Estávamos deitados, eu estava nos braços dele.
- Sabe, eu sempre imaginei essa cena antes de dormir desde que te conheci. – digo e ele apenas sorrir – claro não desse mesmo jeito, mas parecido.
- Mas agora é real
- É eu sei, mas David, por que houve tudo aquilo? Tudo o que você me disse...
- Era difícil pra mim Fer.
- Como assim? – pergunto
- Nossa amizade sempre foi forte desde que nos conhecemos isso qualquer um podia ver, você me apoiou nos meus piores momentos. Eu.... Eu também comecei a gostar de você Fer, naquele tempo eu não sabia o que era direito, mas não conseguia ficar longe de você por muito tempo, eu achava que era porque éramos melhores amigos, mas aquilo foi ficando mais forte, eu percebi que estava gostando de você de outra forma e chegou naquele dia que você me contou que gostava de mim... Fer eu sempre gostei de garotas, saber que aquilo que eu estava sentindo por você era recíproco foi um choque, eu não sabia o que falar. – Ele faz um intervalo para me observar – Eu pensei muito em te ligar naquele dia, mas não sabia como você estava, nem como iria reagir. Então eu decidi esconder o sentimento, pensei que talvez passasse, até voltei com a Karen. Eu sei que falei algumas coisas horríveis, me arrependo muito disso. No acampamento... Eu não estava totalmente bêbado, eu queria mesmo te beijar, eu precisava daquele beijo. Eu sei que falei que foi um erro, mas era porque eu mesmo não queria acreditar que estava gostando de você. No final da aula eu ia te procurar e contar toda a verdade, mas não te encontrei na sala, te procurei por todo o colégio até que ouvi uns gritos, segui o som e te encontrei, mas você não estava sozinho, o Cleiton estava te batendo e você parecia que já estava inconsciente. Empurrei o Cleiton de um jeito em que ele bateu a cabeça em uma pilastra que estava perto e os outros amigos dele correram. Você estava desmaiado, não sabia se estava vivo, eu não podia perder a pessoa que me amava de verdade, me desesperei por um momento, mas vi que aquilo não ia ajudar em nada então peguei seu celular e liguei para sua mãe. Ela demorou um pouco mas quando apareceu já veio com uma ambulância, eu não descansei até saber que você ia sair bem de lá. Passei cada minuto que tinha depois das aulas ao seu lado, eu até cheguei a falar com você – eu já sabia disso. – Afonso me contou porque você estava brigando com o Cleiton, disse que em parte era por ele, mas que você só se descontrolou mesmo quando ele ameaçou fazer a mesma coisa comigo. – só confirmei com a cabeça - Não tínhamos nada Fer, mas mesmo assim você me deu uma prova de amor... – Ele estava lagrimando – Eu continuei ao seu lado no hospital, o máximo de tempo que podia ficar. Até hoje, eu não tinha certeza se você iria querer me ver depois que acordasse, mas precisava correr esse risco, eu estava indo para o hospital quando nos encontramos no estacionamento, o resto você já sabe. Me desculpa por esconder meus sentimentos Fer, eu simplesmente não sabia direito o que fazer em relação a eles.
Beijo ele
- tudo bem, tudo bem. Estamos aqui, juntos... – digo
Ele fica um pouco mais calmo.
- Tenho um presente. – e tirou uma caixinha do bolso. Eu abri e lá havia um colar com uma espécie de símbolo como medalha só que faltava a outra parte. – Eu tenho um igual – mostrando que já estava usando o dele. – Juntas elas formam uma runa que na saga Instrumentos Mortais, significa um elo de amizade, de ligação. Essas runas são usadas por Parabatais, parceiros que lutam juntos suas vidas inteiras, protegem um ao outro – diz se levantando e me levantando para colocar o colar em mim – e no juramento desses dois parceiros, eles dizem:
“Para onde ires, eu irei.
Onde morreres, eu morrerei e lá serei enterrado.
O anjo o fez para mim, mas também
Nada senão a morte partirá a mim e a ti”
- É claro que Parabatais não podem ter qualquer envolvimento amoroso, mas acho que podemos passar por cima dessa regra.
- É lindo David.
- Achei que fosse gostar. – e me beija.
Já era tarde
- Preciso ir Fer – ele disse
- Ah... não pode ficar mais um pouco.
- Não, eu ainda preciso resolver algumas coisas.
- Tudo bem, te levo até a porta.
Estávamos descendo as escadas, vi que as meninas já tinham ido e só sobrava meus pais na sala. Minha mãe olhou para o David que estava com um sorriso de orelha a orelha.
- E então – ela pergunta. Ele apenas continuou sorrindo e entrelaçou seus dedos nos meus.
- Como assim? – pergunto – Mamãe sabia?
- Sim, eu falei com ela antes. Quis fazer tudo do jeito certo. – ele respondeu, eu dei um sorriso de surpresa.
- Venham os dois aqui. – Ela disse e apontou para o sofá. Sentamos. - Vocês sabem que damos total apoio. – concordamos com a cabeça. - Sabemos que com essa sociedade onde parte da população é preconceituosa, vocês podem chegar a sofrer, não queria usar essa palavra mas é a única que veio em mente. Isso pode acontecer, mas tenho certeza que podem se proteger e com o amor que um sente pelo outro, vocês conseguem.
- Vou fazer seu filho muito feliz senhora – David diz, ele olha para mim e segura o colar. Levo ele até a porta e ele me dá um selinho de adeus.
Volto para a sala, meus pais me olham por alguns segundos e avisam que vão dormir, digo que vou fazer o mesmo e subo.
Eu finalmente estava com o cara que eu queria, meus pais sabiam e me apoiavam
- Melhor dia de todos
***
Me levantei super animado para estar com o David e minhas amigas de novo. Levantei, fui pro banho, me vesti, tomei café e aceitei a carona da minha mãe até o colégio. Quando eu cheguei lá todos me olhavam, eu já esperava por isso embora fosse um olhar diferente daquele quando descobriram que eu era gay, mesmo assim me deixava constrangido. Quando cheguei na sala, os mesmos olhares me seguiam mas foi só por um momento, a maioria depois veio me abraçar e vir falar comigo. Estava quase para tocar o sinal de entrada e nenhum deles (David, Fabi, Rayssa, Samantha) tinham chegado eu já estava preocupado. O sinal tocou e eu já tinha me conformado que eles não apareciam, mas logo apareceram, todos juntos.
- Oi Fer – Samantha
- Por que não estava em casa? – Rayssa
- Íamos vir com você – Fabi
- Bom dia amor – David me dá um beijo, na hora a sala toda começa a gritar e tudo mais.
- E que dia hein – sorrio pra ele. Era bom ter o nosso grupo reunido.
A cada aula, os professores me desejam tudo de bom e faziam um pequeno discurso de como eu fui corajoso em relação a tudo que sofri.
Nos reunimos em uma mesa no refeitório na hora do intervalo e começamos a falar sobre ontem.
Contamos tudo o que tinha acontecido.
- É engraçado né – disse a Samantha
- O quê? – pergunto.
- Tudo isso que aconteceu, Cleiton, vocês – disse ela – Foi tudo por causa daquele vídeo.
Eu ainda não tinha parado para pensar nisso, na verdade tinha meio esquecido mas era verdade, tudo aquilo, as coisas boas e as ruins, eram por causa do vídeo e eu ainda precisava descobrir quem era o responsável.

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Seja meu?
RomancePÁGINA DO FACEBOOK: https://www.facebook.com/sejameuu Fernando é um menino de 17 anos e que assim como todos adolescentes, está passando por uma fase de conhecer a si próprio. Sua vida corre normal até que na volta das férias um garoto chamado Davi...