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Não dá. Por mais que eu tente minhas unhas recém feitas continuam automaticamente viajando até meus dentes. De segundos em segundos sinto o olhar da tia Jenn em mim. E eu sei porque. Porque estou estado de alarme ambulante. O som do ruído de minhas unhas preenchem o contra-tempo da música na estação de rádio. Minhas pernas estão balançando no mesmo ritmo dos pneus. E meus tamancos estão quase perfurando o chão do carro. Minhas sobrancelhas e meus olhos estão tão arqueados e arregalados de ansiedade que até eu né assusto quando confirmo minha maquiagem no retrovisor lateral.
-É Alice, ou você está super ansiosa de saudades por ver sua amiga ou eu sinto uma centelha de alarme no ar?
-Humm. . Alarme tia? Sinto o som de minha vizinha sair arranhado e a risada que sai de mim é visivelmente pior do que alarme. É puro pânico. O roteiro na minha mente de como irei abordar Bárbara sobre as características, digamos, incomuns de alguns de meus amigos, principalmente um amigo, mais especial, ou mais que amigo, ou não, ou eu não sei que eu estou pensando: não param de atormentar minha cabeça.
Respira, respira. Tudo vai dar maravilhosamente certo. Certíssimo.
-Chegamos.
-Ah, uh, bem. Vamos lá então.
-Hum, Alice? Se você quiser falar sobre isso que está atormentando sua cabecinha aí, pode mandar.
A ideia foi de primeira descartada, mas com o sorriso que ela lançou logo depois, talvez ela possa me ajudar a me acalmar. Não Alice. Por favor. Sua tia está passando por tanto, a última coisa que ela precisa agora são desabafos de uma garota em crise de TPM.
-Obrigada Tia. Mesmo. Mas temos que ir. Só, você sabe, aquelas tensões femininas.
-Ah ok. Ela sorriu sinceramente enquanto descíamos dia carro e íamos em direção ao aeroporto, que no momento parecia mais como um corredor, daqueles que os meninos bobões brincam, de tortura. Enquanto você passa, murros e socos vão te deixando sem ar, mas o que está me deixando sem ar agora é a pura ignorância do medo de não saber lidar com como a Bárbara vai lidar com todas as coisas por aqui. E até mesmo em quem me transformei.
Enquanto minha tia diz que vai me esperar em uma lanchonete do Burger King eu vou para a porta de espera.
E então eu vejo minha melhor amiga. Suas pernas magras e compridas corrente na minha direção quando ela vê meu aceno. Eu também corro em sua direção, porque por mais que eu temesse esse tempo eu não pude deixar de conter a felicidade de reencontrá-la, afinal Bárbara era Bárbara. Minha melhor amiga de sempre. Quando seus braços finos agarram meu pescoço e seus cabelos loiros brilhantes cobriram meu rosto eu percebi como eu realmente havia sentido falta dela e de todo seu carinho.
-Eu não acredito! Estou tão feliz!
Quando ela se afastou pude notar um pouco da umidade em seus olhos azuis piscina. Ela estava deslumbrante como sempre, mas ainda mais.
-Oh Bárbara! Que bom te ver! Você está tão linda como sempre, e... oh ainda mais magra.
-Lice, tenho tanta coisa pra contar. Consegui uma chance de posar como modelo amiga. Ainda não sou uma grande coisa, mas eles dizem que eu posso ser.
-Oh. Você sempre quis isso.
-Sim, e finalmente está tão perto.
-Estou feliz pirateado você estar feliz.
-E você? Quero saber tudo. Não vejo a hora de conhecer seis amigos. Você não me trocou certo?
Eu gargalhei nervosamente. O rumo da conversa já estava mudando.
-Vou te contar todas as coisas quando chegarmos no hotel. Vamos até minha tia.
Enquanto íamos até a lanchonete, Bárbara contou todas as novidades e todos os últimos namorados, pelo que contei, 7.
-Seus pais compraram o cachorro.
-Uau. Então era isso. Tipo, "filha estávamos pensando, por que não te deixamos em Londres, do outro lado do oceano e enquanto isso ficamos com um biagle, tudo mais fácil, certo?!".
Bárbara passa o braço pelo meus ombros rindo.
-É um basset hound. Eles dizem gostar do silêncio e quietude dele.
-Estou vendo, daqui a pouco o pobre cachorro será levado para a Finlândia, quando eles cansarem.
Sua risada ainda ecoa quando chegamos na mesa da minha tia. Quando seus olhos encontram os meus, eu pude ver um sorriso neles.
-Oi tia. Bem, Bárbara, está é tia Jenn. Tia Jenn, esta é Bárbara.
Tia Jenn se levantou à fim de apertar a mão de Babi, mas ela foi cortada por longos braços ao redor de seu pescoço. -É um prazer te conhecer. Uau! Como você parece com tia Clare.
-Também é um prazer te conhecer. Obrigada, queria ser um pouco mais bem conservada como Clare, mas já é ótimo ser comparada com alguém tão bem como minha irmã.
Bárbara chegou mais perto da tia Jenn e colocou a mão em forma de concha na lateral da boca.
-Segredo, já tenho visto vários fios grisalhos em seus cabelos, eu sei que ela retocar. Mas o seu é virgem, eu posso ver.
Ela riu, fazendo minha tia e eu acompanhá-la.
-Então. Vamos?
-Não vejo a hora de conhecer a formosa Londres.
Acompanhamos Bárbara e suas malas até o carro de tia Jenn.
E quando entramos, Bárbara soltou um grito de agitação, tão comum dela.
-Wow. Que frio.
Eu e ia Jenn olhamos uma para a outra com sorrisos cúmplices.
-Bárbara, bem vinda a formosa Londres! Falamos eu e tia Jenn rindo, num sotaque inglês forçado.
-Já está assim amiga? O que aconteceu com seu espírito americano? Ela falou gargalhando.
-Oh querida amiga, a formosa Londres o aboliu. Falei com o sotaque ainda mais forte fazendo as duas caírem na gargalhada.
É. Talvez não fosse tão ruim quanto eu pensei que seria.
-Então vamos nessa. Que tal passarmos no McDonald antes do hotel Bárbara?
Tia Jenn falou enquanto passava por um cruzamento.
-Ah... bem estou fazendo uma dieta. Então. Bem. Mas posso ficar vendi.
-Oh. Tia Jenn falou sem graça. -Então sem Mcdonald certo?!
Talvez...

O Amor não é CegoOnde histórias criam vida. Descubra agora