Destinados

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Foram os 4 meses mais difíceis da minha vida, foram trabalhosos e cansativos, Levitã era um ótimo lutador e não mediu esforços para me tornar uma ótima lutadora também, isso me custou alguns ossos quebrados que foram imediatamente reparados por Levitã.

Ossos que eu quebrei quando teimava em escalar montanhas e árvores, claro que Levitã não sabia até o momento em que eu aparecia gritando e chorando. Mas graças a minha insistência, eu comecei a ficar muito boa, fiquei mais forte, ganhei um pouco de massa muscular, mas meus braços continuavam finos e femininos, passava a impressão de que eu era fraca, seria subestimada, e teria uma chance caso acontecesse alguma coisa, teria o elemento da surpresa.

O meu corpo mudou bastante, a minha bunda aumentou, a minha cintura afinou e as minhas coxas ganharam uma forma mais desejável, eu ganhei peso e parecia saudável.

A manhã estava agradável, abri as janelas do meu quarto e deixei que a brisa fria do verão entrasse. Eu estava animada, hoje iríamos encontrar o Vurex ancião e eu saberia da verdade, finalmente. Eu não conseguia conter a minha alegria e muito menos esconder o sorriso que estava estampado no meu rosto, eu me sentia mais saudável, mais animada e disposta a fazer as coisas.

Eu estava mais forte, ganhei de Levitã algumas vezes, mas ele não quer admitir isso. O nosso relacionamento está um pouco estranho, esses quatro meses serviram para eu perceber que eu gostava dele sim, que me sentia segura, mas o meu ego não deixava que as palavras saíssem da minha garganta, o ego não deixava que eu admitisse aquilo para ele.

Mas eu queria, queria muito contar, mas eu nunca achei o momento certo. Ele não perde o tempo de sempre me provocar, e eu via que por trás das brincadeiras havia verdade e um olhar sofredor, ele me queria e queria que eu dissesse que também o desejava, e me doía não conseguir dizer.

Mas eu logo iria partir, ter uma vida simples e morrer tranquila, e ele iria lutar contra Nunzio pelo trono, não queria ficar no meio disso. Nunca daríamos certo.






Aquele incrível barco ainda me deixava sem fôlego.

Como da primeira vez, nos afastamos do barco e montamos em um Vurex para encontrar o ancião, eu não sabia se estávamos no mesmo lugar, o oceano era todo igual, mas Levitã parecia estar certo de tudo. Achamos a caverna, achamos o ancião. Eu abri a minha boca para anunciar a minha chegada, mas o ancião se adiantou e falou primeiro do que eu:

- Garota abençoada! É um prazer revê-la- Era do jeito que eu lembrava, a voz firme e amedrontadora ecoando pelas paredes da caverna, me fazendo estremecer, e fazendo o meu coração acelerar, os segundos não ajudavam a acalmar os meus nervos, a verdade... eu saberia!

- Eu sou a esposa?!- Fui direta, não queria rodeios, queria a verdade, sólida.

- Desculpe decepcioná-la, mas você não é a esposa.- A notícia se chocou contra minha mente como uma martelada, parecia que alguém tinha jogado um balde de água fria em mim, eu não disse nada, não chorei, não me desabei, Levitã me ensinou a controlar as minhas emoções e eu treinei durante aqueles quatro meses para obter esse resultado, e consegui me controlar, conseguir ficar de pé. Mas não consegui disfarçar minha expressão que dizia que eu estava acabada.

- Eu não sou ninguém!- Foi a única frase que eu consegui dizer, não... que consegui sussurrar.

- Garota abençoada, você não é a esposa, você é a filha de Âncora! A esposa depende do sexo do filho, os livros estão equivocados , a filha de Âncora salvará o mundo, ao lado de seu esposo! Quando vencerem a guerra darão a luz a um Adamantis! Dessa vez é assim.

- Eu sou o esposo?!- Levitã perguntou, eu estava tão chocada que tinha esquecido dele.

- Sim! Estou indo, já sabem tudo que posso contar.- Antes do Vurex sumir eu perguntei sobre o rei.
- O rei, onde ele está?

Sem ClasseOnde histórias criam vida. Descubra agora