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Sempre detestei ficar nervosa, porque automaticamente minhas lindas unhas pousavam em meus dentes e não saíam mais de lá.  Mas como não ficar nervosa dentro daquele ônibus, com Bran sentado ao meu lado esperando para conhecer minha tia. SIM. MINHA TIA. Ah e meu primo. SIM. AQUELE MONSTRINHO.  Eu vou pular da janela em 3...2...
-Você está bem Alice? 
O QUE? SE EU ESTOU BEM? EU ESTOU MORRENDO!
-Estou bem. Por que não estaria?
-Você está super calada Alice, o que não é tão normal assim.
-Eei.  Eu sei ficar calada.
-Descobri, mas é sério, dá pra ouvir seus dentes trabalhando com suas unhas. Nunca ouvi você fazendo isso.
TALVEZ SEJA PORQUE EU NUNCA PRECISEI APRESENTAR VOCÊ PARA MINHA TIA. Mas claro que não falo isso, o que eu falo é
-Ta tudo bem Bran.
Mas acho que falei mais para mim mesma aquilo.
Sinto os dedos geladinho de Bran deslizando por meu braço e depois por meu ombro até todo seu braço estar ao redor de meu ombro, me aconchegando à ele. E mais uma vez, ali eu sinto que posso confiar nele, que tem alguém que realmente gosta de mim e não sei o que fazer quantos à isso.
O ônibus para e percebo que chegamos ao nosso destino, mas diferente de como eu me sentia à algumas horas atrás, agora me sinto mais segura.
-Chegamos Bran.
-Ah sim. Ele fala alegremente, tirando os braços ao redor de mim e preparando sua muleta. Ele levanta e eu vou atrás dele.
Quando descemos do ônibus eu seguro o braço de Bran para guiá-lo entre os banquinhos de pedra no caminho até a frente da casa de tia Jenn.
-Chegamos.
Solto o braço de Bran para apertar a campanhia e enquanto esperamos tia Jenn, Bran chega mais próximo à mim e sussurra ao meu ouvido fazendo-me derreter um pouco mais.
-Sei que você está nervosa por me apresentar à sua tia, Alice. Talvez ainda mais porcausa do meu probleminha aqui. Ele fala tentando direcionar o dedo indicador aos seus óculos. -Mas quero que você saiba que eu não estaria aqui para te atrapalhar, se eu estou aqui Alice é porque eu sei que você precisa de um apoio para apoiar sua tia.
Meus dedos, sem que eu possa impedir vão à sua face e acaricia cada milímetro de pele ali, até que cheguem ao seus óculos e lentamente tirando-os para poderem  revelar os olhos mais prateados e brilhantes. 
-Não vejo problema nenhum aqui Bran. Eu digo num suspiro.
A porta se escancara ao nosso lado e uma tia Jenn sorridente para ao nosso lado transformando seu sorriso em algo malicioso.
Minhas mãos voltam ao lugar, esquecendo de colocar os óculos de Bran de volta, mas ele o faz rapidamente. 
-Ah, oi tia Jenn. Falo, crendo que minhas bochechas estão da cor rubra.
-Atrapalho?  Minha tia pergunta alargando o sorriso. 
-Er. .. não. Tia. Este é o Bran e Bran está é tia Jenn.
-Muito prazer. Bran fala alegremente,  claramente tentando disfarçar que suas bochechas estão rubras como a minha. Ele estica a mão para apertar a da minha tia, mas a direção não sai tão correta. Minha tia finge não perceber, pois eu já havia lhe contado da deficiência visual de Bran.
-O prazer é meu Bran. Sou Jenn. Vamos subindo.
Subimos, nos espremendo contra a parede.
Quando chegamos à sala principal, cabelos loiros aparecem correndo e abraçam minha cintura num impulso tão grande que tive que me sustentar na parede atrás de mim.
-Alice do país das maravilhas chegou! Artur grita  da minha cintura. 
Ouço um chiado de uma risada de Bran atrás de mim.
-Bran! Repreendo-o, mas achando graça da cara dele prendendo a gargalhada. 
Artur se afasta, notando que tem mais alguém na sala. Os olhos imensos de Artur analisam Bran dos pés à cabeça e o silêncio que pesa na sala deixa claramente Bran constrangido. 
Tia Jenn dá uma risadinha da situação e se agacha para falar com Artur.
-Artur,  este é o Bran. Amigo da Alice. 
-Oi Artur. É um prazer. Bran dá um tchauzinho na direção  da voz da tia Jenn.
Artur continua analisando Bran.
-Hum.  Oi. Por que você está usando óculos dentro de casa?
-Oh! Minha tia grita surpresa.
-Artur! Eu Repreendo.
E do silêncio constrangedor a gargalhada de Bran enche a sala de estar. Olho para ele surpresa e vejo o quanto ele se divertiu pelo comentário de Artur.
-Sou cego Artur.
Artur arregala tanto os olhos que por um segundo achei que suas sobrancelhas fossem chegar aos seus cachos loiros.
-Você não enxerga?
-Artur! Tia Jenn está claramente à procura de um buraco para se afundar.
-Está tudo bem Sra.Jenn. Bran fala, ainda se divertindo obviamente.
-Oh Bran, por favor. Só Jenn.
-Por que você é cego? Posso ver seus olhos?
Bran está tão divertido com a situação que me sinto mais tranquila e ainda consigo sentir a graça do momento. 
-Preparei um jantar para vocês, mas infelizmente já tenho que ir para o trabalho. Tudo bem Alice?
-Claro tia. Pode deixar.
-Vou tentar chegar mais cedo.
-Er.... tia. Dou uma olhadela para Bran e quando vejo seu lindo sorriso direcionado à mim, minha confiança se estabelece. -Quero falar com você quando voltar.
Tia Jenn me olha aterrorizada. 
Sorrio para ela e ela se alivia.
-Não é nada demais tia. Não se preocupe.
-Ok. Foi um enorme prazer te conhecer Bran. Por favor, fique à vontade.
Ela se abaixa para plantar um beijo no rosto de Artur.
-Se comporte mocinho, sei que obedecer uma pessoa já é difícil para você, mas agora quero que você obedeça essas duas. Tia Jenn sorri para mim e para Bran. -E por favor Alice. Segura a língua deste garoto. Bran, me desculpe desde já por qualquer coisa constrangedora que ele perguntar,  pode chamar a atenção dele.
Bran dá uma risada.
-Está tudo ótimo Sra... quer dizer Jenn.
-Ótimo.
Tia Jenn passa ao meu lado para sair e sussurra. -Pode ficar à vontade com o Bran Alice. E sai sorrindo maliciosamente. 
Fico vermelha. Sabia que não ía ser uma boa esta apresentação.
-Ela disse o que eu acho  que ela disse? Bran pergunta em um sussurro para mim. Viro para olha-lo e me deparo com seu sorrisinho malicioso.
-Não. Dou um tapa em seu braço e ele dá uma gargalhada. 
-Artur? Bran fala.
-Oi. Artur responde ainda sem piscar. Estou começando a me perguntar se ele piscou depois que viu Bran.  É.  Acho que Bran causa esse efeito em todos mesmo.
-Em que direção é a mesa de jantar?
-Humm..Artur levanta os dedinhos para fazer una cálculo -Quinze passos à esquerda.
-Então que tal apostarmos uma corrida até lá?
-Sério? Artur grita. -Sim.
-Valendo! Bran grita e sai correndo perdido pela casa minúscula. Artur sai na frente rindo e percebo tarde demais que estou presa com duas crianças.

O Amor não é CegoOnde histórias criam vida. Descubra agora