Capítulo 15

50 7 0
                                    

Abro os olhos um pouco confusa com o teto acima da minha cabeça. É familiar, mas não tão familiar assim. Viro o rosto para os lados e noto o relógio na mesa de cabeceira apontando 12:44 p.m. e Dean sentado em uma cadeira bem pertinho de mim.

Estou no quarto de visitas da casa do meu pai e não tenho nenhuma ideia de como vim parar aqui.

– Está se sentindo bem? – Dean pergunta.

Aos poucos me sento sobre a cama. Faço uma força danada para me lembrar o que aconteceu para eu ter me sentido mal em algum momento e só preciso arrastar um pouco as costas no travesseiro para me dar conta de que provavelmente eu apaguei com a dor que Marvin me fez sentir quando um canal Heller foi erguido.

– Estou bem, só com sede.

Dean se levanta da cama e pega no criado mudo, ao lado do relógio, um copo d'água quase cheio para mim. Ele se senta perto de mim na cama e me observa enquanto esvazio parcialmente o conteúdo do copo.

– O que aconteceu? Por que estamos na casa do meu pai? – pergunto.

– Você desmaiou no gelo e eu não soube o que fazer. Seu pai falou para eu te trazer para cá, me passou o endereço e eu trouxe. Depois ele quis se livrar de mim e eu disse que não iria embora daqui sem você.

Sua frase final me faz abrir um sorriso. Preciso me controlar para não morrer de fofura toda vez que Dean faz algo assim. Ainda mais sabendo como o meu pai pode ser insistente e convincente ao mesmo tempo.

Coloco o copo quase vazio sobre o criado mudo e tomo as mãos de Dean com as minhas.

– Obrigada – digo.

– Por tudo, como sempre, eu sei.

Nós dois damos risadas, visto que infelizmente eu não sei agradecer de outro jeito. Aproximo-me o suficiente para beijá-lo porque, honestamente, Dean foi meu herói hoje e precisa ser recompensado como heróis são quando salvam as donzelas indefesas. Até porque não sei de que forma ele gostaria mais de ser agradecido do que essa.

– Finalmente acordou – meu pai diz da porta do quarto. Eu não notei que ele estava ali e nem quando apareceu. – Pode nos dar licença, por favor? – meu pai pede a Dean.

Os dois trocam olhares desconfiados e após alguns segundos discutindo internamente consigo mesmo, Dean cede e sai do quarto.

– Não sabia que você estava com um namorado novo – meu pai comenta. – Eu gostei dele.

Começo a rir, não sei se de constrangimento ou de nervoso, mas meu pai entendeu tudo errado.

– Ele não é meu namorado – digo. – Ele é o meu amigo que trabalha com Uber que eu comentei no natal. E como assim, gostou dele? Ele me disse que você tentou expulsá-lo daqui.

– Gostei porque sei que ele não te deixaria sozinha em uma situação difícil como a que você passou hoje, mesmo que fatores externos o ameaçassem, como eu fiz. Eu vim até o quarto quatro vezes para pedir para ele se retirar. Na quinta, abri a assinatura dele porque não queria correr o risco de estar botando uma pessoa estranha, que eu não sei nada a respeito, na minha casa e perto de vários livros de encantos.

– Você abriu a assinatura dele?

Engulo em seco porque não sei o quanto da assinatura de Dean foi explorada pelo meu pai.

Meu pai acena positivamente com a cabeça.

– Então já deveria saber que não somos namorados – digo.

– Deveria? – meu pai pergunta. – Nada ali me disse o contrário – meu pai comenta. Ótimo, agora meu pai sabe o que aconteceu esta madrugada e manhã. – Eu só achei um pouco estranho que vocês pudessem estar namorando se você continua determinada a ter o Jake de volta. Ou você desistiu e eu não sei?

Minha Pessoa Abençoada - Livro 2 - Série EncantadoresOnde histórias criam vida. Descubra agora