Assim que minha tia me deixou naquele cubículo de quarto que tinha duas camas eu não aguentei mais me segurar. Eu comecei a esmurrar aquela parede cor de ovo sem parar. Aquilo era a gota d'água, tudo bem deixar sua filha em outro país, presa num colégio interno, mas a coisa fica feia quando você deixa sua filha em um colégio interno que te obriga a dormir com uma estranha, com um quarto que parecia um banheiro e que tinha cheiro de detergente.
O que eu faço?
Eles só podem ser malucos, desnaturados.
Estavam "preocupados" com sua filhinha e agora vão me fazer passar o último ano do colegial num lugar totalmente estranho.
Uma garota abriu a porta brutalmente e entrou com grosseria no quarto, jogou umas duas caixas na cama e saiu novamente. Ótimo, estou presa com uma maluca.
Vi pouco dela, mas sei que era baixa, mais ou menos. Cabelos vermelhos tingidos e estava usando um moletom surrado. Que nojo.
Depois de mais ou menos uma hora sentada no quarto, batendo na parede e gritando eu resolvi me recompor. Até porque meus gritos não íam me fazer voltar, infelizmente.
Ajeitei minha cama, cobrindo ela com minha fronha rosa com estrelas, coloquei meu travesseiro que estava escrito "let me sleep" e o urso que minha avó me deu quando eu tinha 10 anos. No criado mudo ao lado da cama coloquei minha foto com a vovó, a foto que eu tirei com ela uma semana antes de sua morte, e ao lado coloquei meu Macbook. Embaixo coloquei minhas revistas de fofoca. Tinha um armário na frente da cama, mas provavelmente aquilo caberia apenas 10% da minha roupa. Então resolvi deixar o armário para os sapatos e itens de maquiagem, unha e higiene. Deixei minhas roupas na maleta ao lado da cama e espirrei um bom ar na minha parte do quarto. Estava pelo menos apresentável. Resolvi sair para conhecer onde ficava o banheiro e o refeitório. O banheiro ficava no fim do corredor, onde já tinha uma fila grande de meninas branquelas e escandalosas. Subi as escadas e na metade da escada percebi que aquele andar pertencia aos garotos, então voltei e desci até o primeiro andar. Era um salão onde tinha um aquário e um mural com um mapa do colégio. Além do aquário e o mural tinha vários sofás e algumas estantes com livros, devia ser como uma sala de estar. Fui até o mapa e vi que o refeitório se encontrava do outro lado do campus, e ao lado ficava o prédio com as salas de aula. O campus era dividido então por 2 prédios. Um que era os dormitórios e o outro a área de estudos. No caminho de um prédio ao outro tinha uma praça e um jardim. E dali dava pra ver a frente do colégio que tinha uma bandeira bem alta da Inglaterra.
Quando estava voltando esbarrei com alguém que me segurou antes que eu pudesse cair da escada, não era de surpreender que eu ía me esbarrar com alguém, aquele colégio estava como um formigueiro. Me afastei um pouco pra ver quem quase me derrubou escada a baixo e me deparei com um inglês alto e bonito. Ele era branco mas não muito pálido. Louro, mas não muito louro. Magro, mas não muito magro. Lindo, mas muito lindo e alto. Ele estava usando um óculos escuro e seus braços definidos apertavam minha cintura.
-Você é cego? Falei ríspida. Ele era lindo, mas quase me matou.
-Sou e você? Ele falou sorrindo, um sorriso lindo, mas que me irritou.
-Ai, vê se olha por onde anda.
Já estava contornado e indo subir o restante da escada quando ouvi ele responder ainda com um sorriso no rosto.
-Você também! Terminou com um sorriso essa frase e continuou descendo devagar as escadas.
Fui depressa para o quarto e quando abro a porta vejo a maluca que provavelmente vai dividir o quarto comigo desempacotando suas coisas. Ela mascava o chiclete tão alto que meus ouvidos estavam quase chorando. Fui para o meu lado do cubículo pegar uma toalha para ir tomar banho.
-Você sabe que isso é uma escola para ensino médio certo?!
Aquela garota falou se virando para mim.
Ela era bem pálida que dava um contraste com seus olhos tão negros, era baixa e um pouco roliça e o que deixava ela mais estranha era aquele moletom preto com algumas manchas de água sanitária. Ela não parava de torturar aquele chiclete e estava me dando repulsa.
-O que você quer dizer?
Realmente não havia entendido.
-Quando vi a sua casa de fadas pensei que alguns pais tinham largado alguma criança pensando que aqui era o Jardim.
Ela falou rindo.
Que nojenta. Cerrei meus punhos pensando em atacar a parede ao meu lado, mas resolvi revidar.
-Eu percebi que é um colegial. Mas pensava que era pra pessoas, até agora só vi cavalos atropelando uns aos outros e você, porca.
Terminei esboçando meu maior sorriso e fui me dirigindo à porta.
Quando estava chegando na porta ela deu um murro na porta que me assustou.
-Americanas aqui não tem vez! Estava me fuzilando com os olhos.
-Poxa. Machucou.
Continuei com o sorriso.
-É melhor não tirar minha paciência fofinha. Você não está mais em Bervely Hills patricinha. Ela afastou a mão da porta e voltou às caixas. Ela acha que me assustou. Idiota.
-Ok. Vou pensar no seu caso. Falei já abrindo a porta e a fechei com tudo.
No meio do caminho lembrei que esqueci meu shampoo, mas não queria ter que ver aquela nojenta denovo.
Tomei banho e me troquei no banheiro mesmo. Já estava anoite e no outro dia já iria começar as aulas. Não entendi porque aqui iria começar dois meses mais cedo.
Estava usando um vestido azul bebê e uma sandália com tiras. Coloquei um laço no alto da cabeça e passei apenas um gloss.
Passei rapidamente no quarto para deixar as coisas e pegar meu cartão do refeitório, queria evitar ao máximo aquela maluca.
Desci as escadas e fui ao refeitório, de longe já dava pra ver que estava cheio.
Quando entrei logo de cara vi uma fila gigante e muito barulho em todo lugar.
Fui para o fim da fila e encontrei a maluca do quarto. Na mesa de uns meninos bem bonitos que pareciam ser os populares e que atraíam a atenção de várias mesas de garotas escandalosas encontrei o garoto que esbarrou comigo ele estava fitando o prato. Estava sem os óculos, e estava sorrindo de alguma piada que o garoto negro do seu lado lhe contou. O garoto do seu lado parecia o Usher mais novo, lábios cheios, careca, alto e uma ginga.
Peguei meu prato de comida, alguns alfaces e cenoura estava de bom tamanho, o resto era bem gorduroso.
Sentei no fim de uma mesa com garotas fofoqueiras, comi o mais rápido que pude. Fui correndo escovar os dentes e me deitei querendo fugir para o meu sono, onde não tinha estranhos e malucas. Coloquei o tampão, ouvi a maluca chegar muito tempo depois, ouvi quando ela se jogou na cama e só acordei quando meu celular despertou.
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O Amor não é Cego
RomanceNessa história você verá que o verdadeiro amor na verdade não nos cega como as pessoas dizem por aí, na verdade o amor nos faz ver! Alice Oliver que tem um forte temperamento se vê numa fria quando é enxotada por seus pais para outro país, para ens...