14

96 11 1
                                    

No dia seguinte relutei indecisa se eu deveria ir ou não ao refeitório, mas resolvi ir, até porque eu não vou morrer de fome porcausa daquela LilyXixi e da discussão boba com Bran, porcausa da mesma. Quando chego ao refeitório pego minhas barras de cereais e felizmente tem limonada, vou lentamente até a mesa onde todos estão calados à minha espera, me sento ao lado de Dilan me recusando à sentar ao lado de Bran.
-Bom dia Alice. Dilan fala nervoso pela tensão entre eu e Bran.
-Bom Dia Dilan. Sorrio para mostrar que não estou afetada.
-Que bom que resolveu finalmente comer. Anne fala com sinceridade e preocupação.
-Estava de dieta ontem. Minto sabendo que nenhum ali caiu na minha mentira.
-Soube que vai jantar com a gente no feriado. Dilan fala tentando ainda matar o silêncio.
-Sim. Vou levar uma amiga se não se importa.
-Que amiga? Bran finalmente abre a boca.
-Uma amiga Bran. Respondo grosseiramente.
-Qual?
-Bárbara. Ainda grossa.
-Ela vai vim passar o feriado com você?
-Obviamente!
Ele calou percebendo minha irritação.
-Dilan antes da aula quero te entregar aquela pesquisa de biologia. Ela pisca para ele.
-Ata. Vamos lá. Tchau pessoal.
Eu mato a Anne.
-Ei irritadinha?
-O que foi Bran?
-Me desculpa?
-Pelo que? Pergunto com ironia.
-Por ontem.
-Hmm.
-E então?
-O que?
-Me desculpa?
-Não sei. Vou pensar.
-Você deve estar muito feliz por Bárbara vir.
-Estou.
-E quando você vai ser babá?
-Eu já fui ontem.
Ele sorri irresistivelmente. Eu derreto e não consigo mais sustentar minha irritação.
-E como foi?
-Irritante.
-O que será que ele fez? É tão difícil te irritar. Ele solta uma gargalhada.
-Ele me trancou num quarto Bran. Um menino de seis anos me trancou no quarto. Você acredita?
Ele fica gargalhando.
-Um à Zero pra criança de seis anos.
-Haha, mas depois eu entrei em ação e consegui chantagear ele com o joguinho dele e ele fez tudo que eu pedi.
-Coitado Alice. Um à Um. E depois?
-Ele caiu aos meus pés e pediu para eu ler para ele dormir. Sou a melhor babá do mundo.
-Ok. Você ganhou e não. Você não é a melhor babá do mundo.
-Engraçado. Claro que sou. Me convença do contrário.
-Você só ganhou dele porque o chantageou.
-Tanto faz. Revirei os olhos.
-Você não gosta de crianças?
-Gosto Bran.
Ele ri. -Aham.
-Eu gosto das crianças. Bem longe de mim, caladinhos, sem gritinhos, sem pulinhos e sem chorinhos. Eu gosto das crianças quando elas estão assim.
Ele dá risada, pra variar. -Nossa Alice. Me lembra de nunca te apresentar meus primos.
-Primos?
-Yeah.
.Então você tem tios?
-Eu tenho 5 tios Alice. Ele dá risada.
-E quantos primos?
-Oito.
-Crianças?
-Todas!
Dou um estalo com a língua em desaprovação, tsc, tsc e ele morre de rir. -Vamos, vou te acompanhar até sua sala.
-Ta. Hmm. Bran?
-Oi?
-Eu te desculpo.
Ele abre um sorriso tão lindo que eu me arrependi de não ter dito antes.
Passei o restante do dia pensando em Bran e em como contar para Bárbara que eu estava tendo sentimentos por um cego, eu mudei muito depois que me mudei eu tenho certeza, andar com Bran me ajudou a deixar aquela Alice preconceituosa para trás e andar com Anne e Dilan me fez pensar de forma diferente sobre as pessoas. Nenhum dos três amigos que eu fizera era rico o que já me fez mudar. Todos eles tem um futuro em mente o que me fez pensar mais em artes plásticas. Sei que quando Bárbara chegar ela vai estranhar toda minha mudança e até meus amigos, por isso tenho que avisa-la antes sobre todas essas situações, seria uma surpresa para ela me ver tão diferente de uma hora para a outra.
...................**...................
As semanas foram passando e cada vez que eu conversava com Bran minha certeza que meu sentimento por ele era apenas de amizade ía se esvaiando, mas eu continuava relutante.
Minha relação com a tia Jenn e Artur estava muito amigável, eu e Artur viramos amigos-por mais esquisito que possa parecer e o que fez Bran por três minutos, sem parar- e mesmo tia Jenn ainda sendo reservada ela às vezes soltava até algumas piadas, eu estava entendendo cada vez melhor tia Jenn, eu sabia o que ela sentia e pela primeira vez na minha vida eu realmente senti o desejo de ajudar. A tia Jenn sentia solidão. Minha mãe sempre disse que a tia era muito próxima da vovó, mas eu nunca tive a oportunidade de ver até agora. Eu via seus olhos vazios e a única pontinha de brilho que aparecia em seus olhos era Artur, mas mesmo assim eu a pegava chorando em silêncio às vezes e outras vezes ouvindo uma sinfonia de Bethoven que eram as preferidas da vovó. Eu queria muito ajudá-la de alguma forma.
Eu acabara de colocar Artur para dormir quando ouvi a porta bater. Era sábado então podia entrar mais tarde, resolvi que ía conversar com a tia Jenn.
-Olá tia. Como foi o trabalho?
Ela se jogou no sofá exausta.
-Hoje estava lotado.
-Você deveria achar bom certo?! Quanto mais cliente mais grana.
Ela sorriu.
-Certo.
-Hmm. Tia eu queria conversar com a senhora.
Ela virou para mim assustada.
-Você não quer mais o emprego? Eu posso aumentar! É o Artur?
-Calma tia. Não é nada disso...
Pude ver o alivio tomar conta de seus olhos.
-O que é então?
-É sobre... hmm... a senhora.
Seus ombros ficaram um pouco tensos novamente.
-O que tem eu? Ela sorri hesitante.
-Eu quero que a senhora... sabe... se precisar de uma amiga, pra desabafar.
Se Bárbara ouvisse isso ela diria quê eu estava ficando louca dessa ideia de psicóloga da titia.Mais do que vai rir quando souber que sou babá.
Ela sorriu, lacrimejando.
-Obrigado. A mamãe então estava certa. Ela sorri enquanto algumas lágrimas rolam em suas bochechas.
-A vovó?
-Sim. Eu não acreditava no que sua vó dizia sobre você, mas agora...
Ela limpa as lágrimas.
-Como assim?
-Sua avó sempre dizia que você realmente era uma pessoa do bem, eu e sua mãe não nos damos bem desde que ela se mudou e pra mim você era apenas uma cópia dela, mas sua avó sempre negou. E agora posso ver. E eu só quero dizer uma coisa à você Alice. Nunca deixe de ser assim.
Agora sou eu quem está emocionada e ao mesmo tempo sem chão.
-Mas...mas... o que?
-Alice, me perdoa por sempre achar que você não era o que você é. Você é o orgulho da dona Abigail e agora eu sei exatamente o porque.
Não sabia o que falar, fazia um tempo que eu não ouvia algo tão bom e me admiro de vim de quem veio. Olho nos olhos dessa mulher loira na frente e enxergo sinceridade absoluta.
-Obrigada Tia.

O Amor não é CegoOnde histórias criam vida. Descubra agora