Capítulo 46

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Meu sangue estava fervendo, minhas mãos tremendo, eu estava a um segundo de enlouquecer.

Se já não tivesse enlouquecido quando tomei um rumo diferente do de minha casa.

Não bati na porta antes de entrar e não parei para cumprimentar a mãe super educada que tentou me receber com um sorriso.

— Bateu no meu irmão?— Bati a porta fazendo Falcão se assustar e parar com os abdominais que fazia no chão do quarto —os Colocou a sua gangue pra bater no meu irmão?

— Não pode entrar no meu quarto sem bater.

— Quero que se foda, você tá pensando que é quem pra sair batendo nas pessoas?

— Não quero brigar com você também, o Demetri fez aquele comentário e ele entrou pro miyagi-do.

— E ele sempre foi o seu melhor amigo — Meus olhos começaram a arder e eu tentei respirar pra não chorar — A gente defendeu você, secou suas lágrimas pra quê? Pra você aprender a bater, mudar o cabelo, fazer uma tatuagem e nos atacar? Machucar seus melhores amigos?

— Eu não machuquei você, não machuquei a Moon, vocês não deveriam tomar as dores do Demetri — Ele já estava de pé, falando de uma forma firme e grosseira.

— Não reconheço você — Encarei seus olhos com confiança dando um passo à frente — Na verdade eu não conheço você, você é só um filhinho de papai, fútil, fraco e covarde.

Falcão deu um passo à frente com o rosto quase grudado no meu, seus olhos queimavam.

— Agora eu posso ver a aberração que tanto falavam — Conclui com firmeza.

O garoto de topete segurou o meu olhar e assentiu se afastando.

— Não se esqueça que você é uma de nós, pode até ser bonitinha, mas é tão cobra Kai quanto eu.

Passei a língua entre os lábios me obrigando a manter calada, calada como todas as vezes que omiti o que vejo, calada como todas as vezes que dei risada, que comemorei, que apoiei.

Calada como todas as vezes em que eu estava lá, encobrindo detalhes.

— Todos os alunos novos, os garotos fracos como seu irmão, são culpa sua — Falcão fez questão de deixar claro — Você faz a armadilha e trás eles pro nosso lado, é você quem diz que tudo é perfeito. Mas você não diz que nem todos vencem.

— Espero que em algum momento você caia na real — Falei me afastando em direção a porta — Quando isso acontecer espero que tenha te restado algum amigo pra te ajudar a se reerguer.

— Sempre vou ter você.

— Não mais.

A verdade é que se o falcão estivesse pendurado apenas por uma mão na beira de um penhasco e apenas eu estivesse ali para ajudá-lo, não iria fazer, pelo contrário.

Tenho certeza que pisaria em sua mão e assistiria a sua queda.

Na saída parei para cumprimentar os pais do garoto, sua mãe me olhava de uma forma estranha, não conseguindo disfarçar que ouviu o que falávamos.

— Thais — Ela me chamou antes que eu pudesse passar pela porta da frente — Meu filho demorou muito para construir quem ele é hoje, entendo que o relacionamento de vocês não deu certo, mas sei se vocês podem ser bons amigos como sempre foram.

— Desculpa senhora Moskowitz, mas seu filho não é mais meu amigo e não vai voltar a ser.

No caminho pra casa pensei sobre tudo o que tenho feito, mas é pelo meu futuro, então vale a pena, não é?

Amigos, namoros e a vida de escola fica pra trás em algum momento. Não quero arriscar meu futuro em Nova York por pessoas que talvez eu não veja depois da formatura.

Mas mesmo assim me sinto tão mal em fazer parte de algo que machuca e muda quem eu amo.

Entrei em casa, cumprimentei minha mãe e padrasto que estavam vendo um filme juntos na sala e subi direto para o quarto do meu irmão.

Quando ele me ligou eu fiquei tão furiosa que nem mesmo com ver como ele estava, eu só queria ter aprendido caratê pra poder bater no falcão.

Demetri estava parado no meio do cômodo fazendo movimentos estranhos com as mãos.

— Ta fazendo o que?— Perguntei.

— Pintando a cerca.

— Que cerca? Não, eu acho melhor não saber — Entrei no cômodo jogando minha mochila sobre a cama — Como você tá? Tá machucado?— Segurei seu rosto procurando machucados.

— Não, eu tô bem, graças a Samantha e ao Robby — Contou — Se não fosse por eles eu estaria ferrado, você tinha que ver, eles me cercaram. E o Eli é quem estava comandando.

Dá pra sentir a tristeza na voz do meu irmão em contar isso sobre seu melhor amigo.

O puxei pra um abraço apertado.

— Me desculpa.

— Você não fez nada.

Engoli em seco.

— Eu voltei pro cobra Kai, Demetri.

Meu irmão separou nosso abraço e encarou meus olhos confuso.

— O que? Não, por que? Você disse que ia sair, eles são perigosos, você viu o que fizeram comigo. Eles tentaram invadir a nossa casa.

— É só por um tempo, pro meu histórico pra faculdade.

— Você pode conversar com o senhor LaRusso, ele pode te ajudar com um estágio, se é isso que você precisa, talvez ele até te pague.

— Não é assim tão simples.

Demetri se afastou e pegou a minha mochila de cima da cama a estendendo em minha direção.

— Acho melhor você ficar no seu quarto hoje.

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⏰ Última atualização: Jul 02 ⏰

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Por Você - Robby KeeneOnde histórias criam vida. Descubra agora