A Casa do Bosque

🌕Nona Lua Cheia II🌕

Ignorando os sussurros de Minhyuk em seu ouvido, dizendo "não se esqueça da minha comissão!", Kihyun levou Jooheon para fora da casa após terminarem o chá na agradável cozinha da Casa do Bosque. Minhyuk os seguiu, mas ficou sentado na soleira da porta, acomodando Yogshim em seu colo e observando os dois avançarem pela lateral da casa até onde uma estufa ficava um pouco escondida.

Lá, Kihyun forneceu um adubo desenvolvido com encantamentos e matéria vegetal especial vinda da Montanha, e explicou a Jooheon como usá-lo de acordo com os ciclos lunares. Depois, guiando-o para dentro da Casa (Minhyuk agora enfiava a mão nos barris de sementes e algodão, apenas para sentir a sensação gostosa entre seus dedos) deu-lhe um livro de capa verde-musgo que ficava atrás do balcão.

— Você pode ficar com o livro por três luas novas. Eu normalmente não os vendo porque servem mais para consulta, mas acho que você poderá fazer bom uso dele durante esse tempo se se disciplinar o suficiente para estudá-lo todo dia. Não se preocupe com o retorno. Ele tem um encantamento na capa para retornar sozinho assim que o prazo cumprir — Kihyun foi explicando, enquanto anotava a data em um pergaminho colado na contra-capa da encadernação. Jooheon ouvia tudo boquiaberto.

Tinha ouvido de Minhyuk e de muitos outros o quanto Kihyun fazia magia parecer algo fácil e prático, e o quanto ele a usava como se fosse parte de si. Jooheon sofria para fazer os feitiços darem certo, e apesar de ser muito bom para acertar a consistência do mel e a alimentação das abelhas, acabava estragando alguma coisa na composição mágica. O mel que trouxera para Kihyun havia sido seu único sucesso até agora, e ele estava perdendo a motivação. Se não fosse Minhyuk aparecer nas Colmeias e oferecer ajuda, ele provavelmente não teria chegado tão longe.

Kihyun, no entanto, com certeza acertaria os encantamentos sem dificuldade. Era impressionante como cada palavra e explicação gentil dada pelo mago fazia parecer possível. Jooheon não entendia como não tinha conseguido até agora; Kihyun mostrava como era tão fácil.

— Por fim, aqui está um feitiço. Acredito que se lançar ele na madrugada da próxima lua crescente, pouco antes do sol nascer, as abelhas vão te ajudar muito mais e todo o procedimento se tornará mais fácil — Kihyun finalizou, fechando um envelope com uma flor de melissa e algumas palavras amassadas em um pergaminho. Jooheon aceitou o envelope quase com uma reverência.

— Kihyun, eu... eu nem sei como agradecer. Quer dizer, vou te pagar, é claro! — o mago das Colmeias disse, causando riso nos outros dois. — Mas puxa, imaginar que chegaria tão longe assim. Até me emprestar o livro... vou estudar muito, prometo!

— Faça isso, e me traga um mel ainda mais delicioso da próxima vez — Kihyun abriu seu largo sorriso e o outro retornou. Enquanto Jooheon fuçava a bolsa, guardando tudo que recebera e procurando a carteira, Kihyun voltou-se para o mago do Sol. — Minhyuk, sobre seu feit...

Mas antes que pudesse terminar a frase, o mago do Sol fez diversos sinais silenciosos para que se interrompesse e não falasse nada. Ficou bem claro que aquilo seria tratado sem Jooheon estar ali. Kihyun calou-se, mas não deixou de se perguntar o que poderia ser tão secreto no pedido que Minhyuk havia feito.

Depois que tudo estava pago e Jooheon agradecera mais umas treze vezes – Kihyun tinha que admitir que gostara do rapaz, animado e educado – os dois prepararam-se para sair e ir para a Cidade fazer algumas compras.

— Jooheon, você pode só esperar um pouquinho lá fora, perto das flores? Tem algo que preciso falar com Kihyun — Minhyuk pediu, e o mago das Colmeias concordou, sorrindo largamente, seus olhos brilhando mais uma vez.

— Obrigado mais uma vez, Kihyun. Até a próxima!

— Volte sempre, Jooheon — Kihyun acenou de volta, cordial, e esperou a porta se fechar para voltar seu olhar a Minhyuk. — Então?