Sem Classe

Homem Obsidiana

"Você vai morrer!" Aquela era a frase que martelava em minha cabeça enquanto estava embaixo d'água, e elas se repetiram quando eu vi claramente aquele bicho vindo em minha direção.

Eu estava longe demais da superfície, aquele bicho já estava muito perto, era tarde demais para tentar alguma coisa. Eu não podia fazer mais nada. Então fechei os olhos e esperei que aquele bicho me devorasse, e aquele bicho me engoliu.

Fui engolida e não devorada, cheguei no estômago daquele bicho inteira, o estômago daquela coisa brilhava, eu conseguia ver tudo e esse é o mais estranho, eu estava em pé dentro da barriga daquele monstro, tinha água até os meus joelhos, não era suco gástrico ou qualquer outra coisa do tipo, era água, a mesma água do mar estava dentro daquela coisa, parecia que eu estava em uma caverna, uma caverna rosa, o cheiro era estranho, aquele lugar tinha cheiro de lama.

Eu não dei mais que três passos e uma voz me fez parar, congelar na verdade, aquele animal estava falando comigo, a cada palavra eu sentia todas as paredes e o chão em que eu estava em pé reverberar:

- Não conte a eles, não fale que eu a deixei viva! Eles vão usá-la... pobre garota, pobre e abençoada garota!

- Que merda é essa? Quem é você?- Eu olhava em todas as direções, a voz parecia vir de todo lugar

- Por favor garota não confie neles, um homem irá aparecer e ajudá-la, confie nele, não diga que eu falei com você, não diga... não diga, não fale que eu a poupei, descendente do poderoso, seus poderes aparecerão quando aquele homem for te ajudar, ele a deixará mais forte! Se apoia nele, e seja para com Ele! Mas você não pertence a ninguém garota, aceite ajuda, mas trilhe seu caminho, faça suas escolhas, se conheça, você não é obrigada... não é obrigada!- A voz firme e masculina do Vurex continuava ecoando por todas as paredes do seu estômago.

- E... por qual motivo eu confiaria em você?!- Não sei de onde eu tirei coragem para levantar a voz.

- Garota abençoada, não nos faça esperar mais 500 anos por você, confie em mim e conquiste o seu lugar de direito! O que é certo e o que é errado, o que é bom ou ruim não depende de que lado está, mas depende do que tem no seu coração e do que deseja.

Não tive tempo de fazer mais nenhuma pergunta, rapidamente fui cuspida de volta para superfície e cheguei a voar alguns metros acima do mar, pensei que a minha garganta se romperia naquele momento com um grito rasgado que eu dei, caí de costas de volta no mar, era como se eu tivesse caído em cima de uma pedra! Comecei a afundar de novo, não me lembro de mais nada, apenas da escuridão.

Quando acordei já estava no barco Frederick eles me encheram de perguntas, perguntaram o que tinha acontecido e o que houve, o que o Vurex fez comigo. Eu me sentia mal, mas inventei várias mentiras. Mentiras em parte porque eu disse um pouco da verdade.

- Aquele bicho me engoliu, pensei que iria morrer! Mas fui cuspida por algum motivo.

- Eles gostam de brincar com a comida.- O homem da cicatriz disse decepcionado.

E depois de contar essa história percebi que aquele Vurex estava certo, Frederick agora tinha também um semblante decepcionado e irritado, depois que eu terminei de contar a história ele não fez mais nenhuma pergunta, e daquela forma a nossa pequena viagem chegava ao fim.

No caminho, Frederick não me disse mais nada, ele nem olhou para mim, será que isso significava que aquele Vurex tinha toda razão? Frederick só queria me usar para qualquer que fosse o seu plano?

De volta ao Castelo Frederick subiu as escadas e se trancou no seu quarto durante o dia inteiro, eu estava irritada, eu me senti enganada, mesmo que não soubesse o que tudo aquilo significava eu me sentia uma trouxa!