Capítulo 4

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— o que foi agora?— eu perguntei sem tirar os olhos do meu livro sabendo que Demetri estava na porta do quarto.

— acho que o Miguel se deu mal hoje.

— antes ou depois de você fazer a gente vir embora as pressas?

— durante.

— não me diga que vocês o deixaram para trás — olhei na direção do garoto que tinha o ombro apoiado no batente da porta — Demetri — repreendi a sua atitude.

— ele tem feito caratê, está se achando um garoto forte e eu não podia esperar para apanhar com ele — neguei com a cabeça me ajeitando na cama para dar espaço para que meu irmão se sentasse ali.

— não acha que já passou da hora de parar de fugir?

Demetri se deitou na cama olhando para o teto.

— eles estão brigando de novo — mudou de assunto — em que momento decidimos que o seu quarto ficaria no final do corredor e o meu entre o de vocês?

— nem vem, quando eu cheguei aquele quarto já era seu — o lembrei.

— é, uma triste realidade na verdade.

— e então, se você tentasse o carate poderia ser divertido.

— não vai ser divertido.

— é uma forma de defesa, vai te deixar menos molenga provavelmente.

— eu posso pensar sobre entrar para o cobra Kai se você também for.

— então nós não vamos, eu sou bonita demais para ter um nariz sangrando.

— essa é a sua melhor desculpa?

— eu também não bato em animais da sua espécie — brinquei fechando o livro e o colocando na cômoda ao lado da cama, me deitei de barriga para cima assim como meu irmão.

Ficamos em silêncio por alguns segundos antes de ouvir a porta do quarto no início do corredor bater com força.

— acha que eles vão se separar?

— acho que eles estão tentando, não é uma situação fácil.

— talvez ele te mande ir embora.

Eu e Demetri não temos o mesmo sangue, não conheço minha mãe, mas meu pai é músico.

Ele e a Nani (mãe que inventei para o Demetri) se conheceram quando ela tinha se separado do marido, se envolveram o suficiente para que a gente viesse morar aqui.

Dois anos, com as viagens do meu pai e as brigas por Nani não se conformar com a falta de responsabilidade do homem foram dois anos até tudo terminar.

Nós já erramos uma família, Demetri e eu eramos uma família, eu tinha uma mãe.

Eu tenho uma mãe que mesmo sendo chamada de tia vez ou outra quis que eu ficasse, eu tenho um pai que concordou que o melhor seria que eu ficasse.

A três meses os pais do Demetri voltaram para o seu antigo relacionamento, mas o homem ainda precisa de tempo para se adaptar a nova vida da sua família.

Duas batidas na porta chamaram nossas atenções e então o rosto do homem passou por ela, ele sorriu.

— eu e a mãe de vocês estávamos conversando sobre fazer algo em família amanhã, o que vocês acham de sairmos para comer uma pizza?

— claro — eu fui a primeira a responder.

— pode ser — Demetri disse algum tempo depois.

O homem não disse mais nada, só saiu fechando a porta.

— vai ser esquisito.

— claro você vai estar lá.

— é muito otimismo achar que é apenas por isso.

Dei um sorriso.

— ele está tentando, o resto a gente leva na brincadeira.

Por Você - Robby KeeneOnde histórias criam vida. Descubra agora