Capítulo 7

35 8 0
                                    

12:55 p.m.

Vejo Dean com o braço sobre os ombros de Tia enquanto joga conversa fora com um grupo de amigos no refeitório da faculdade. Ensaiei essa conversa com Shane durante todo o final de semana que fiquei com ele em seu apartamento, colocando nossa amizade em dia e tentando cuidar do meu amigo homesick.

Confesso que fiquei surpresa em ouvir dele que ele estava com saudades de casa e das irmãs – DAS IRMÃS – e que passar estas últimas datas comemorativas sem a família foi difícil. Notei que ele começou a falar mais sobre a família ultimamente e, assim como eu, Cass também tem o achado cabisbaixo. No começo, imaginei que tivesse algo a ver com Zoey, mas conheço meu amigo bem o suficiente para saber que ele não ficaria desse jeito por causa de uma garota.

Para piorar, Shane confessou que sente a minha falta e eu já me organizei com ele para abrirmos um espacinho a mais nas nossas agendas um para o outro. Durante este semestre será mais fácil também porque não seremos divididos em duplas ou grupos, então poderei ficar com Shane a aula inteira, ao contrário de como era no semestre passado.

Não que durante a aula de hoje eu tenha conseguido prestar atenção em qualquer coisa dita pelo meu pai, que vai passar o mês de Janeiro inteiro sendo nosso professor novamente. Afinal, o nervosismo em chegar perto de Dean após a nossa despedida na sexta-feira, sem saber se ele está chateado comigo ou se está planejando uma nova forma de me matar, é o motivo por eu não ter mais unhas para roer.

– Eu vou ficar olhando de longe – Shane diz assim que nos aproximamos o suficiente de Dean e Tia para ouvir o que eles dizem.

Assinto com a cabeça, sentindo certo alívio por, pela primeira vez, estar totalmente em público e perto de Shane enquanto me viro para abrir a assinatura de Dean.

– Dean? – digo, aparecendo ao lado dele.

Ele vira o rosto para mim um pouco espantado e se separa de Tia, que logo me dá um oi. Respondo o seu cumprimento com um sorriso amarelo.

– Podemos conversar? – pergunto.

Não sei qual dos dois está com uma cara mais sem graça. Acho que sou eu porque além de tudo, ainda preciso dar um jeito de tocar em Dean para abrir a sua assinatura.

Dou alguns passos para trás e Dean me acompanha, ficando a uns cinco metros de onde seus amigos estão conversando.

– Você está bem? – Dean me pergunta.

– Sim – respondo. – E eu te devo um pedido de desculpas. Eu fiquei assustada e confusa por ter desmaiado do nada e...

– Tudo bem.

Ele se aproxima de mim e pega a minha mão.

– Ontem eu conversei com a Cass – Dean diz olhando para as nossas mãos. Seu dedão está acarinhando o dorso da minha. Um certo pânico se apossa de mim pela possibilidade de Dean estar tentando abrir a minha assinatura enquanto me distrai com o que quer que ele vá dizer agora. Mas tenho quase certeza de que se ele tentar abrir a minha assinatura eu vou vê-la me contornando.

– Sobre? – pergunto, dando um jeito da minha palma tocar por inteiro a dele mas a dele não fazer o mesmo.

– Sobre o que aconteceu. Eu não sabia direito com quem falar sobre isso, então falei com ela – Dean diz.

– Ela não me contou nada sobre isso.

– Eu pedi para não contar. – Dean diz, como se não fosse óbvia a sua resposta. – Tenho que admitir que eu saí bem chateado do hospital na sexta. Você dizendo que eu te droguei e que era para chamarem a polícia foi um choque e uma reação que eu jamais esperaria de ninguém porque eu nunca faria mal para você ou para qualquer outra pessoa.

Minha Pessoa Abençoada - Livro 2 - Série EncantadoresOnde histórias criam vida. Descubra agora