30. | CAPÍTULO 30

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No dia seguinte, Kate passou a tarde inteira comigo me fazendo companhia, e dessa maneira foi mais fácil ignorar as ligações e mensagens que Mike não parava de me mandar, pedindo uma chance para que pudesse explicar tudo. Eu estava disposta a ignorar ele pelo tempo que precisasse, mas pelo bem da minha saúde mental implorei por uma única mensagem para que ele me deixasse em paz.

 Eu estava disposta a ignorar ele pelo tempo que precisasse, mas pelo bem da minha saúde mental implorei por uma única mensagem para que ele me deixasse em paz

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Passei os outros dois dias do fim de semana ao lado de Kate e Hunter, e no domingo Tyler também foi até a minha casa.

- Acho que tem um lugar que você gostaria de ir. Vem, eu vou te levar. - Ele disse assim que estacionou o carro em frente em minha casa.

Tyler me levou novamente naquele lugar alto da cidade, com a vista mais linda de Los Angeles e ficamos lá até que o sol se posse. Incrivelmente, nós sempre tínhamos sorte de ir lá nos dias mais lindos, em que o céu se preenchia num degrade de cores quentes e depois as estrelas brilhavam na escuridão da noite.

- Obrigada por ser meu amigo, Tyler. Eu amo você! - eu disse assim que ele me deixou em casa novamente. Eu era muito grata por ter a amizade dele e de Kate.

Tentei não tocar mais no nome de Mike e me remoer por tudo que havia acontecido, por mais doloroso que tivesse sido. Tentava até mesmo não pensar nele. Eu já sabia que ele não merecia sequer uma lágrima minha, e eu não ia ser trouxa mais uma vez perdoando os erros dele que nunca acabavam. Quando alguém erra e se arrepende, para de errar. Mike se arrependeu várias vezes e continuou persistindo no erro. Isso não servia pra mim.

[...]

As aulas retornaram na segunda-feira e assim que saí do carro no estacionamento, senti falta do Mike me esperando em frente a minha vaga. Senti falta dos cabelos loiros bagunçados dele, dos olhos azuis que me hipnotizavam e do sorriso lindo que ele abria toda vez que me via chegar. Balancei a cabeça tentando afastar os pensamentos e fui até a sala de aula em passos rápidos, torcendo para não esbarrar com ele.

- Bom dia! - eu disse me sentando ao lado de Liza.

Ela sorriu quando me viu e perguntou:

- Bom dia, Ame! Como você tá?

- Melhorando. Um dia depois do outro, né... Enfim, obrigada mesmo pela noite do ano novo.

- Não tem pelo o que agradecer, você sabe. Quando precisar! - ela piscou e fomos interrompidas pelo professor chegando na sala de aula.

No almoço tive uma batalha interna entre ir embora ou encarar que teria que encontrar com Mike pela escola, mas eu sabia que não podia ignorá-lo pra sempre. Não queria vê-lo, não queria ouvir ele me pedindo pra conversar, mais uma vez. Eu estava sentada no mesmo lugar com Kate, e Tyler, e por um breve momento, pensei que ele nem se juntaria a nós. Mas reconheci a voz dele em milésimos de segundos, quando ele se aproximou da gente.

- Posso me sentar aqui? - ele perguntou.

- Eu acho melhor não, Mike. - Tyler respondeu.

Mike não respondeu e também não se mexeu, ele olhou pra mim, como se esperasse a minha resposta. Foi quando o silencio tomou conta do ambiente que eu finalmente olhei pra ele.

- Pode sentar. Só não espere que eu dê ouvidos pra você.

Tyler se moveu, sentando em minha frente e abrindo espaço para que Mike pudesse se sentar ao lado dele, de frente pra Kate. Dei um piscadinha agradecendo por não ter deixado com que Mike sentasse de frente pra mim. Era muito difícil tudo isso. Eu não queria mais me envolver com Mike, mas não podia pedir pra que os amigos dele o deixassem de lado pra ficar comigo. Kate e Tyler foram amigos dele muito antes de serem amigos meus. Também não queria que eles tomassem "lado" nenhum da história, quem não quis escutar o lado de Mike fui eu, mas eles estavam livres pra isso. Kate não deixou com o que clima ficasse pesado e puxou alguma conversa aleatória, enquanto eu continuava comendo meu sanduíche tentando esconder o desconforto que era estar ali.

Algumas vezes, disfarçadamente, eu olhava para Mike ou ouvia sua voz e meu coração se apertava novamente. Ele estava ali, diante de mim, mas existia uma distância enorme entre nós. Ele parecia tão bem, tão normal, quase inabalável, enquanto a mágoa se fazia evidente em meu semblante. Eu não conseguia esconder, por mais que tentasse. E por mais que existisse toda essa tristeza, toda essa dor, eu ainda morria de saudades dele. Do toque, do beijo, do abraço, dele dizendo que gostava de mim e de todas aquelas inúmeras artimanhas de Mike Keneddy. Quando nossos olhares se cruzavam, era quase como se eu me congelasse inteira, mas não conseguia ficar encarando pra ele. Quando aqueles olhos azuis encontravam os meus, eu lembrava do momento em que isso aconteceu na noite do ano novo, logo após ele ter beijado Hilary, e sentia a dor inteira de novo. E o pior de tudo isso era que nada passava. Ele havia sido um tremendo idiota mas eu não conseguia deixar de amá-lo.

Antes que o sinal tocasse para retornarmos as aulas, o alto-falante da escola foi ligado e a voz do diretor ecoou por toda escola.

"Caros alunos, solicitamos a todos que se encaminhem diretamente para o auditório principal assim que o sinal tocar. Aguardamos vocês para avisos importantes do último semestre."

Faltava apenas cinco meses para que nosso último ano escolar chegasse ao fim e então nos formássemos. Os avisos do diretor foram todos relacionados a isso: era importante que déssemos o nosso melhor agora, aplicássemos todas as nossas atividades para concorrer as bolsas universitárias e já deveríamos correr atrás disso.

- E por último e não menos importante, este ano teremos um novo projeto em nossa escola! - continuou o diretor. - Vamos criar em nossa escola diversas oficinas de voluntariado voltado para causas especiais, para que possamos apoiar instituições que ajudem todos os necessitados, como crianças carentes, refugiados, desabrigados, animais abandonados, entre outras. As melhores oficinas irão para uma feira em Nova Iorque, concorrendo a prêmios e até mesmo bolsas de universidades. Conto com a presença de todos vocês e em breve daremos início a esse projeto tão bacana!

Sabia que os próximos meses seriam corridos e abririam portas que decidiriam os próximos passos da minha vida. Fiquei feliz de saber que tinha coisas realmente importantes para me preocupar ao invés de pensar na falta que Mike me fazia.

DE REPENTE LOS ANGELESOnde histórias criam vida. Descubra agora