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-O céu está lindo hoje Bran.
-É?  Como ele está?
-Cheio de estrelas e uma lua cheia e gorda.
Ele gargalhou. 
-Me fale como são as estrelas Alice.
-São infinitas,  brilhantes, constantes, lindas e magníficas.
-Agora entendo porque todos gostam das estrelas. 
-Eu lembro que minha avó tinha um mapa com o nome de vária delas.
Eu e Bran estávamos sentados no banco de sempre conversando e sorrindo. Enquanto ele falava, as palavras que sua mãe tinha me dito mais cedo martelavam em meu coração,  ela falou sobre confiança e não entendi direito o que ela quis dizer,  como assim não abandona-lo? Eu ainda pensava em tudo que Bran tinha feito pela sua mãe e como foi horrível viver sem a visão e sem um pai. Eu estava tocada, procurava sinais na sua face e em suas expressões para ver se ele ainda tinha tudo aquilo dentro dele como sua mãe dissera, mas seu sorriso não vacilava um só minuto.
Senti sua cutucada em meu ombro.
-Alice? 
-Oi Bran.
-Você está pensando em que? Está muito calada.
-Em nada.
-Nada?
-Nada Bran.
-Hum. Então sua tia que te ligou é aquela que mora aqui?
-Sim Bran. Ela é minha única tia.
-Ah. E ela queria perguntar se você está bem?
-Não. Por que você quer saber?
-Nada.
-Seu curioso.
Ele deu risada.
-Então o que ela queria?
-Me oferecer emprego.
-Emprego? 
-Sim, ela quer que eu seja babá do filho dela.
Ele solta uma gargalhada alta dessa vez.
-Você? Alice Oliver babá? Você aceitou?
-Sim. E não entendi qual a graça.
-Coitada.
-Verdade. Coitada de mim, cuidar de criança é horrível Bran.
-Não Alice.  Não coitada de você. Coitada da criança.  Ele começa a dar uma gargalhada eufórica e me faz sorrir, mas finjo estar com raiva.
-Muito engraçado. 
-Coitada mesmo da criança Alice. Ela vai ficar sob cuidado da menina mais irritadinha da Inglaterra. 
-Hahaha Bran. Sabe o que é engraçado? 
-O que?
-Isso! Falo cutucando repetidamente seu abdômen provocando cócegas nele. Ele sorri muito e me contagia.
Nós caminhamos de braços dados pelas escadas enquanto Bran ainda faz piadinhas sobre meu novo emprego. Eu fico olhando distraída para seu jeito. Admirando-o ali de perto. Seu sorriso está escancarado convidando todos a sorrir também. Seus braços definidos puxando o meu para mais perto. Ali de perto noto tudo em Bran, sua pele clara, rosada e quente, seu sorriso mais maravilhoso do mundo, seu aroma fresco de menta, é perfeito estar perto dele.
-Chegamos Bran. Falo me soltando de seu braço e pegando as chaves do meu quarto. 
-Tchau Alice Oliver, a babá!
-Engraçado, Bran crianção. Aperto suas bochechas para enfatizar e sinto vontade de passar minha mão pela sua face linda e macia, mas luto contra essa vontade.
-Eu crianção não. Você babá sim.
Ele ri da minha cara apontando para mim numa direção distante.  Puxo seu dedo fazendo ele rir mais. De repente ele para de rir e fica sério. Um silêncio toma conta de nós dois.
-Alice? 
-Sim? Minha voz falha.
-Por favor, não mate a criança. 
Bato no seu ombro rindo de sua cara de palhaço. 
-Boa noite Bran. Beijo sua bochecha.
-Boa noite Alice.  Ele puxa lentamente minha mão e planta um beijo suave como sempre faz, mas a diferença é que sempre fica melhor. Abro a porta e antes de sair também roço meus lábios em seus dedos largos e macios. Como eu posso abandonar este garoto?
..............**..................
Depois da aula de Ética vou para o quarto de Anne para fazermos um trabalho de cálculo.  -Já sabe se vai passar o feriado de ação de graças aqui? Anne me pergunta. 
-Não, mas vou ligar para os meus pais hoje. Como eles não resolvem, alguém tem que resolver.
Na verdade tinha adiado propositalmente. 
-A mãe do Dilan vai fazer um jantar de ação de graças e como a família deles não mora aqui ela quer que ele convide seus amigos que no caso somos nós. Que tal?
-Seria  legal.
-Ok. E você e o Bran?
Eu paro o que estou fazendo e começo a corar. Anne dá um risinho da minha cara. 
-O que tem eu e o Bran?
-Por favor Alice. Já tenho 17 anos, eu sei notar gestos, palavras e olhares. Principalmente de apaixonados. 
-Que... que apaixonados?
Ela ri por eu ter gaguejado.
-Será quem?
-Os únicos apaixonados são você e o Dilan. Não viaja Anne.
-Alice quer se fingir de inocente e não correr atrás tudo bem, mas não reclame da próxima vez que ver uma garota dando mole para ele.
Só de pensar numa cena de uma garota dando mole para ele me irrito. Tento fingir indiferença, mas acho que falho.
-Eu ligo. Fica tranquila. 
Ela dá uma gargalhada. 
-Estou tranquila Alice,  a única nervosa de amor aqui é você.
Nervosa de Amor?
.................**..............
Ligo para os meus pais no fim do dia e minha mãe atende após o terceiro toque.
-Alô Alice? 
-Oi.
-Tudo bem minha filha?
-Tudo. Estou ligando para perguntar se vou passar o feriado de ação de graças aí com vocês? 
-Resolvemos deixar para você vir logo no Natal filha. Íamos até te ligar amanhã. 
-Ah tudo bem.
-E como estão as coisas por aí? Por aqui tudo bem.
-Por aqui também.  Tchau. 
-Tchau Alice. Te amamos. 
Desligo assim que ela termina a frase. Em seguida meu celular toca Confident e eu vejo Babii no visor.
-Oi amiga!
-Oi Bárbara.
-E então como estão as coisas na Europa? 
-Bem. E aí?
-Tudo bem. Você vem para o feriado de ação de graças certo?!
Vai ser mais difícil que imaginei. Ela está empolgada.
-Não Babi. Vou apenas para o Natal.
-Estava esperando por essa resposta.

O que?

-O que?
-Meus pais me falaram que seus pais não íam te trazer no feriado e depois de tanto implorar tenho uma surpresa!
Qual?
-Qual?
-Estarei aí daqui 3 semanas Baby!!! Ela fala soltando um grito e eu também solto um.
-Não acredito! 
-Acredite!
-Vai ficar quanto tempo?
-Consegui apenas cinco dias, mas vou te ver e isso já basta.
-Eu sei!
-Estou ansiosa.
-Também!
-Tenho que desligar agora amiga. Te amo. Beijo.
-Também.  Beijo.
Depois de desligar, olho para a foto da Bárbara e me dou conta do quanto estou com saudade.  Vai ser um máximo! Tomara que Dilan aceite mais uma no jantar!
No dia seguinte antes de ir para o refeitório a maluca resolve abrir a boca quando me vê, me arrumando. 
-Ei patricinha cuidado com a chapinha, hoje a chuva está forte.
-Obrigado por se preocupar. Falo indiferente ainda retocando minha maquiagem na frente do espelho. 
-Nojenta. Não me preocupo com você.
-Então me deixa em paz.
-Nojenta.
-Blá blá.
-Um dia garota quero ter o prazer de esmurrar essa sua cara de patricinha. 
-Tudo bem fofa. O máximo que pode acontecer é ficar igual a sua, o que é horrível,  mas acho que não chegaria a esse ponto.
Ela me fuzila com seu olhar e eu mando um beijo o que é suficiente para faze-la sair do quarto e quase arrebentar a porta.
Assim que chego ao refeitório vejo uma menina sentada no meu lugar virada para Bran e se jogando para cima dele. Meus punhos cerram sem que eu perceba e já estou indo em sua direção. 
-Com licença querida. Este lugar já tem dona. Quando ela se vira percebo que é aquela abusada da Lily.
-Não estou vendo ninguém aqui fofa. Ela se vira novamente para Bran, meus dedos já estão pálidos.
-Eu vou pedir novamente para você sair e você vai sair.
Ouço a risadinha da Anne, mas não ouso encara-la.
-Calma Alice,  a Lily só está me contando uma história.  Bran fala com uma das sobrancelhas arqueadas em sinal de confusão.
-É, só estou contando uma história para o Bran. Não é querido?! Ela passa a mão na blusa sobre o peitoral de Bran e eu ainda estou processando do que ela o chamou. 
-É, mas eu vou sentar aí QUERIDA.  Dá o fora agora.
-Alice.  Bran me repreende. 
-O que foi Bran?
-Tenha calma.
-Eu quero sentar na minha cadeira Bran.
-Eu estou conversando com a Lily.
Não acredito no que ele falou. Olho para Anne e ela está segurando um riso e Dilan está assustado encarando meu punho cerrado.
-Tem lugar aqui do meu lado Alice. Dilan fala ainda assustado.
-Perdi o apetite. Vou me virando e ouço Bran me repreendendo.   
-Por favor Alice.
-Tchau. Vou andando depressa até chegar na minha sala, onde estão apenas alguns alunos brincando.  Sento no meu canto e penso em Bran, não sei o que me deu para agir daquela forma. Parecia ciúmes,  mas ele é só amigo. Não entendo mais minhas emoções,  elas estão me traindo e brincando com a minha cara.
Depois das aulas resolvo esperar até a hora de ir para a casa da minha tia no quarto lendo o livro Orgulho e Preconceito que minha avó me deu.
Quando eu ouço alguém batendo na porta.
Eu abro a porta e encontro Anne do outro lado.
-Que foi?
-Vim ver como você está. Nem almoçar você foi Alice.
-Eu estou sem fome hoje.
O que era mentira.
-Tudo isso por causa de uma cadeira?
Ela fala segurando o riso.
-Você veio rir da minha cara?
-Não. Ela fala entrando. 
-O que é então?
-Vim saber se você já sabe se vai ficar no feriado. 
-Vou. E por acaso posso levar visita para o jantar?  Falo sorrindo, me lembrando que a Bárbara vem me ver.
-Visita? Anne fala enquanto folheia meu livro.
-Sim. Minha amiga Bárbara vai vim passar o feriado comigo. 
-Que legal! Anne fala animada. -Ela será super bem-vinda!
-Que bom. Obrigada Anne.
-Vou indo falar com o Dilan sobre isso.
Ela passa me dando um beijinho na bochecha e fecha a porta.
Agora, partiu ser babá.  ARGH

O Amor não é CegoOnde histórias criam vida. Descubra agora