Sem Classe

Mortos-vivos

A mesa estava repleta de comida, um café da manhã completo. Todos nós estávamos em contagem regressiva até o dia da guerra, faltavam oito dias.

Eu me senti um pouco inútil, não era tão inteligente igual Levi e o comandante Lucius, não conseguia acompanhar as conversas dos dois, apenas concordava. Até a princesa Zoana era mais participativa nas reuniões do que eu.

Agora eu estava sentada na presidência da mesa e a princesa Zoana na outra, Levitã e a Líder estavam do meu lado, de frente um para o outro, e do lado de Zoana estava o comandante Lucius e as suas duas amigas, as princesas Farly e Rayca. Ela já aceitaram se juntar a nós nessa causa.

- O nosso exército é pequeno, mas nossos homens são muito bem treinados e com as habilidades e poderes dos Selvagens e das Sereias, podemos ter uma chance de atacar, mas temos que ser estratégicos, tentar ao máximo evitar perdas.- Lucius falava com todos nós.- E temos que encontrar uma maneira de nos protegermos dos poderes das sereias, se elas cantarem para destruir os homens de Nunzio, também iriam afetar os nossos homens.

- Meu povo não é afetado pelo canto delas, é como se o nosso ouvido não escutasse o som que elas fazem.- A Líder tomou a palavra.- Talvez a Ayanna possa transformar os ouvidos de todo nosso exército, igual ela transformou os nossos no de vocês.

- Acha que consegue amor?- Levitã me perguntou. Em resposta transformei a orelha dele.

- Então é um problema a menos, mas a quantidade ainda me preocupa, talvez Nunzio nos subestime e traga poucos homens, ou talvez ele traga centenas de milhares.- O comandante bebeu um gole da sua taça de vinho.- Não temos como prever.

- É por isso- Zoana entrou na conversa.- que eu falei com você Ayanna sobre o pântano de Gandbam. Na verdade eu disse que ia falar agora.

- Lembro, você disse que tinha uma coisa lá que poderia nos ajudar.- Me pergunto o que tem naquele pântano mortal.

- Sim, em algum lugar do pântano, existe uma entrada que todos imaginam que seja uma caverna, é para lá que todas as pessoas que tentaram entrar no pântano vão quando acaba morrendo.

- Por que isso não se interessa? Vá direto ao ponto.- A Líder interrompeu Zoana. Ela parecia incomodada.

- As almas das pessoas ficam presas nos ossos e não conseguem sair do pântano para encontrar o seu juízo. O lugar é guardado por Bann, o senhor dos mortos, o que eu quero dizer é que se a Ayanna entrar no pântano, conseguir sobreviver, achar a caverna e encontrar Bann, ele irá conceder um desejo, e ela pode pedir para ele nos dar um exército de mortos-vivos.

- O que?!- A Líder se espantou.- Quer mandar Ayanna para aquela terra sem lei?

- Não!- Agora quem estava discordando era Levitã.- Você sabe que nem o tempo funciona naquele lugar, ela pode entrar e voltar em uma hora, ou em um dia, ou em um ano!

- A única que parece ter chances aqui é ela.- A princesa Farly declarou, ela era uma mulher de pele escura, cabelos cacheados e olhos grandes, e ela estava olhando para mim com aqueles olhos castanhos, eu me senti motivada a ir.

Se o número de homens era um problema e se existia uma pequena chance de aumentar o nosso exército, então a resposta era: "Sim"

- Não podemos simplesmente mandar Ayanna para lá na esperança de que essa lenda seja verdade.- A Líder gesticulava abrindo os braços e arqueando a sobrancelhas como se o que estava dizendo era óbvio.

- Não é uma lenda, você sabe, você com certeza já escutou dos seus pais essa história.- Zoana disse para a Líder com raiva.

- Eu posso ter escutado, mas eu nunca vi e os meus pais também não viram.- A Líder respondeu também com raiva.