-NÃO! Ouço minha voz se erguer alguns decibéis.
Sinto alguns olhares próximos focados em mim e em Bran.
-Olha Alice. É uma ideia ok? Eu só quero te ajudar com a situação com sua tia.
Meu sangue está gelado e meu coração bate retumbantemente em meu peito.
-De jeito nenhum vou te levar hoje para conhecer minha tia Bran.
-Por que? Sou tão mau assim?
-Não... quer dizer, não é você. Er. . É só.. minha família. O restante da frase sai com uma bufada
-Mas Alice... Eu quero conhecer sua tia. E Artur.
-Bran. Minha tia está com problemas e não quero me pôr nisso, muito menos Te pôr nisso.
-Pelas minhas análises, você já se colocou nisso e como pediu meu conselho ontem, eu também. Mas não é como se eu não quisesse Alice. Eu quero, quer dizer, ajudar sua tia.
-Bran... começo a massagear minhas têmporas.
-Por favor Alice. Posso ficar brincando com Artur enquanto você conversa com sua tia. Hein?
-Não, não sei.
-Vêm. Ele se levanta e tateia até achar meu ombro.
-O que?
-Vou te acompanhar até sua sala.
Me levanto ficando em frente à ele, Contente da mão dele ainda permanecer em meu ombro.
-Vamos.
Andamos em silêncio. E infelizmente sua mão não está mais lá.
Quando chegamos à porta da sala, Bran delicadamente leva sua mão de novo ao meu ombro. Depois lentamente vai descendo-a até encontrar meus dedos. Sua mão grande e quente provavelmente deve ser o motivo de todo meu corpo se amolecer automaticamente.
-Alice. Ele vai lentamente levando nossas mãos para si.
-Oi. Um fiozinho de minha voz sai.
Esplendorosamente sinto seus lábios macios nos nós de meus dedos.
-Me deixe te ajudar, com sua tia.
Seu hálito está quente em minha mão e possivelmente não penso direito quando sussurro
-Sim
....................**.....................
O que eu faço? Estou andando de um lado ao outro no quarto minúsculo que ainda não consigo chamar de meu.
Estou à meia hora falando sozinha. Talvez se eu disser que estou doente e não puder ir hoje minha tia entenda e então eu digo para Bran que hoje é minha folga. Ou talvez eu possa dizer para Bran que minha tia não gosta de visitas, o que é mentira porque liguei para ela faz uns trinta minutos e ela respondeu super animada que seria ótimo para Artur conhecer mais alguém. Claro, isso não estava nos meus planos, pois pensei que ela daria alguma desculpa contra esta ideia MALUCA de levar Bran até lá. Ohh. Acho que estou ficando doente afinal de contas. Não estou me sentindo bem. O que vou fazer? O QUE VOU FAZER? Ok, Calma Alice. Pensa bem, talvez não seja assim tão ruim afinal. Posso muito bem levar Bran até o outro lado desta cidade que moro faz menos de um ano e aí vou apresentá-lo à minha tia, que suspeito estar com depressão e depois fazê-lo passar a tarde ao lado de meu primo de quatro anos que acredita que os dinossauros na verdade foram abduzidos pelos allens e moram debaixo da terra, esperando o dia em que vão finalmente fazer um exército grande o suficiente para destruir nosso planeta. E sem esquecer é claro que vai ser um grande castigo ao Bran, que está em desvantagem por causa da sua deficiência visual. Incrível Alice. Vai dar tudo certo. Talvez se eu me juntar aos allens e dinossauros lá no submundo as coisas dêem mais certo.
Oh. O celular. É a voz do Justin me convidando para ir com ele para o submundo. É. Ou talvez seja minha tia desemarcando.... Ah é Bárbara. Juro, amo minha amiga e tudo, mas neste momento sua ligação fez várias palavras que não agradavam minha querida avó passarem pela minha cabeça
-Alô. Digo, tentando não transparecer toda minha raiva.
-Amiga! Que bom que você atendeu! Tenho que combinar tudo certinho para quando eu chegar aí. Você irá me buscar no aeroporto certo?
Aii. Eu havia me esquecido disso. Vou ter que falar com minha tia e aí dentro daquele carro Bárbara vai descobrir que sou babá e ela vai rir da minha cara e me internar num hospício e dizer para minha tia que não sei cuidar de crianças e minha tia vai desconfiar e me demitir e aí ela vai ficar sem trabalhar novamente e vai piorar sua depressão e...
-Tudo certo sobre isso Bárbara.
Hoje não é um bom dia. Óbvio.
-Que bom! Quero saber também como está o clima aí, vou fazer umas compras e não quero comprar um cachecol sendo que podia comprar uma linda blusinha Prada que achei em liquidação...
-Não venha com blusinha, compre o cachecol, de preferência uns dez.
Corto-a -Vou ter que desligar agora Babi. Depois nos falamos. Beijos
-Humm, será que você está com...
Desligo, antes que minha dor de cabeça aumente mais. Não bastava claro, eu já estar preocupada com o compromisso que é daqui à quinze minutos e... AH! QUINZE MINUTOS. Vou chorar. Vou chorar e meu rímel vai escorrer dramaticamente pelo meu rosto. Por que não comprei aquele à prova d'água? Tudo está dando errado e agora um fio de cabelo grudou no meu gloss. Sou tão horrorosa. Mais cabelo gruda no meu gloss quando a "minha colega" de quarto entra, como de costume, grosseiramente batendo a porta na coitada da escrivaninha mal localizada. E ela nem tem culpa dessa menina ser um mostro.
-O que você está fazendo?
Agoro o mostro está virado em minha direção, gritando como se eu estivesse ainda em Nova York.
-O-Oque? Falo em soluços passando o pulso em minhas bochechas molhadas. Provavelmente o que está me fazendo ficar mais decadente exteriormente.
-Como assim o que? Você está chorando loucamente no meu quarto! Tem problemas mentais?
-N-não. Me levanto devagar para pegar umas roupas para me arrumar no banheiro.
-Er, Tudo bem. Pode falar. Ela para na minha frente com cara de raiva e braços cruzados. Olhando assim de perto consigo enxergar algumas sardas.
-Como assim? Pergunto assustada com sua atitude.
-Alguém te bateu ou mexeu com você?
-N-não. Agora estou pasma e meus olhos estão arregalados.
-Hum, que bom, porque não queria ter que dar uma surra em mais algum babaca.
-O-oque? Você ía me defender?
-Não! Eu iria apenas garantir que não tem mais alguma garota dando uma de bad girl, querendo ser eu. Que por acaso sou aquela que toma conta de toda essa zorra aqui. Ela direciona seu dedo indicador à porta.
Uau.
-Hum. Não. São só problemas fora dessa zorra. Aponto para a porta também.
-Ótimo. Ela se vira e começa a me ignorar. Sinto uma vontade de sorrir e abraça-la o que é claro que não faço. O que faço é abrir lentamente a porta e ir ao banheiro. Que é onde me arrumo para enfrentar o que está por vir.
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O Amor não é Cego
Storie d'amoreNessa história você verá que o verdadeiro amor na verdade não nos cega como as pessoas dizem por aí, na verdade o amor nos faz ver! Alice Oliver que tem um forte temperamento se vê numa fria quando é enxotada por seus pais para outro país, para ens...