Capítulo 38

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— Preciso falar com você — Falei quase invadindo o dojo, as "aulas" voltaram hoje e eu não posso continuar vivendo com esse peso.

— Você não pode ficar aqui — Foi o Lawrence que disse pra mim quase me empurrando pra fora.

— O que? Por que? Eu sempre fico aqui.

— Pelo visto o cobra Kai se tornou um lugar pra mulherzinhas — Alguém com a voz grave disse por trás do Sensei, esse movimentou os lábios e sem nenhum som disse "vai" e eu não pude questionar enquanto era direcionada para a porta.

Passei por ela sem olhar para trás, mas pude ver pelo vídeo um homem forte de expressão furiosa à frente do treino enquanto o sensei Lawrence estava ao seu lado questionando com o olhar cada uma das falas do outro.

Mandei mais uma mensagem para Eli pedindo pra ele me encontrar assim que saísse dali.

Não podia conversar com ele em casa porque ter Demetri envolvido nisso seria um erro enorme, meu irmão não se limita em não se meter e eu com certeza não posso fechar a porta do meu quarto pra poder conversar em paz.

Me sentei sobre o encosto de um dos bancos da praça e apoiei meus pés no assento, batendo um deles sem parar enquanto minha perna tremia sem parar.

Não sei por quanto tempo eu fiquei ali, mas com certeza as pelinhas soltas em meus lábios já estavam acabando de tanto que eu as estava mordendo.

— Buh — Quase cai para trás ao ouvir um som próximo ao meu ouvido.

— Quer me matar do coração, falcão?

— O que quer falar? O Sensei quer que a gente volte em meia hora então se puder ser rápida.

— Está acelerando sua namorada para trocá-la por Johnny Lawrence?

— De forma alguma, quem mandou foi o Sensei Kreese.

— E quem é esse?

— Ele meio que foi o sensei do sensei ou algo desse tipo, vai ajudar o cobra Kai.

— Miguel ganhou o regional ano passado, acho que o cobra Kai ia bem.

— Agora é diferente, é algo mais pessoal, a gente tem que derrotar o LaRusso — Ele se sentou ao meu lado e apoiou o cotovelo sobre as pernas para me encarar — O que quer falar?

— Quero falar sobre a gente — Respirei tentando tomar coragem — Eu amo você e eu sempre amei, só não sei se é exatamente esse tipo de amor que a gente está tentando.

— O que quer dizer?— Abri e fechei a boca algumas vezes, cocei a garganta, abri a boca novamente e não consegui dizer nada.

Eu não posso contar o que eu fiz, magoaria ele e não envolve só nos dois, envolve também duas outras pessoas que não estão aqui e uma delas talvez nem saiba, quer dizer provavelmente, nem sabe o que ouve.

— Tá tentando terminar comigo?— Ele perguntou e eu apertei os lábios, minhas vistas se embaçaram com lágrimas — Tá chorando por que está terminando comigo?— Senti as lágrimas escorrerem pelo meu rosto.

— Eu não quero magoar você — Minha voz custou sair.

— Tá tudo bem, você não tá me magoando — Eli passou um dos braços por cima do meu corpo e acariciou minhas costas — A gente ainda pode ser amigo.

Encarei bem seu rosto sereno, ele parecia aliviado.

— Ah, não — Me levantei saindo de seu toque e de frente ao banco sequei minhas lágrimas — Você ia terminar comigo?

— Não, eu não ia.

— E por que está tão tranquilo? — Foi a vez dele ficar quieto — Eli, falcão ou seja lá como eu deveria te chamar agora. Ia terminar comigo?

— Como namorados, nós somos muito bons amigos.

E como eu poderia discordar daquilo? Eu não poderia, ia ser um absurdo fazer isso.

Foi pensando nisso que eu não pude contar uma risada totalmente aliviada escapar pelos menos lábios.

— Aí você deixou que eu te magoasse com medo de me magoar? Que covarde pra um cobra.

Ele deu de ombros e se levantou descendo do banco em um pulo sem desequilibrar um centímetro.

— É uma estratégia pra poder ter recaídas com você — Disse se aproximando, revirei os olhos sentindo seu toque no meu rosto.

— Se eu quisesse isso, continuava namorando você — O afastei sorrindo — Agora é melhor você ir antes que os seus senseis fiquem com raiva.

— Você não vem?

Neguei.

— Johnny me expulsou de lá mais cedo, vou cadastrar as novas matrículas de casa mesmo.

Por Você - Robby KeeneOnde histórias criam vida. Descubra agora