🌔 Confronto 🌔

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A tempestade não havia cessado quando Kihyun saíra de casa, a chuva fustigando impiedosamente as árvores e a vegetação do Bosque. O vento fazia os galhos se inclinarem perigosamente, e vários deles haviam quebrado com alguns raios e a força que foram atingidos pela corrente de ar. Não se via nenhum ser vivo ao redor, porque qualquer ser com um coração pulsante tinha noção de que não havia nada além de perigo em uma noite como aquela.

Ainda assim, o mago lançou um feitiço de proteção ao redor de si, impedindo que as gotículas de chuva e o vento o acertassem, e continuou adentrando através das árvores. Mais do que não querer passar frio ou molhar suas vestes, Kihyun não queria que nada obstruísse sua visão, temendo um ataque surpresa.

Desde que saíra da Casa, encontrava-se em um misto de nervosismo e calma. Ele sabia que no momento em que pisara para fora de seu cerco protegido, ele estava à mercê de todo o perigo que existia no Bosque em plena tempestade. Por mais que isso remexesse seu estômago de uma forma desagradável, ele sabia que agora seria o fim. Não havia mais o que ser feito, não tinha mais para onde fugir.

O único caminho a seguir era em frente.

O pequeno mago está brincando de ser corajoso?

A voz soou em seus ouvidos e um arrepio percorreu sua espinha. Ele congelou no lugar, olhando nervosamente ao redor de si, incapaz de avistar nada que se assemelhasse com a maldição.

Um covarde que sempre se escondeu, por que andas tão tarde pelo Bosque?

O tom de deboche da maldição o fez trincar os dentes. Então ao invés de só ataca-lo diretamente, ela iria provoca-lo e mexer com sua cabeça primeiro? Ele não podia admitir que estava preparado para aquilo, mas considerando que ela o aguardara todo aquele tempo, mesmo enquanto conversava com Hoseok, o fez perceber que ela tinha a intenção de brincar com ele antes de que pudessem se enfrentar.

Soltando o ar pesadamente dos seus pulmões, Kihyun continuou seu caminho. Pelo menos podia ganhar um pouco de tempo e rever seu plano.

O que é que um ser tão fraco como você pode fazer, depois de todo esse tempo?

Tudo que você fez por anos foi se esconder e se proteger, isolando-se dos outros, mal estendendo uma mão para ajuda-los.

Quando todas aquelas pessoas começaram a sumir no Bosque, você não fez mais do que se enclausurar mais fundo, impedindo até mesmo aqueles que se importam com você de chegarem perto.

Kihyun pisava com força no chão, tentando focar no caminho acidentado, chutando galhos, evitando deixar que as palavras alcançassem seu coração. Era difícil, considerando que a maldição conhecia o pior de si, conhecia seu lado sujo que tentara suprimir ao longo dos anos, escondendo-o por baixo de camadas da cordialidade que ele sempre prezara ao atender seus clientes.

Desde o começo, tudo que você faz é por você.

Mais do que ganância, seu maior pecado não é seu egoísmo?

A malícia pingava nas palavras. Kihyun piscou algumas vezes, olhando ao redor. Sua mandíbula doía do tanto que a apertava, refreando a vontade de gritar e insultar aquele ser maligno. Sua mão tremia, apertando a alça de sua bolsa. Queria que a maldição aparecesse logo para ele poder mandar um feitiço de ataque bem poderoso em sua cara, mas parece que ela ainda não queria deixar que ele a achasse. E aquilo complicaria todo o plano que vinha revisitando em sua cabeça. Ele não podia deixar seu temperamento afetar o que planejava fazer, era o que ela queria dele, por isso o provocava.

Ele não estava longe da clareira onde o portal do Mercado do Crepúsculo se abrira, então decidiu ir para lá. Seria bom ter um pouco mais de visibilidade, espaço, e ter um caminho fácil para retornar para casa.

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