Eu sei que estou a ser um ser detestável mas não consigo evitar. É que deixa-la entrar na minha vida seria abrir-me para alguém incerto, e isso acarretaria consequências quando ela me deixasse. Deixam sempre, ou nem chegam a ficar por vezes.
Subi as escadas. Duas a duas. Atravessei o corredor imenso que separa todas as divisões de dormitório, na minha mente o pensamento de obter a única sensação que quero neste momento. É tudo o que eu preciso.
Comecei há uns tempos, era um escape eu acho... Um escape de todos os problemas, de todo o desespero de aguentar o meu ser todos os dias, em constante desenvolvimento. Comecei e desde de então foi impossível parar.
Sei o que vai acontecer, retiro uma quantidade adequada do saco, enrolo-a em papel amarrotado do bolso e acendo a ponta levando aos meus lábios de seguida.
Sinto logo a diferença em todo o meu corpo. Os olhos ficam avermelhados, as asas nascem das cinzas e ganho uma tranquilidade de alma e de espírito.
É uma droga, mas uma droga boa. Útil e até relaxante. Melhor que ela. Melhor que o amor.
Nenhuma droga é tão destrutiva como o amor.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Bring me to life- Slow Updates
Diversos"Tu podes ser tudo. Se visualizas uma coisa, eventualmente, acabas por a transportar para a tua vida. Alguns dizem que quem escolhe o nosso destino somos nós. Que todas as escolhas e consequências, recaem sobre nada mais nada menos, do que a nossa p...