Capítulo 27

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Fiquei até mais tarde no colégio hoje por conta do teatro, tentando focar o máximo para conseguir o destaque e a perfeição que sei que consigo alcançar.

Mas tem sido difícil, parece que saber que não vou ter meus amigos aqui comigo faz tudo perder um pouco a graça.

Demetri e Eli sempre vieram.

Por sorte as ruas ainda estavam movimentadas quando saí, pois as estrelas já iluminaram a noite e não é um caminho assim tão perto até minha casa.

Mas eu não quis incomodar ninguém para que viessem me buscar.

Encarei a rua que teria que subir já cansada e também encarei a pessoa de capuz que descia sobre ela com um skate sem olhar para frente ou para os lados, despreocupado encarando seus pés.

Revirei os olhos sabendo que teria que sair do caminho se não quisesse ser atropelada e eu odeio isso, sair da minha linha de passos pois alguém não presta atenção por onde anda.

Entretanto, não tive tempo para isso antes de ter um impulso e andar alguns passos para trás tentando não ser atingida.

Robby tirou o capuz e me encarou com o rosto sério.

— Ficou louco? Podia ter me machucado ou se machucado ou então machucado nos dois.

— Como você pode ser tão egoísta?

O encarei sem entender.

— Por não ter tempo de desviar?

— Por fazer fofoca pro meu pai.

— Pro seu pai? Eu não conheço o seu pai e eu não posso fazer fofocas de não sei de nenhuma.

— Eu nunca tive um pai e agora você me tirou também o senhor LaRusso.

Vi seus olhos serem tomados por lágrimas, mas ele as disfarçou.

— Desculpa.

Eu podia não saber o porquê de me desculpar, mas se é o que ele espera ouvir, não posso dizer nada além.

Robby riu sim humor.

— Não finja que não sabia o que está acontecendo, você é como aquelas cobras que se rastejam esperando o momento pra atacar — Ele se afastou e passou a mão pelos cabelos — É uma cobra Kai, me indicou um emprego com o LaRusso sem nem me conhecer e me manteve por perto pra saber quando atacar.

Foi a minha vez de dar risada.

— Ah, sim claro — Concordei — Por que você seria muito vantajoso nisso tudo quando já tínhamos o Miguel com a Samantha.

— Eles não estão mais juntos.

— E você pelo visto se importa muito com isso.

— Não é o que eu quero dizer.

— Mas eu tenho muita impressão de que é exatamente isso que está acontecendo.

— Para de voltar nesse assunto, a gente está aqui pra falar sobre Johnny Lawrence.

— Ele deve tá bêbado já dormindo se quer entrar no cobra kai tenta amanhã.

— Johnny Lawrence é o meu pai, pelo menos era pra ser.

Johnny tem um filho?
Me agradeci por apenas pensar ao invés de dizer.

— Mas ele prefere qualquer um de vocês a mim, então tudo o que eu tinha até você abrir a boca era Daniel LaRusso. Eu tinha uma casa com comida boa e caratê, tinha quase uma família.

— Não tinha como eu saber, eu só queria um conselho porque não queria que se machucasse no campeonato.

— Me machucar? Eu sou muito melhor do que qualquer um daqueles caras que você vive grudada.

— Eu me preocupo, não pode me culpar disso também. Daniel e Johnny estavam se dando bem nos últimos dias, saíram pra beber e conversaram. Não tinha como eu saber, não tinha mesmo como eu saber que você estava de fato envolvido nisso.

— Samantha disse que te viu chorar um dia desses na escola.

— Achei que Samantha tivesse problemas o suficiente lidando com o triângulo de vocês.

— Não é um triângulo.

— Pelo visto não mais, Miguel foi chutado.

— Até quando vamos ficar discutindo por causa deles?

— Tem razão — Ajeitei a mochila nos meus ombros — Já me desculpei pelo mal entendido com o sensei Lawrence, então agora eu vou pra casa.

— Thais — Ele me chamou novamente.

— Robby, eu tô cansada e eu não quero ficar ainda mais discutindo o que não vai nos levar a nada.

E então senti uma pressão sobre meus lábios.

Pisquei duas vezes antes de entender o que estava acontecendo e quando ele se afastou encarou meus olhos.

Desviei meu olhar para a boca de Robby sentindo a falta do calor de seu toque contra os meus, então dei um passo e os juntei mais uma vez.

Coloquei minha mão sobre sua nuca o puxando ainda mais para mim, senti uma de suas mãos agarrarem minha cintura enquanto a outra ia até meus cabelos soltos.

Sua língua conhecia minha boca com total certeza do que estava fazendo e meus movimentos não ficaram atrás, como se fizéssemos aquilo juntos a muito tempo.

Sem estranheza, sem constrangimento, apenas aquela sensação de que não poderíamos ficar longe um do outro.

Mas sabíamos que no dia seguinte estaríamos de lados opostos e seguimos isso naquela noite.

Por Você - Robby KeeneOnde histórias criam vida. Descubra agora