Capítulo 1

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11:00 a.m.

Quando o despertador toca, percebo que estou com o meu braço preso embaixo de Cass e tenho certa dificuldade para achar o meu celular. Enquanto eu cheguei com uma dor de cabeça insuportável ontem de noite após o jantar de natal graças à minha prática tentando separar o meu Enon para realizar encantos diversos, Cass perdeu a conta de quantas garrafas de vinho bebeu em uma festinha de natal na noite passada e ficou mandando mensagem durante horas para Shane cuidar dela.

Como Shane não tem paciência para drama de pessoas comuns, mesmo essa pessoa comum sendo Cass, quem cuidou dela fui eu. Cass faz o tipo bêbada carente, então só sossegou quando adormeceu de conchinha comigo. Mas agora estou com o braço sem circulação e mesmo com o despertador, Cassandra ainda não levantou.

– Cass, levanta – digo tocando seu ombro com a minha mão livre. – A gente marcou 11:15 lá embaixo pro Secret Santa, lembra?

– Eu não quero presente, só quero dormir – ela resmunga. – Minha cabeça está doendo.

– Eu faço um café para a gente e juro que a sua cabeça vai melhorar.

Ela faz manha, porque é isso que ela faz quando está bêbada, e acho que também por este motivo Shane não quis estar perto dela neste estado. Como Cass não gosta do inverno, ela acaba bebendo muito nas estações mais frias. E esse estado de ressaca tem sido mais comum do que nós dois gostaríamos.

Consigo me libertar da cama e vou me arrumar. Mas só vejo Cass de pé quando volto do banheiro com o rosto limpo e os dentes escovados.

Ela toma a minha mão e descemos juntas as escadas não antes de ela pegar um óculos de sol e colocá-lo no rosto. Acho que alguém realmente não acordou bem.

Quando chegamos no porão, me deparo com uma árvore de natal com pelo menos 40 presentes. Ontem de manhã coloquei os meus ali, mas não tinha nem metade dos que vejo agora. E olha que só somos 10 estudantes trocando presentes.

Vou direto para a cozinha preparar um café forte para nós duas e, no momento em que coloco a água na cafeteira, já a encanto para nos ajudar com as dores de cabeça com as quais acordamos. Certamente a minha não se compara com a de Cass, mas ainda sinto umas pontadas na têmpora esquerda.

Saí da casa do meu pai ontem jurando que nunca mais na vida tentaria separar o meu Enon. A sensação é pior do que fazer uma renovação sem compatibilidade. É como se eu tentasse sozinha separar dois tanques gigantes com milhares de litros de Enon e depois precisasse mantê-los separados enquanto uso o Enon de um deles. Exige muito mais concentração e tempo do que um encanto normal. Mas pelo menos deixei meus pais felizes na noite de natal e é isso que importa.

O café fica pronto quando conto 10 cabeças no porão. Inclusive a de Shane, que agora está sentado ao lado de uma Cass de humor instável com quem ele ainda não ousou conversar.

Distribuo o café em três xícaras e dou uma delas ao meu amigo.

– Eu nunca tomei café para ressaca – Cass diz.

– Esse aí é milagroso – digo.

– Você e seus negócios milagrosos – ela resmunga.

Alexei chama todo mundo para perto da árvore de natal e acabamos nos sentando no chão em uma rodinha. Exceto por Shane, estamos todos sonolentos. Antes sonolentos do que bêbados e com dor de cabeça, caso o Secret Santa tivesse acontecido ontem de noite.

– Alguém quer começar? – Amrit pergunta.

– Eu – digo.

Engatinho até a árvore de natal e pego as duas caixas com os presentes de Trevor. Em seguida, me ponho de pé, um pouco tímida, porque não conheço Trevor o suficiente para descrevê-lo para a casa toda.

Minha Pessoa Abençoada - Livro 2 - Série EncantadoresOnde histórias criam vida. Descubra agora