46. | CAPÍTULO 46

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Era o grande dia da inauguração da clínica. Tudo estava ocorrendo perfeitamente do jeito que eu havia planejado. Era uma sala comercial espaçosa, bem localizada no centro da cidade, as paredes internas eram beges e com alguns detalhes em verde turquesa e dourado. A fachada estava perfeita com o meu nome estampado nela e eu não conseguia esconder tamanha felicidade.

Coloquei meu jaleco e abri as portas para recepcionar todos aqueles que viriam comemorar esse momento tão marcante e especial pra mim. Kate e Hunter chegaram cedo com meu pai, e em torno de uma hora depois minha mãe também se juntou a nós. Havia duas colegas da última clínica que eu havia trabalhado, uma vizinha que eu me dava bem do mesmo prédio que eu morava e mais um casal de colegas da faculdade.

 Havia duas colegas da última clínica que eu havia trabalhado, uma vizinha que eu me dava bem do mesmo prédio que eu morava e mais um casal de colegas da faculdade

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- Você me mata de orgulho, minha garotinha. Tá tudo tão lindo! - meu pai disse enquanto me abraçava e tentava esconder as lágrimas de emoção.

- Amiga, eu to tão feliz por você! - Kate disse se aproximando e se juntou ao abraço meu e do meu pai, o que nos fez rir.

- E eu feliz que vocês estão aqui. Venham, vamos brindar! - eu disse, pegando o champanhe e chamando todos eles pra comemorar.

- Ao seu sucesso, maninha. Você merece! - Hunter disse e encostamos as taças uma nas outras para beber o líquido cintilante das taças.

Minutos depois, enquanto conversávamos em alguns grupinhos separados, fui até um espelho próximo checar minha maquiagem e ajeitar meu jaleco, quando escuto uma batida fraca na porta. Olho pelo espelho e reconheço Mike no mesmo instante.

- Parabéns pela conquista. Eu tava passando por perto e assim que vi a fachada não pude deixar de parar pra te prestigiar. - ele sorriu e me entregou um arranjo de flores lindo, que fiz questão de deixar decorando o balcão da recepção.

- Obrigada pela lembrança, Mike. Seja bem vindo! - eu disse o convidando para entrar.

- Ficou muito bonito, tá a sua cara! - ele disse observando tudo á nossa volta, enquanto eu sorria ainda sem jeito.

Ele se aproximou de meus pais e os cumprimentou, e em seguida nos aproximamos de Kate e Hunter que não tiravam os olhos curiosos de nós dois. Eu já havia comentado com eles sobre o nosso encontro repentino no meu último plantão, mas nem mesmo eles e nem mesmo eu esperava por essa visita naquele dia. De qualquer maneira, não conseguia disfarçar nem pra eles e muito menos pra mim mesma que aquilo havia me deixado feliz.

- Eu ainda não consigo acreditar que vocês finalmente ficaram juntos. Eu achei que você não ia pedir ela em namoro nunca! - Mike disse rindo, se referindo aos dois.

- Eu também fiquei impressionada. Mas o mais inacreditável de tudo, é que eles continuam juntos depois de cinco anos. - acrescentei.

- Viu, vocês falaram da nossa fantasia brega de Sininho e Peter Pan, mas deu super certo. - Kate disse e deu mais um gole no champanhe.

- Ah, entendi. Então esse era o segredo. - Mike disse.

- De qualquer maneira, a nossa fantasia tava muito mais bonita. - eu disse olhando pra eles e em seguida pra Mike.

- Realmente, a gente foi muito criativo.

- É, isso não tem como negar. - Hunter acrescentou.

Nós continuamos mais um tempo conversando sobre a escola e como as coisas haviam acontecido depois da formatura, mas incrivelmente não falamos em nenhum momento sobre a relação amorosa que eu e Mike havíamos construído. Ao mesmo tempo que me sentia confortável perto dele, que todos os sentimentos voltavam quando aqueles olhos azuis encontravam os meus, eu ainda sentia que era uma zona proibida para chegar. Eu não queria agir como se nada tivesse acontecido, mas tinha medo do que podia ouvir caso entrássemos nesse assunto, e eu nem sabia se estava preparada pra isso.

Todos foram se despedido e Mike continuou comigo na clinica até que eu a fechasse, quando o dia ia acabando.

- Tá feliz? - ele perguntou.

Eu chaveei a porta, dei dois passos pra trás, olhei a fachada pela última vez naquele dia e sorri enquanto voltava a olhar para Mike.

- Talvez eu seja a pessoa mais feliz do mundo hoje.

Ele sorriu de volta e se aproximou de mim. Paralisei enquanto os olhos dele me olhavam dos pés a cabeça e seu corpo ficava ainda mais próximo do meu.

- Eu posso te levar pra jantar?

Eu pensei em negar, em fugir, em não entrar na onda de Mike Keneddy outra vez. Mas não consegui falar outra resposta:

- Eu adoraria.

[...]

- Você tá querendo me sequestrar? - eu perguntei, sentada no banco do carona de seu carro enquanto ele dirigia pra algum lugar que eu não fazia ideia, mas percebia que nos aproximávamos da praia.

- Relaxa, já vamos chegar! - ele olhou pra mim rindo, mas logo voltou a prestar atenção no transito.

Eu não disse mais nada, aguardei mais alguns minutos e em breve avistei a avenida principal da beira da praia de Santa Mônica e ao fim dela o parque do píer brilhava. Era um início de noite muito bonito, ainda tinha aquela brisa gostosa vindo da beira do mar que fez meus cabelos voarem quando saímos do carro.

- Eu acho que conheço esse lugar...

- Claro que conhece. - ele respondeu sorrindo, colocou a mão na minha cintura e entramos no restaurante.

Era o famoso Neil's na beira da praia, o mesmo que fomos com Kate e Hunter no nosso pequeno passeio para Santa Mônica, no fim de semana que eu e Mike nos beijamos pela primeira vez. Apesar do restaurante estar reformado e ainda mais bonito, o cheiro e o ambiente eram muito familiares. Passou um filme na minha cabeça, me lembrando da primeira vez que fomos naquele lugar e de todas as coisas que havíamos vivido desde aquele dia até agora.

- Eu não consigo acreditar que já se passaram cinco anos desde a última vez que a gente esteve aqui. - eu disse admirada.

- Lembro daquele fim de semana como se fosse ontem. Nós éramos tão jovens, achávamos que tínhamos tudo no alcance das nossas mãos. - ele disse.

Eu olhei pelas janelas de vidro e quase conseguia imaginar nós cinco caminhando no píer, enquanto Kate e Hunter ainda falavam sobre a aposta da tarde de surf. Não consegui segurar o riso.

- Essa época foi muito boa.

- Foi mesmo. - eu sorri e ele sorriu de volta.

Em minutos nossos pedidos chegaram a mesa e até mesmo o gosto da comida era como uma viagem no tempo. Passamos o resto da noite assim, ríamos um do outro, conversamos sobre nossas famílias, faculdade, emprego. Era quase como conhece-lo de novo, mas no fundo tinha a mesma essência e o mesmo coração de sempre.

- Obrigada pela noite, Mike. Foi muito especial. - eu disse assim que ele estacionou em frente ao meu prédio.

- Você merece, Ame. Parabéns, mais uma vez.

- A gente se vê. - eu disse, esperando que fosse verdade e a gente se cruzasse mais uma vez.

- Com certeza! - ele sorriu, aproximou seu rosto do meu e deu um beijo no meio da minha bochecha.

Senti de perto o cheiro de Mike, e por mais que o perfume dele já não fosse mais o mesmo, o cheiro da pele dele nunca deixava de ser o cheiro que eu conhecia. Quando seu rosto se afastou, olhamos no fundo dos olhos um do outro e era quase como se eu conseguisse sentir o sangue que percorria pelas minhas veias, e cada batida do meu coração. O olho dele passou dos meus olhos para minha boca, e por mais que eu quisesse muito beijá-lo depois de tanto tempo, sabia que era a hora de sair do carro. Ele ficou esperando até que a porta do prédio fechasse e foi embora.

DE REPENTE LOS ANGELESOnde histórias criam vida. Descubra agora