Por Você - Robby Keene

Capítulo 24

Hoje meu pai veio pra casa, bom vai vir na verdade.

Ele sempre vem no terceiro domingo do mês, passa o dia com a gente e no final vai embora.

Mas é a primeira vez que ele vem depois que os pais do Demetri voltaram, na última vez eu e meu irmão fomos encontrar com ele direto em um determinado lugar.

O que era pra ser o dia foram somente horas naquele domingo.

Isso tira o meu tempo de sofrer pensando em como eu fui idiota por achar que alguém como o Robby realmente iria gostar de mim.

— Pegue os tomates cerejas filha — A mulher disse concentrada no molho de macarrão que preparava, atravessei a cozinha logo alcançando a tigela funda com alguns tipos de legumes frescos.

Estranhei, ela não costuma usar legumes e nem nada fresco, no máximo em conserva.

Coloquei ao seu lado sobre a bancada e me afastei de novo.

O som da companhia me fez sorrir e antes que alguém pudesse fazer isso corri para atender a porta.

O homem de cabelos cumpridos, ruivos sorriu e logo abriu os braços para que fosse recebido com um abraço.

— Como você pode ter crescido tanto em um mês? Está ficando cada dia mais bonita e eu mentiria se falasse que puxou qualquer uma de suas duas mães.

— Por que está usando roupa de couro?— Perguntei sorrindo o puxando para dentro.

— Uma turne no Texas é o que aguarda seu paizão aqui, vamos tocar em um rodeio — Seus olhos percorreram a sala e ele sorriu ao ver Demetri se aproximando — O que acha garoto, eu e você em um palco grande no Texas.

— Acho que não — Demetri disse retribuindo o abraço do homem.

— As garotas texanas adoram um cowboy, pelo menos é o que eu ouvi falar — Meu pai disse ainda segurando minha mão e com o braço sobre o ombro de Demetri.

— E as crianças não precisam saber disso — Mamãe disse vindo da cozinha ainda usando avental.

— Alguém tem que dizer a eles como a vida é — Eles sorriram um pro outro mesmo ela tentando conter — E onde está seu novo velho marido?

— Foi comprar uma bebida para o almoço, por que você e as crianças não organizam a mesa?

As coisas não mudaram muito, o senhor Alexopoulos trouxe um vinho prós "adultos" enquanto eu e Demetri ficamos com uma limonada com gás. Ele recebeu meu pai de bom grado mesmo que não pudesse evitar as piadinhas uma vez ou outra.

— Eu preciso ir, a banda pega a estrada em algumas horas e eu ainda preciso descansar — Meu pai começou a se despedir.

— Ainda vivendo em um trailer?

Ele olhou para o senhor Alexopoulos e assentiu.

— Eu não vivo em um trailer, mas eu ainda tenho um sim e dos bons.

Demetri e eu trocamos olhares quando ouvimos seu pai rir já sabendo o que viria a seguir.

— E você não pensa em deixar a adolescência pra trás, sabe ter uma casa, uma família, cuidar da própria filha.

— Minha filha está muito bem cuidada pelo que vejo.

— Claro você a vê uma vez por mês.

— Acho que já chega de vinho — Mamãe disse pegando a garrafa do centro da mesa.

— Se minha filha não estivesse bem eu saberia.

— Já faz um bom tempo que vocês se separaram, nós estamos juntos novamente e talvez eu queira alguns momentos só com a minha família.

— Não nos envolve nisso — Demetri disse concentrado no macarrão.

— Eu cuidei do seu filho por dois anos e não me lembro de uma visita sua nesse tempo — Meu irmão murmurou um "verdade" quase impossível de se ouvir — Também não me arrependo de nenhum momento que passei com ele e o tenho como um filho pra mim.

— Pai, acho que seu táxi chegou — Falei segurando sua mão — Eu vou com você até lá fora.

— O acordo que eu e minha ex-mulher temos sobre nossos filhos não lhe diz respeito, eu tenho um emprego e eu os ajudo o quanto eu posso — Meu pai começou a dizer perdendo de vez a paciência — Eu os busco durante as férias e eles passam alguns feriados no ano comigo, não só a Thais, os dois. A escolha de voltar pra vida deles foi sua então eu espero que esse assunto não volte a render novamente.

— Eu tenho certeza que o taxista deve estar enlouquecendo — Demetri se levantou chamando a atenção antes que tudo pudesse ficar pior — Vou com vocês até a porta da frente.