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-Como foi o encontro?
-O que? Não foi um encontro!
-Vocês saíram? Acompanhados? Passearam e se divertiram?
-Sim.
-Então foi sim.
Revirei os olhos. Começo a ruborizar então tento mudar de assunto.
-Já fez seu trabalho de cálculo Anne?
-Não. Isso não entra na minha cabeça.
-E como chegou em cálculo avançado?
-Colando Baby.
-Se você quiser posso te ajudar nele hoje à noite.
-Vou sair com o Dilan.
-Seu namorado?
-Sim. Quer ir com a gente?
-E segurar um candelabro? Não obrigada, mas se quiser posso te ajudar à tarde.
-Ok. Obrigada. Pode passar no meu quarto às 14 horas.
..............**.............
Eu estava notando bastante Bran, no refeitório ou na biblioteca, eu sempre o notava. Ele falava com todas as pessoas educadamente, todos o amavam, ele sorria para todo mundo e incrivelmente tinha várias meninas fáceis o flertando todo o tempo. Ele andava todo o tempo sorrindo, ele tinha sempre um sorriso secreto nos lábios e às vezes quando estávamos perto na biblioteca ou passava por ele, ele sempre parecia notar, levantava a cabeça e dava uma risadinha.
-Como está indo a escola?
Minha mãe falou casualmente na outra linha do celular.
-Normal.
-Como você está Alice?
-Normal.
-O que está achando de Londres?
-Normal.
-Pelo visto continua delicada como um limão.-Ela falou querendo fazer uma piadinha, mas não rolou.
-Hm.
-Liguei para avisar que estamos bem. Eu e seu pai.
-Que ótimo. Posso desligar?
-Alice...
-Tchau Clare. Desliguei irritada demais para continuar naquela ligação. Comecei a socar a parede. Meia hora depois eu já estava com dores nos dedos. Eles estavam roxo. Resolvi não almoçar, pois ainda estava muita nervosa. Uma hora da tarde Anne entrou no quarto de repente e veio me puxar num abraço quando viu minha cara de raiva.
-Você é muito forte pra estar assim Alice.
Ela ficou minutos me abraçando e beijou minha testa. Não estava acostumada a tanto afeto dela. Ela saiu e minutos depois ela voltou com dois copos de chocolate quente. Nós conversamos e ela ficou tentando me alegrar com histórias hilárias de sua família, depois eu a ajudei em cálculo e nós fomos para o seu quarto para ajudá-la a se arrumar para o encontro. Depois da vigésima peça de roupa, Anne finalmente se decidiu.
Uma batida na porta interrompeu nossa conversa.
-Pode abrir para mim Alice? Enquanto eu retoco a make.
Me levanto para abrir a porta e encontro Dilan que é o menino que me lembrava Usher e que andava constantemente com Bran.

-Oi. Você deve ser Alice! Ele estendeu a mão e eu a apertei.
-Hmm. Dilan né?!
-Isso aí. Prazer. A Anne sempre fala de você.
-Oi Baby. Anne falou gritando agudamente e se jogando em Dilan para beijar seus lábios. -Vamos Gatinha?
-Vamos. Ela entrelaçou seus dedos nos dele.
-Você vem Alice? Dilan perguntou com educação.
-Hoje não. Falei educadamente.
-Tchau Alice. Anne me abraçou novamente.
Fui para o meu quarto e quando ía entrar ouvi a maluca. Resolvi ir ao ar livre. Fui na direção do banco que eu sentava e lá estava Bran sentado com um livro nas mãos.
Eu passei perto não sabendo se devia sentar. Ele notou. Levantou a cabeça e já estava com um sorriso travesso nos lábios avermelhados e cheios. Espera! Por que notei seus lábios? Estava ficando maluca.
-Alice Oliver.
Eu não me assustei por ele saber que era eu, mas me alegrou.
-Posso sentar?
-Não sou eu que sempre digo isso?
Eu sorri.
-Posso?
-Não. Vou deixar suas pernas apodrecendo aí.
Ele gargalhou e eu me joguei no banco.
-Você está lendo?
-Sabe qual é o melhor de ser cego Alice?
-Não.
-Você pode ler à noite. Ele ergueu o livro e pude ver o braille. Ele sorriu sorrateiramente. -E o que não é bom de ser cego?
-Tem várias coisas, mas a que eu menos gosto é quando as pessoas acham que o fato de ser cego te fazem frágil e super dependente.
Fiquei meio constrangida. Eu achava isso. Ele continuou.
-E quando as pessoas usam os cegos para passar uma mensagem para uma criança "está vendo filha você reclama e ele é um cego coitado". Ele fez uma voz engraçada, mas não consegui rir porque me lembrava de já ter dito isso para uma criança, de repente me senti com uma forte vergonha de mim mesma.
-Mas sabe?! Tem coisas boas em ser cego!
-Quais?
-Eu não vejo as pessoas por fora. Sempre eu conheço como elas são de verdade, eu não tenho um preconceito ou uma primeira impressão, tudo que eu posso ver nela é seu caráter e é assim que eu sei quando elas são bonitas verdadeiramente. Isso é legal.
-Você vê se as pessoas são bonitas ou feias pelo seu caráter então?!
-Sim.
-Isso é Interessante e bom. Você não julga as pessoas pelo que elas mostram, mas pelo que elas são.
-Exato Alice.
-Então você não liga para a aparência?
-Claro que ligo, daria tudo para saber que cor são seus olhos Alice.
Acho que 70% do meu sangue passeou pelas minhas bochechas.
-Você não tá perdendo muita coisa Bran.
Ele sorriu.
-Me conta Alice como você é. Ele apoiou os cotovelos nas coxas e apoiou o queixo nas mãos como uma criança para ouvir uma boa história.
-O que você quer saber? Minhas medidas? Quanto calço?
-Vamos lá Alice? Qual sua altura?
-Hmm... 1,72. Eu acho.
-Cor de pele?
-Pálida!
-Olhos?
-Hmm... castanhos. Castanho claro.
-Cabelo? Tamanho, cor...
-Castanho mel, longo e muitas pontas duplas.
Ele sorriu. -O que é isso?
-Quando seu cabelo precisa de uma bela hidratação.
-Quanto você pesa?
-Ei! Você não pode me perguntar isso!
-Por que? Ele gargalhava.
-Porque isso é politicamente incorreto!
-Politicamente Incorreto? Mais gargalhada, até eu já estava rindo de sua cara boba.
-É. Essa pergunta não pode ser feita às meninas, é falta de educação.
-Desculpa Alice.
Um sorriso malicioso estava nascendo ali.
-Vou pensar no seu caso.
Silêncio.
-Alice?
-O que? Estava perdida na sua imagem boba, ali sentado, sendo iluminado pela lua e seus olhos quase brancos estavam sem foco, mas não deixavam de combinar com sua pele clara e corada e seus cabelos loiros. Estava me perdendo naquela imagem. Seu rosto estava inclinado para baixo. Ele tinha vergonha de seus olhos, mas eu gostava deles, mesmo que não tivessem foco.
-Você... você é linda.
Um pouco muitíssimo sem fôlego. Eu estava com certeza como um tomate.
-Você também.... é bonito...
ESPERA! O QUE EU ACABEI DE DIZER?

O Amor não é CegoOnde histórias criam vida. Descubra agora