DE REPENTE LOS ANGELES

39. | CAPÍTULO 39

Eu tinha a primeira aula daquela manhã com Tyler, o que foi muito bom para nos atualizarmos sobre os últimos acontecimentos. Contei a ele sobre a viagem, de como Nova Iorque era lindo, dos passeios que fizemos, das apresentações, do sucesso que nosso projeto havia sido, e principalmente sobre Nate.

- Não sei o que pensar, Ty. Tudo que vivi com ele lá foi muito legal, muito gostoso de sentir. Finalmente ter um sentimento por outra pessoa que não seja o Mike. Mas o Nate tá longe, e querendo ou não, chegar aqui e dar de cara com o Mike e aquele chaveirinho loiro ainda me dói muito. Eu não posso fingir que simplesmente não sinto mais nada pelo Mike porque outra pessoa cruzou meu caminho. E possivelmente outra pessoa que não vai dar em nada, pois estamos longe demais.

- Ter sentimentos por alguém não precisa anular o que você sente por outra pessoa, Ame. O Mike foi o primeiro garoto que você gostou, a primeira experiência amorosa que você teve, vocês viveram muitas coisas juntos e isso não vai se apagar facilmente assim. Mas você já entendeu que você e o Mike não funcionam juntos, e isso já é um início. Ou você quer fazer um luto de garotos na sua vida até parar de gostar dele?

Eu sabia que Tyler estava certo. Podia demorar muito mais pra que eu deixasse de gostar de Mike, para que as atitudes dele não me magoassem mais, mas eu devia dar uma chance pra mim mesma. Não podia me prender mais ainda por ter um sentimento por alguém que não daria em nada. Uma coisa era certa: eu e Mike nunca daríamos certo juntos. O meu cérebro já havia entendido isso, agora faltava o coração.

Em seguida Kate e Liza se juntaram a nós e contávamos a Tyler sobre nossa viagem, ele parecia muito animado junto com a gente, o que era muito fofo. Era muito bom ver que alguém ficava realmente feliz com a nossa felicidade. Minutos depois, ouvi a voz familiar de Mike e a segui involuntariamente. Ele caminhava em direção a nossa mesa e Trice o acompanhava. Quando chegaram perto, Mike se despediu dela com um selinho e pude ouvir claramente ele dizendo:

- Até mais, linda!

Ouvir ele chamá-la da maneira que ele me chamava me deixou muito mais triste do que eu imaginava. Realmente, dar de cara com a realidade estava sendo muito mais dolorido do que eu pensei que seria. Ele veio em nossa direção, colocou sua bandeja no lugar que sobrava na ponta da mesa e se sentou.

- Como foi a viagem, meninas?

Eu não fiz o menor esforço de responder.

- Nos divertimos pra caramba e, se tudo der certo, ainda vamos descolar uma bolsa pra universidade. - disse Kate, ainda animada.

- Que bom que aproveitaram! - ele disse com toda sinceridade do mundo. No fundo, eu gostaria que ele demonstrasse que tinha se importado mais comigo, mas parecia indiferente pra ele. - Hilary vai dar mais uma festa no fim de semana, é a última antes do baile. Vocês vão, né?

É claro que ela ia dar mais uma festa.

- Provavelmente. - Liza disse olhando pra Kate e em seguida pra mim. - Se vocês toparem...

- Vamos, sim. - eu respondi, e somente nesse momento olhei pra Mike.

Ele sorriu, dessa vez um sorriso frio. Lembrei da primeira vez que nossos olhares haviam se cruzado e Mike tinha dado aquele sorriso malicioso pra mim, que se repetiu tantas vezes depois. Mas o sorriso de hoje não era mais o mesmo. Não era mais como se eu fosse a Amelie que ele dizia ser tão importante, ou como mais uma das várias que ele colecionou. Era como se eu não fosse ninguém pra ele.

Eu nem fazia muita questão de ir nessa festa. Não tinha nada a comemorar ao lado de Hilary, Kevin, Trice e Mike. Mas queria comemorar a última noite com as minhas amigas. E precisava deixar claro a Mike que a vida continuava sem ele, assim como a dele continuava sem mim.