Não pertencente

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" A fome alimenta o poder"

O mundo está se afogando e os demônios estão assistindo, eles estão ao redor do mundo olhando e influenciando, mas eles não são seres e nem entidades, eles são escolhas e pensamentos.






AVISO⚠️

Esta obra pode conter alguns gatilhos para pessoas sensíveis aos temas:

Violência física;
Violência verbal;
Violência Sexual;
Assédio;
Homofobia;
Morte.

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Em nenhum momento essa história procura romantizar ou normalizar qualquer tipo de violência, bullying ou preconceito. Nem ao menos encorajar ou menosprezar algumas dessas coisas. Violência e preconceito são crimes e devem ser reportados como tal.

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Todos os lugares, nomes e situações são fictícias, o período histórico onde a história se passa também é um período fictício, com alguns elementos da era medieval.

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CAPÍTULO 1

O vento traz as notícias.

O cheiro da terra molhada ocasionada pela chuva avisava que o inverno estava se aproximando, as pessoas corriam para um lado e para o outro comprando lençóis grossos e roupas grossas, tudo isso para se protegerem da temível neve que estava quase a porta, compravam as coisas com quase lágrimas nos olhos, o único dinheiro que tinham para comprar comida tinha que ser sacrificado para comprar agasalhos, dependiam da caça que dificilmente era bem sucedida.

Eu devia agradecer por não está na situação deles, mas eu não era grata, não grata do porque eu não era uma igual a eles, eu devia ser pior do que eles, pelo menos eles tinham Classes, eu era uma ninguém, uma nascida Sem Classe, meus pais biológico eram Lazulis e eu deveria ter nascido Lazuli também, mas não foi isso que aconteceu, eu nasci sem nenhuma marca Lazuli e por isso meus pais me abandonaram e eu fui adotada por pessoas que eram iguais a mim.

Pessoas iguais a mim a princípio existiam poucas, era muito raro alguém nascer sem marcas de alguma Classe, mas depois da guerra nada era impossível de acontecer, então pessoas Sem Classe foram se tornando mais comum, os Sem Classes se multiplicavam e criavam suas famílias, muitos adolescentes e adultos não sobreviviam muito tempo, ninguém queria contratar Sem Classes e ninguém queria falar com um Sem Classes.

As crianças ainda tinham sorte de serem fofas e receberem esmolas, mas os adultos e adolescentes acabavam morrendo de fome ou se suicidando, era uma triste realidade desse mundo horroroso. Era considerado muita sorte quando algum senhor Cobre escravizava um Sem Classe.

Posso dizer que tenho sorte de ser adotada por uma família de melhores condições, mas era repulsivamente desconfortável usufruir da melhoria dadas as condições e os sacrifícios que ela trazia. Não podia me alegrar com aquilo, não podia concordar com aqueles métodos.

Me faço sempre a pergunta de o porquê eu ter nascido com marcas pretas, porque Âncora me criara daquela forma, e o que ele tem planejado para mim, se eu tivesse nascido com marcas azuis não precisaria passar por tudo que estou passando, ou se eu tivesse nascido sem nenhuma marca igual a minha família adotiva... eu me sentiria menos deslocada, sinto como se não pertencesse a lugar nenhum.

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